terça-feira, 25 de novembro de 2014

Istambul - 25 de NovembrO



Não sei se por ironia, se por memórias do passado, o nome da Cidade de Istambul figura como título da Convenção Europeia contra a violência sobre as mulheres. Digo ironia não porque creia que o povo turco tenha uma apetência especial para a agressão sobre o sexo feminino, mas porque segundo a mesma convenção a igualdade de facto e de jure é condição essencial para a eliminação do fenómeno da violência de género e, contudo chocam directamente com as palavras do Presidente Recip Erdogan, que ainda há dias afirmou serem homens e mulheres criados diferentes e que existem profissões que as mulheres não deveriam desempenhar, contrariamente ao que existia naquilo a que chamou a violência nos países socialistas. Penso que está tudo dito sobre a postura das autoridades turcas e da resposta que mereceriam da comunidade internacional, caso a comunidade internacional tivesse um pingo de vergonha na cara, não tem! disse por memórias do passado porque como todos sabemos, Istambul, então Constantinopla foi berço e casa de uma mulher que pese embora a sua má memória, se impôs como a força de autoridade local, chegando a impor também péla violência a sua vontade, ONE talvez houvesse a intenção de celebrar uma mulher de força.
Na realidade e infelizmente a escolha deve-se mais à pusilânime incapacidade de denunciar as posturas pouco consentâneas com a igualdade, quer de países ocidentais ditos industrializados, quer dos seus mais directos aliados, que podem receber cimeiras e conferências, dar nomes a documentos, que depois desrespeitam descaradamente.
A igualdade e a luta contra a violência contra as mulheres é parte de uma luta emancipadora da humanidade e enquanto não tiverem oportunidades iguais e reconhecimento social igual jamais se acabará com este flagelo, fruto do direito de propriedade em relação a outro ser humano. Nem Recip nem Teodoro, apenas seres humanos iguais em direitos, deveria ser isso que este dia internacional deveria relembrar.
(Por não apreciar Pão e Circo, não vou pronunciar-me sobre o Ex.Primeiro Ministro até existirem motivos muito claros)

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Como esperado


Bem pode Alicia Sanchez-Camacho ou também Llanos de Luna, Cospedal, Saenz de Santamaria, vituperarem sobre o significado da participação na consulta.  Uma ou todas elas dizerem que não há garantias democráticas, validação oficial, todo isso e muito mais. Bem pode o M. Rajoy dizer que nada mudou etc. e tal.
Se não há garantias democráticas, constitucionais ou outras a responsabilidade é do Governo de Madrid que não deixou que as consulta tivesse sido um referendo com todas as garantias.
Por isso mesmo mais de dois milhões de catalães numa consulta, leia-se tantos quanto nas eleições europeias é um resultado impressionante. Só mostra um fortíssimo desejo de escolher.
Os resultados de mais de 80% favoráveis  à independência são esses por aí mais enganadores pois não só os que se opõem à consulta não foram votar, como alguns que numa votação sem vínculo votam mais descontraídos, poderiam não o fazer se o resultado fosse vinculante.
No entanto nada esconde que existe um desejo independentista que é aparente maioritário. Que vai fazer Madrid? Esconder a cabeça na areia? Persistir em dizer que a maioria dos catalães não querem a independência sem os escutar? Propor algum tipo de concertação, agora numa situação de fraqueza? Isto era esperado agora a situação de inconsciência de PP, UPyD, Ciutadans, acabam por empurrar a Espanha para o estilhaçar estrondoso.

(A imagem que utilizo é do El Periódico, utilizei-a pela força que tem quanto à representação da vontade de participação do povo da Catalunha, espero que não levem a mal)

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A "sociedade das Nações" - segundo Angela Merkl



Sendo uma adepta do capitalismo, quanto mais feroz melhor - na sua forma mais conseguida costuma ter outro nome-, a Senhora Bundeskanzeler é apologista de uma sociedade estratificada em classes, onde uns estão destinados a realizar o seu potêncial intelectual - mas não social, apenas para o mercantilizar - e os outros têm por missão neste mundo servir os primeiros.
Primeiro que tudo é necessário impor estas condições dentro do seu próprio país, assegurando que os à partida mais desfavorecidos se resignem a ser desabilitados educacional e culturalmente também.
Assegurado isto, teremos de espalhar este princípio pelos países dominados. É consabido que os países de sul possuem populações de menores capacidades intelectuais. É assim necessário definir à partida que terão de existir percentagens mais pequenas dos que ascenderão aà educação e ensino superior. Por ordem de grau civilizacional existirão os que deverão formar essencialmente técnicos, paragarandir a operacionalidade do sistema, os que deverão fornecer operários e demais pessoal servente e ainda os que têm por destino fornecerem animadores, acompanhantes, prostitutas, gigolôs e a restante sorte de criaturas mercantilizadas para a satisfação dos mais impróprios desejos dos seus amos - a própria etimologia da palavra demonstra quais o que dão bons escravos.
A sociedade assim constituída dará naturalmente aos povos destinados a governar e a ditar as regras aquilo que é naturalmente seu, hierarquizando, sem nunca excluir pois existem notórias excepções - ditas em tempos "créditos ãà sua raça" - todos os outros povos de acordo com as suas características e habilitação natural.
As palavras da Sra. Merkl, não sendo estas traduzem isto mesmo, pois não é concebível que se defenda terem muitos licenciados países que os têm muito menos per cápita do Alemanha, se não for a hierarquia de povos e nações o pensamento que lhes está subjacente. Lembrou-lhe alguma coisa?... Olhe! Não é mera coincidência.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Publicidade Enganosa

A Orbital Sciences viu explodir o seu foguetão Antares que transportava a nave Cignus para a Estação Orbital Internacional.
A NASA perdeu assim um reabastecimento para os seus astronautas. O fim do seu projecto espacial colocou-a na dependência de empresas privadas pagas regiamente para desenvolver as naves e os motores que a Agência Espacial Norte-americana já não desenvolve.
O desenvolvimento e pesquisa privados resultam melhor, aliás o fogetão Antares era prova disso. Desenvolvido em tempo recorde, potência de lançamento muito grande, um grande feito do investimento público no desenvolvimento privado e... No bolso dos patrões.
Escândalo! um motor rebentou! Imediatamente se soube que a "má qualidade" era soviética! Os motores tinham sido importados da Ucrânia... Só podia. Até darem problema ninguém sabia que não eram made In USA e de perfeita concepção.
Escândalo maior! Eram das décadas de 60 e 70 do século XX, quando o socialismo produzia apenas tecnologia de muito baixa qualidade, como então todos os arautos do US way of life garantiam. Admira é como ainda funcionavam e até eram elogiados enquanto passavam por produto do engenho e empreendedorismo privado.
Agora gritam era velho e soviético, mas até aqui serviam bem para ganhar bom dinheiro esbulhando a União e os contribuintes a nível Federal e, de caminho enganar os incautos.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Perante as Declarações do Presidente da CML

Perante as declarações do Sr. Presidente António Costa de que não existem soluções para as inundações na cidade de Lisboa, sugeria que a Câmara fizesse sair uma nota de imprensa no seguinte teor:
"A CML recomenda o uso de impermeáveis, galochas, chapéus de marinheiro, desentupidores de borracha. Recomenda ainda aulas de natação e aquisição de aquários para acorrer aos inúmeros peixes trazidos para a via pública pelo temporal.
O Sr. Presidente da Câmara está já em negociações com o Museu da Marinha, Oceanário de Lisboa, Aquário Vasco da Gama e Jardim Zoológico para a construção de uma Arca de Noé."

terça-feira, 30 de setembro de 2014

de passos...de costas..e de outras amostras!


Fiquei uns diazinhos com os pés na água, ao contrário do que desejava essa sumidade da do engenho empresarial nacional, nos quais me abstive de perorar as minhas opiniões sobre os cataclismas da vida nacional e internacional.Mas na verdade foram tantos que é imperativo proceder à análise dos mesmos.
Andava nossa parvónia entretida sobre a maior ou menor bonomia dos candidatos a primeiro cabeça de Lista do circulo eleitoral de Lisboa - sim, porque na nossa legislação candidatos a Primeiro Ministro não existem - debatendo quem insultava mais, se mostrava mais ressabiado, capaz de fazer aparecer como qualidade a capacidade de passar rasteiras, sem ser no Judo ou na Capoeira, eis senão quando a Tecnoforma resolveu prestar mais uma visita ao Coelhinho, e não foi uma ida com o Pai natal a lado nenhum, pese embora palhacinhos e Circo não faltasse.
A actuação, "passe por entre pingos de chuva" foi fraca, mas foi servindo para marcar o passo. Era em exclusivo deputado? Se era como recebeu da Tecnoforma? Não recebeu? Então e as tais ajudas de custo? Eram compatíveis com a exclusividade? Se não, como se pede um subsídio de reintegração?
as mão pelos pés, os esquecimentos financeiros, as manobras da secretaria geral da AR e finalmente o personagem de Belém na sua actuação, deixaram tudo menos transparente e com uma atmosfera irrespirável se é que existia ainda espaço para respirar.
Veremos se apesar de todas as tentativas mal cozinhadas a dita ainda não volta para mais uma visitinha.
Entretanto, pugnando seguramente pela Paz no Mundo, foi votada qualquer coisa para qualquer cargo, pelos que se dispuseram a sufragar elegendo o Presidente da Câmara de Lisboa para esse tal cargo, que asseguro (a palavra é capaz de cair mal) não foi para Rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, que não está vacante... nem para Miss Simpatia, embora reconheça que quando as coisas lhe correm de feição até se comporta à altura....Pior quando não correm...
Não existe efectivamente nos normativos nacionais candidatos a Primeiro Ministro. Isso foi uma invenção dos meios de comunicação social, referindo-se primeiro aos cabeças de lista e posteriormente a secretários gerais de partidos concorrentes a eleições. mas nem isso foi alguma vez garantia que fossem esses e não outros quaisquer os indigitados. Donde a farsa de que foram acusados não é de terem ido abnegadamente votar, a farsa está em que votaram para um cargo inexistente, para o qual os candidatos não apresentaram ideia nem programas, porque nem obviamente deles careciam.
Foi eleito o que melhores ideias propôs? Diferentes do seu oponente? Não porque não as houve. Foi eleito o que um programa de Governo, com medidas concretas para enfrentar a situação em que as políticas seguidas por sucessivos Governos nos colocaram? Não porque não precisavam e porque não podiam apresentar nada diferente do que o seu partido já tinha feito com a assinatura que apôs no Pacto da troika, eufemisticamente chamado de Assistência.
É aí que está a farsa, nos pressupostos erróneos com que a Direcção do Partido Socialista conduziu os seus militantes e os simpatizantes levados pela onda. Nada mais.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Leis inglesas para corporações estrangeiras

Já havia feito a reflexão de todas as ameaças e advertências mais ou menos agressivas que diversas empresas e bancos haviam feito ao povo escocês se este optasse pela independência.
Agora mais achas vêm à fogueira à medida que o assunto vai desaparecendo dos meios de comunicação. 
Os promitentes devolutores de poderes incumpriram já a promessa de uma sessão parlamentar dia 19 de Setembro para anunciar a devolução de poderes. Em lugar disso envolveram-se na questiúncula de fórmulas parlamentares que supostamente serviriam para não provocar desigualdades assimétricas de Escócia em relação à Inglaterra, Irlanda (apenas o norte) e País de Gales, quando na realidade a Inglaterra representa 89 por cento da população e, atente-se, nunca isto levantou problemas ao parlamento britânico de legislar para as restantes nações e, atente-se também, sempre em desfavor destas.
Mas ainda que fosse o caso, o parlamento britânico manteria a prorrogativa de legislar em assuntos económicos, donde as leis a que submetem as empresas multinacionais nas quais se inserem as que se dispunham a fugir da Escócia e se comportaram como caciques a fim de obter "democraticamente" o resultado a que almejavam.
As leis a que ficam ou ficaram então sujeitas são aquelas que foram determinadas de uma forma esmagadora por deputados ingleses e às quais nenhuma oposição das outras partes se poderia considerar eficiente. Leis Britânicas, leia-se Inglesas, para empresas transacionais mesmo se de sede Escocesa.
O resultado do referendo é então o que mais conveio ao capital, e este exulta, resta saber é até quando os povos por medo e incerteza vão fazer o jogo deste.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Agora é que começou


Com o referendo perdido pelo Sim muitos jornais britânicos afirmam a morte do sonho independentista. Erro crasso! Agora tudo começou.
Defendo que tudo começou porque quem conhece a história desta campanha sabe que Westminster prometeu tudo o que havia a prometer excepto a independência. Gordon Brown, David Cameron utilizaram até a expressão: "o melhor dos dois mundos", ou seja, todas as prorrogativas da independência sem os custos desta. E se para a comercial Edimburgo esta promessa resultou para a operária Glasgow nem isso a demoveu e votou Sim.
Acontece que esta promessa não é difícil de cumprir, é impossível. A ser cumprida criaria um desequilíbrio social de tal maneira grande entre a Escócia e o resto do Reino Unido, que qualquer partido que a votasse teria de encarar um catastrófico afundamento eleitoral  em Inglaterra, ora é lá que está a maioria dos deputados e se se pode almejar a ser governo sem a Escócia (os Tories tem apenas 1 deputado por este país), não se pode fazer o mesmo sem a Inglaterra, motivo pelo que o Partido Conservador não tem interesse nesta reforma, como aliás já o disseram os seus deputados, e o Partido Trabalhista também não. Os ganhos Labour na Escócia jamais compensariam as perdas a sul, pelo que este partido está entalado para o futuro. Quanto aos Liberais Democratas, nada os salvará da irrelevância política nas próximas eleições devido à traição aos seus princípios na coligação.
Quando os escoceses que se deixaram convencer por estas promessas, especialmente os que por negócios temiam perder algo, seguramente não se vão resignar com a situação. Irão lamentar a sua opção - a diferença foi de 384 mil votos - e pior vão sentir-se ludibriados e sem possibilidade de volta atrás nos tempos mais próximos...grande receita para um desastre!

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Poluidor ganhador - Utilizador pagador

 
 
 
A iluminada ideia de uma taxação verde tem vindo a ganhar espaço no debate político. Poder-se-ia pensar que se trata de uma ideia explendorosa, taxar quem polui para diminuir as emissões e a pressão sobre os recursos. Porém nada poderia estar mais distante da realidade.
A ideia do Poluidor-pagador, era uma ideia à partida benéfica social e ambientalmente; Quem fabrica, coloca à disposição, utiliza as matérias extraídas no seu ciclo de produção e produz as emissões, teria de ser taxado por isso, taxação essa que obviamente reduzira a sua margem de lucro. O que faz o capital? encontra maneiras de transferir para a sociedade responsabilidades que sobre si impendem, gerando com os seus apaniguados o conceito do Utilizador-pagador, que em nada se relaciona com o original.
À sombra deste conceito permite-se que continuem a ser utilizadas na produção matérias primas escassas, técnologias pouco eficientes, e menor qualidade de produto final, fazendo recaír as taxas do seu funcionamento sobre o utilizador, qua assim fica com um produto pior, mas legalmente permitido e ainda paga taxa das reposições ambientais, salvando os detentores dos meios das responsabilidades que lhes cabiam e protegendo os lucros destes.
Não fazendo a denuncia que se impõe desta situação permite-se o grassar da confusão entre estes dois conceitos, alienando uma parte importante da população da defesa do meio e dos recursos, e não pugnando para que dos lucros, que o não são tratando-se apenas de externalidades sociais e ambientais, saíssem os montantes que de facto são gerados a partir da devastação.

Deixo a transcrição da nota de imprensa do PCP a respeito da "fiscalidade "Verde"" que introduz a algumas destas questões:

“Fiscalidade Verde” - Um novo passo na injustiça fiscal
 
A Proposta da Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde é uma proposta de reafectação da tributação, carregando mais sobre as camadas mais empobrecidas com base na noção falsa de que a taxação dos seus hábitos e actividades têm efeitos ambientais sensíveis. É uma reforma de propaganda e de distracção, na medida em que o País está assolado pelos menores níveis de investimento desde há décadas a esta parte, com os jovens qualificados a abandonarem a economia e a sociedade, com a investigação desvalorizada e com o aparelho produtivo empobrecido.
 
É portanto uma reforma de doutrinação ideológica, baseada numa ampla campanha, que parte dos pressupostos dogmáticos que apontam a taxação como solução praticamente para tudo. Tenta confundir a salvaguarda dos recursos naturais com a taxação. Sob esta lógica quem pode comprar bens ou serviços menos poluentes, paga menos taxa, quem não pode, paga mais.
 
Para justificar esta intenção invoca-se uma suposta neutralidade fiscal que não pretende mais que esconder que uns vão deixar de pagar o que outros passarão a pagar, transferindo receita fiscal para os grandes grupos económicos, de que é exemplo a transferência de 37,5 milhões de euros da Segurança Social por via da redução da TSU das empresas. Nesta proposta está, mais uma vez, impressa a opção de classe deste governo de salvaguardar os interesses dos grandes grupos económicos que entretanto dominam os transportes públicos, a gestão de resíduos, a gestão das águas e águas residuais.
 
Trata-se de uma reforma muito mais classista do que ambiental e usa o ambiente como adorno do que quer introduzir – agravando o desequilíbrio fiscal já existente em Portugal. Desde propor que seja proibido isentar de IVA as entidades públicas de gestão de resíduos para não prejudicar a concorrência com privados, até propor que os cidadãos sejam obrigados a pagar pelos sacos plásticos que compram – ao invés de, por exemplo, proibir a distribuição de sacos não biodegradáveis, até a aceitação da continuação alargamento a toda a indústria extractiva da isenção de consideração dos lucros obtidos na exploração mineira ou petrolífera, desde que reinvestidos na recuperação de jazidas.
 
Pretende reservar os centros nobres das cidades para as elites, introduzindo portagens, sob a capa de resolver o problema dos transportes públicos, enquanto, por outro lado privatiza o transporte público dificultando o acesso e afastando os utentes.
 
Insiste na taxação do carbono que já mostrou ser ineficaz. Quer seja na penalização por aquisição de automóvel, quer seja pela insistência dos mecanismos de mercado nas licenças.
 
Insiste na privatização dos sistemas de abastecimento de água e de resíduos, que não só transformaria o direito universal à água em mercadoria, como retiraria às populações e ao Poder Local qualquer possibilidade de intervenção democrática na sua gestão.
 
Nada aponta para a aposta na produção nacional, e para criação de riqueza como forma de dinamização e financiamento da economia, quando, do ponto de vista ambiental, a aposta na produção nacional é a mais acertada, uma vez que só assim é possível reduzir os circuitos de produção e de distribuição reduzindo impactos ambientais.
 
Em suma, a Proposta da Comissão para a Reforma da Fiscalidade Verde insiste no modelo de desenvolvimento determinado pelas opções da política de direita nos domínios do ambiente, da gestão de recursos naturais e do ordenamento do território promovido pelos sucessivos governos - o da entrega e submissão aos grandes interesses privados.
 
O PCP propõe uma ruptura com a política que está por trás desta proposta, rejeita a mercantilização dos bens ambientais e a diversão ideológica, com que se pretende inverter o onús das verdadeiras responsabilidades de classe na degradação ambiental e fazer reflectir os seus custos exclusivamente nas populações.
 
O PCP defende uma reforma da política fiscal que alivie a carga sobre as classes laboriosas e promova o aumento das receitas e a eficiência do sistema fiscal, através do alargamento da base e do aumento da fiscalização tributárias, da significativa redução dos benefícios fiscais, designadamente no sector financeiro, nomeadamente em sede de IRC, da diminuição do IVA, do combate à evasão e fraude fiscais, offshores, tributação do património mobiliário e dos ganhos bolsistas.
 
Gabinete de Imprensa do PCP

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Se ele fosse Papa excomungava

"El Govern fa front comú contra la possibilitat que se celebri un referèndum sobiranista. El ministre de Justícia, Alberto Ruiz-Gallardón, ha assegurat aquest matí que el seu departament està centrant "tots els esforços" en el "desafiament sobiranista" i ha advertit a Artur Mas que el Govern central frenarà "la setmana que ve" el procés independentista. Per la seva part, el ministre d'Exteriors, José Manuel García Margallo, s'ha atribuït els poders de l'Executiu de Madrid a l'afirmar que no descarta que el Govern de Mariano Rajoy suspengui l'autonomia de Catalunya si la Generalitat segueix endavant amb la seva voluntat de convocar el referèndum d'independència el 9 de novembre."
El Periódico 

Deparando-se com uma vontade mais do que expressa pelos Catalães em votar o seu destino, o Governo de Madrid não só continua por compreender a situação como pensa, seriamente, que é possível fazer as coisas regressarem ao status quo anterior apenas por ameaçar recorrer ao Tribunal Constitucional a fim de suspender a marcação da consulta, mas ameaçando agora também com a suspensão da Autonomia da Região.

O Governo de Mariano Rajoy não compreende que cada ameaça, cada acção repressiva é um passo mais rumo à independência da Catalunha. Nem Mas nem qualquer outro Presidente da Generalitat poderia tomar um outro caminho que não fosse representar a vontade dos catalães e esta já foi mais do que demonstrada nas enormíssimas manifestações de 11 de Setembro de 2012, 2013 e 2014. Pensar que há caminho de regresso é uma quimera que tornará o povo de Catalunha inimigo de Espanha.

Não se sabe se a escolha dos catalães será a independência, mas para o Governo de Rajoy esse parece ser um dado adequirido, por isso esta reacção de verdadeiro desespero. Tampouco o PSOE tem uma resposta porque quer por nunca ter assumido uma postura anterior ao problema, quer por ter retirado do chapéu uma solução que não passasse pelas urnas, colocou-se refém do PP e perdeu capacidade de influenciar qualquer solução o que é muito claro na sua erosão eleitoral.

Mais inteligente foi o Primeiro Ministro Britânico que arriscou numa aposta que considerava segura, que afinal não é tão segura mas que ainda pode ganhar. Se Cameron tivesse recusado e ameaçado seguramente hoje uma parte dos escoceses que irão votar pela União estariam ao lado dos seus compatriotas que optam pela independência. Donde teria já alicerçado a sua derrota futura.

Qualquer atitude inteligente de Rajoy passaria por pactar o referendo, e depois poderia partir para a demagogia e aterrorização dos eleitores tal como fazem os Partidos Britânicos na Escócia. Podem não ganhar, mas não perderão por muito, e além disso deixam caminhos abertos para um relacionamento preveligiado com uma Escócia independente no futuro.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Em Estado de Citius


Quinze dias depois da implementação do Mapa Judiciário, com a redução de comarcas e o encerramento de inúmeros tribunais, nem o pai morre, nem a gente almoça...
O instrumento informático que permitia consultar processos, inserir peças processuais e assim movimentar a justiça um pouquinho mais depressa... Está parado. Diz a ministra que está já a funcionar, mas sobre uma plataforma antiga....diz a ministra que os novos processos podem ser consultados e movimentados...aleluia! Finalmente ao fim de quinze dias, recorrendo a velharias já se pode...e os antigos? 3,5 milhões de processos não consultáveis e cuja a informação electrónica deve ter desaparecido provavelmente para todo o sempre.
Quer dizer que além de tornar a justiça mais cara, mais longínqua e mais demorada, a lídime representante do nosso insigne governo para a justiça consegui fazer regredir o estado da mesma mais de meio século, da mesma forma que o teriam feito um cataclismo ou um conflito armado de grandes proporções.
Em todos os campos este Governo significa retrocessos a pontos impensáveis e, quando se pensava que certos sectores, como a justiça estariam a salvo, eis que o governo consegue espalhar até aí o aura de destruição que vem portando ao longo destes três anos. 
É bom lembrarmos bem isto antes que não reste pedra sobre pedra.

domingo, 14 de setembro de 2014

O V da Diada vista do céu

La V de la Diada, a vista d'ocell: el vídeo de l'ANC



Podem dizer, com alguma razão, que nem todos os que aqui participaram se batem pela independência da Catalunha. Podem dizer, como muitos disseram, que os há ali apenas pelo direito a decidir. Não podem dizer que estavam ali pelo convívio, como também já li, ou que eram tão poucos que tinham partes cobertas com lonas, como diz a Alicia Sanchez Camacho, líder do PP na Catalunha - mas dessa qualquer sandice se espera - Mas que quem lá estava sabia ao que ia e sabia quem tinha convocado esta Diada, a Assembleia Nacional Catalã, organização independentista,sabia. E portanto ou está com a independência ou pelo menos simpatiza com ela.

Não foi convocada pelos partidos da Plataforma pelo direito a decidir. Não foi convocada por nenhuma organização de festivais. Foi organizada e mobilizada pelos independentistas. Quem lá foi sabia-o, não foi lá por mero acaso ou desabafo de alma como querem fazer crer.

Madrid devia reflectir bem isto em vez de apoucar e certos jornais e televisões também.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Estou farto!

Tenho a confessar uma coisa. Estou farto da criatura do Banco Alimentar. Farto da sua hipocrisia, farto da sua pseudo moral, farto da sua actividade nefanda disfarçada de bondade.
Num tempo em que o Estado corta salários e direitos sociais que complementavam o facto de serem muito baixos, aumentam o custo de transportes e alimentação, de acesso a médicos e medicamentos, da justiça, da cultura, e se prepara de tornar mais difícil o acesso até à água e deposição de lixos, vem esta mulher de moral de sacristia dizer que a pobreza se reproduz por causa dos "profissionais da pobreza", acusando os pobres de nada fazerem? Quando na realidade é ela que alimenta a sua projecção na existência de pobreza, contribuindo em nada para a debelar, promovendo um assistencialismo que nada resolveu e fazendo zero para combater as causas da pobreza.
Esta figura saída do Portugal de antanho, digna representante de uma burguesia que em determinados dias santos separavam uns restos e umas roupas usadas para os pobrezinhos, mas só para os que se portassem bem e respeitosamente. 
Esta aliada das grandes superfícies onde o comum dos mortais compra - isso mesmo - compra com o que resta dos seus salários a hipotética ajuda, que deveria surgir dos programas sociais alimentados com os impostos de nós todos, mas não isso a senhora não diz.
Espero que exista ainda a decência de correr com esta vergonha da sociedade portuguesa que se cobre com capa de santidade para fazer passar as mais perversas das ideias, a de que os pobres são culpados da sua situação. Esta criatura que seguramente nunca leu o que diz Tomás de Aquino sobre o tema, mas que fala com "lata" de quem faz obra pia e santa.
Estou farto dela reconheço, dela e de tudo o que de funesto ela representa. Desapareça que já vai tarde.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Reino (des)Unido

Não faço ideia qual será opção de voto do povo escocês. No próximo dia 18 iremos descobrir se se mantêm como uma nação submissa à monarquia britânica, ou se escolhem seguir uma via própria que, por enquanto passará por uma união de coroas.
Estou habituado a ver fracassarem as mudanças referendárias, desde o Quebec, à Austrália, desde de que essas mudanças interfiram com os mercados e a sua estabilidade, portanto não me admiraria que mais uma vez fosse este o resultado.
Confesso que a vergonhosa campanha do "Better Together" já me teria feito decidir pela independência se fosse descendente de Pictos e Scotos. É absolutamente inadmissível que se aceitem promessas de devolução de poderes que até há pouco tempo estavam fora de causa devolver. Das duas uma, ou a sua devolução era uma justa reivindicação e nessa caso colocava uma decisão que deveria ser da Escócia em mão alheias e que não se pretendia resolver, ou essa devolução é contraproducente e é feita em desespero de causa. Em qualquer dos casos é uma postura inaceitável.
Outra postura inaceitável é ameaçar com todo o tipo de isolamento, monetário, empresarial, desportivo, se a opção for o Sim. Então terá de sofrer sanções de todo o tipo um povo na sua escolha se esta não for a que agrade aos poderes instituídos? Muinto me espanta de quem para um Kosovo independente à falsa fé encontrou soluções para tudo.
Bastaria esta vergonhosa atitude de deslealdade para se ver que o Reino só existe Unido há muito para Bancos, Multinacionais e Agentes de Governação política, completamente alheios aos anseios e necessidades dos povos, de que o Bedroom tax é um excelente exemplo.
Poder-se-ia dizer que a Escócia saiu já vitoriosa da contenda qualquer que seja o resultado, pois que em caso de Sim seria dona das suas decisões, em caso de Não ganharia novos e amplos poderes. Mas a verdade é que ninguém garante que as promessas do Primeiro Ministro  e dos demais lideres dos maiores partidos britânicos sejam para cumprir uma vez passado o dia 18. Fosse assim e não estariam os Bancos já a anunciar as saídas das suas sedes de Edimburgo e Glasgow para Londres caso o resultado não seja o pretendido.
Só posso desejar que os povos saibam descernir a diferença entre os seus interesses e os interesses do Capital.

domingo, 10 de agosto de 2014

Morte para muitos - saúde a peso de ouro

Estou em crer que ninguém hoje tem dúvidas que os objectivos do Milénio no campo da saúde, não só não se cumpriram, não se cumprirão e se calhar ainda andarão os promitentes herdeiros do planeta à volta deles na alvorada do quarto milénio - mas também ninguém disse que os objectivos do milénio eram deste milénio, podem ser de um milénio qualquer que, por manifesta tacanhez e clausura de espírito, ainda não tenhamos tido capacidade de imaginar.
Em todo caso, milénios à parte, era importante saber como e porque não foram traçadas as metas objectivas desta realidade. Era também importante saber porque é que males que afectam a humanidade grassam livremente entre os de menos recursos e, quando a ameaça galga a pontos de poder afectar as gentes mais industrializadas e acumuladoras de riqueza rapidamente se descobre uma cura ou medicamento capaz de combater e debelar as ditas. Digo descobre não no sentido de encontrar ou sintetizar novo produto, mas para contrapor ao encobrimento que vários princípios activos sofrem nas mãos de multinacionais farmacêuticas até que o mercado de adquirentes seja suficientemente atrativo para as comercializar - veja-se que os desgracidinhos dos mais pobres dos africanos não têm uma gata para puxar pelo rabo quanto mais uma carteira capaz de condoer as farmacêuticas do seu sofrimento.
Lia nas notícias, referentes aos surtos de ébola, que os doentes norte-americanos transferidos para Atlanta, ou que já desenvolveram a doença nos EUA, estão a reagir bem - até melhor do que o esperado - à aplicação de um medicamento, classificado em experiência à mais de dez anos. Curiosamente durante estes anos várias erupções da doença aconteceram, com casos desesperadissimos que terminaram com o falecimento dos pacientes, sem que se tenha sequer testado nestes qualquer novidade medicamentosa. É claro não estavam no Estado da Geórgia mas no Congo, na Serra Leoa, na RCA ou qualquer outro ponto perdido no mapa africano.
Curioso também é o facto da morte de uma freira africana que trabalhava a apoiar doentes, enquanto o religioso espanhol que com ela trabalhava já se encontra transferido para Madrid para um vislumbre de cuidado e cura.
É mais do que óbvio que os objectivos do milénio, ou outros objectivos quaisquer que não obedeçam ao mercado jamais serão cumpridos ou os medicamentos testados enquanto as carteiras nas multinacionais não forem bem engordadas. Que nome se dá a quem nega um medicamento a outro ser humano condenando-o à morte? 

domingo, 3 de agosto de 2014

Não há superação do sistema que não passe pela Revolução

De cada vez que vejo a evolução da situação política e económica nos países onde por força de eleições se estabeleceram governos progressistas me convenço da correcção da reflexão ideológica que sustenta não ser através de eleições que podemos determinar as alterações necessárias a nível infra-estrutural para alterar a sociedade e as baias da condição de existência das várias classes mesmo que possamos inserir alterações importantes no seu modo de vida.
A obtenção do poder por via do sufrágio exige, frequentemente, um conjunto de alianças que supõe minorar objectivos, obliterar princípios programáticos e descurar praxís políticas, fruto necessidade de estabelecer convergências com sectores sociais muito diversos e por vezes com interesses conflituantes. De certa forma é como se arvorássemos em aliados estratégicos (os que partilham conosco objectivos similares de transformação social) aquilo que deveriam ser apenas aliados tácticos (aqueles cujos interesses pontuais -ou subjectivos- coincidem com os nossos num determinado momento da luta). Assim é transformar um momento táctico, o sufrágio, num momento estratégico, a obtenção do poder.
O poder obtido à custa de semelhantes sacrifícios e alianças encontra-se à partida limitado na sua acção transformadora pelos interesses dos "aliados" e uma vez ultrapassados fazem pender em favor dos adversários o peso desses "aliados", isolando-nos e impedindo a realização de uma política alternativa e transformando-nos em meros gestores do sistema, por muito boa que seja a nossa capacidade de gestão. Os exemplos do Chipre, da Venezuela e mais flagrantemente do Brasil, mostram muito claramente o que acontece quando se transforma em gestor o poder transformador e quanto se deixa claudicar perante o sufrágio aquilo que deveria ser um espaço de luta de preparação da revolução.
Deixamo-nos cair numa perigosa deriva eleitoralista, e isto é de facto um desvio de direita, quando assumimos que o valor de uma eleição permite transformar a sociedade do topo para a base. Errado. Sabemos pela experiência de vários processos progressistas idênticos que, estas transformações ou são de monta limitada e portanto toleradas pelo capital até um próximo sufrágio em que investirão pesadamente para garantir a sua derrota ou sucumbem à força da mais variada ordem, porém também ela financiada. Isto advém de não estarem alteradas as infra-estruturas económicas que suportam os regimes e de estas irem reagir de todas as formas.
Por outro lado, se o processo de alteração é revolucionário a alteração dá-se de baixo para cima, com o apoio dos aliados estratégicos, muitas das vezes com a oposição daqueles que se encontraram tacticamente conosco em outras ocasiões, mas em todo o caso com a a alteração da correlação do poder ao nível dos detentores "de facto" da infra-estrutura, colocando-a ao serviço das transformações necessárias.
É necessário portanto termos presente que o processo de transformação e alteração radical da sociedade não se pode produzir eleitoralmente, que as vitórias aí obtidas, por importantes eu sejam, tem um significado relativo (só indo tão longe quanto menor for o objectivo de transformação dos nossos aliados), que não teremos uma transformação económica e social vinda de um Parlamento e, se por acaso a tentarmos realizar neste contexto termos uma poderosa e muitas vezes fatal reacção do capital.
Não há transformação sem revolução, qualquer ideia para lá disto é confundir estratégia e táctica e abrir caminho a um desvio de direita de gestão de status quo e social-democratização.      

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

De notas e de moedas

Não deixa de ser perfeitamente expectável a indicação do nome de Carlos Moedas para ocupar um lugar de Comissário Europeu. O prémio a quem se comportou na aplicação das políticas de destruição da troika não poderia ser outro. Poderia isso sim ter ido para a Ministra Albuquerque mas, se assim fosse indiciaria que o Governo estaria já a pôr os tarecos a salvo para evitar a sua débacle conjunta. Mostra assim que, mesmo sabendo a vergonhosa saída que terá de cena está apostando em fazer o servicinho todo que lhe foi encomendado.
Esta quinta coluna que nos últimos anos tudo fez para destruir o país, e mais não fez porque até o Tribunal Constitucional, cuja visão é bastante enviesada, achou que o que já era demais "dava nas vistas" e tratou de pôr água na fervura. Pelo Presidente da República, que se comportou como o Governador nomeado pela potência colonial - e que mais não sabe ser que fiel lacaio dos interesses acima - tinha passado a tropa e a Guerra inteira que ele fazia vista grossa e ouvidos de mercador.
A boa nota concedida ao Moedas neste cenário só lhe podia granjear mesmo uma nomeação para comissário Europeu.
Posto isto outra pergunta fica. Um político, muito bem apreciado no burgo, quer na sua qualidade de Livre líder que por acaso tem, contrariamente a muito líder político por aí, uma cronicazinha dia sim dia não para livremente perorar sobre as virtudes de uma UE bem orientada - ou não fosse ele emérito ex-representante no augusto hemiciclo desta extraordinária União - dizia que um Comissário tem um extraordinário poder na sua área de afectar a vida de milhões de pessoas com as suas propostas. Não se retira qualquer grau de verdade a esta afirmação. O que se retira isto sim é que como é da responsabilidade dos Governos a indicação dos Comissários, e os Governos, como o nosso, já mais que provas deram de não respeitar nem as suas promessas eleitorais, quanto mais o povo, mostrando estarem sistematicamente ao serviço dos interesses externos, nomeadamente da Banca, como quer o insigne membro da inteligenzia nacional reformar a União?
É que como se denota o problema não é de Moedas, mas de notas.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Os buracos da barraca do Barack

A barraca do Barack está muito bem montada. Tem, a bem da verdade, de se dizer que foi construída com mais ou menos estílo por homens e mulheres que, ao longo de gerações exercitaram a arte da mentira, da insinuação, da hipocrisia, da meia verdade, da ilusão, da manipulação, do boato e demais artes nefandas que encheriam este ecrã das mais vis torpezas de que o género humano é capaz.
Com uma claque pronta a fazer coro, sempre que se trata de avançar sobre os recursos de determinadas zonas e depenar, quais aves de capoeira se tratassem, todos os povos de cujas riquezas se queiram apropriar. Depois de serem apanhados nas mentiras do Iraque e de outros exercícios de igual calibre, a barraca do Barack foi apanhadas com a boca na botja. Ao mesmo tempo que afirmava condenar o bombardeamento de escolas em Gaza e de exigir um inquérito e um cessar fogo, a fim de proteger uma população sem fuga possível, o Pentagno anunciava a cedência a Israel de granadas e munições em quantidade para substituir as já utilizadas na bárbara carnificina em que a operação do IDF se concretizou. A atitude dos EUA, diante de todos com a impunidade de quem se sabe acima das normas e que se arroga o direito de acusar sem provas outros noutras paragens, é a atitude de quem pela frente finge uma atitude de justeza e ponderação e por trás arma e facilita as mais brutais agressões armadas sobre populações civis de que há memória desde a Segunda Guerra mundial (qualquer semelhança entre a atitude do Tzahal e os exércitos h*********s deixou há muito de ser pura coincidência, independentemente do que o Governo do Estado de Israel possa dizer), a acção dos EUA assemelha-se hoje à acção das potências da Europa Ocidental em face do levantamento de Franco contra a República Espanhola. As Nações Unidas que vêm exercendo um mandato mundial de promoção da Paz e do Desenvolvimento, enviesaram politicamente tanto que sistematicamente se colocam de um dos lados, não fazendo respeitar as suas resoluções quando não interessa aos seus principais "patrões", mas ouriçando-se e empertigando-se quando são colocados em causa os interesses destes. Terá a manter-se assim o mesmo  fim vergonhoso da Sociedade das Nações.
A barraca do Barack tem o espetáculo bem montado, mas a cada passo torna-se clara a sua duplicidade e hipocrisia. Assim saibam os povos ver o que vai surgindo através dos buracos desta barraca.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

A Moral - Por uma série de Razões

Muito recentemente li no jornal uma carta de uma antiga oficial do exército de Israel e sobre os princípios e valores que tem incutidos. Questionava a senhora sobre os limites morais que o exército está a ultrapassar determinado pela ultrapassagem desses limites por parte dos Governos do Estado.
É obviamente importante que as pessoas, nomeadamente as que cumprem serviço militar se questionem sobre as orientações que lhes são dadas pelo poder ou, de outra forma, arricam-se a cometer os piores desmandos e barbáries sob a capa do cumprimento de ordens. Mas de nada adianta questionar-se apenas quando se já afastou da situação. Senão vejamos:
Quando o exército israelita invadiu a margem ocidental e Jerusalem oriental, então sob soberania jordana, e a Faixa de Gaza, sob tutela Egípcia, declarou sempre estar envolvido numa guerra de defesa do seu território contra ameaças dos países árabes, provocou milhares de refugiados, derrubou centenas de casas - uma parte muito significativa no sopé do Monte do Templo - desalojando em 24 horas familias inteiras com a finalidade única de abrir uma vasta praça no local do Muro das Lamentações - nada terá a ver com mortandades em massa, mas tratou-se de forma despudurada de crimes contra a população cívil que caêm na definição de crimes de guerra. Expulsou milhares de familias das suas suas terras, permitindo ao Estado israelita anexá-las e aí desenvolver bairros para colonização de territórios fora das linhas de partição e portanto fora de Israel, promovendo assim a invasão militar e anexação de território, como aliás o fez também nos Montes Golã, na Síria e no Sinai, de onde acabou retirando sem no entanto grande resistência dos colonos.
Assim também o fez o Haganah antes da proclamação do Estado, semeando a violência e o terror.
As linhas morais, do mais moral exército do mundo, há muito não existiam, se é que alguma vez existiram realmente. São com efeito apenas uma manipulação de uma direcção política de um Estado de um povo maioritariamente fanatizado, quer pelo sofrimento histórico, quer pela apropriação do poder real pelo aparelho religioso, que deixa muito pouco espaço ao pensamento crítico sem o apelidar de antipatriótico. Funcionam também como escape a milhares de pessoas moralmente decentes, mas que encontram nesta formulação o repouso suficiente para adormecer a sua consciência perante barbaridades incríveis.
Não se pode comparar Israel ao Nazismo. Cada vez que se faz esta comparação imediatamente uma míriade de gente, comandada por um ocidente de má consciência, se empretiga todo num coro de protestos. Porém a natureza das violações, a enormidade das opiniões dififundidas, o objectivo mal disfarçado, deixam inquietantes paralelismos relativos às reacções de populações fanatizadas. Verdade que não chegaram ao extremos da eliminação física pura, simples e tão rápida quanto possível de todos os outros habitantes da Terra chamada Santa, mas por nenhum imperativo moral, apenas acções tão claras despertariam do seu letárgico entropecimento as consciências daqueles que estiveram expostos ao Nazi-Fascismo e aos seus descendentes directos mais lúcidos, a quem um imenso lençol de propaganda e preconceito vai tolhendo em relação ao crimes de negação de abastecimento de água, de viveres, de medicamentos, de acesso à actividade pesqueira, de destruíção das terras cultivo, e por fim à apropriação da terra, que o Estado de Israel vai praticando iniquamente utilizando o nome e as agruras do povo judaíco como justificativa.
Não há espaço para a Paz! A violência agora exercída só vai servir como alfobre para novos tipos de violência, onde prevalece a Lei de Talião. A parte mais fraca, o povo Palestiniano - que diga-se a bem da verdade é um conjunto muito heterogéneo de pessoas - vai retaliar por revolta e por vingança contra estas acções com os meios que tiver ao seu dispor, fazendo com que mais tarde ou mais cedo a quimera de segurança constituída pelos muros ou pelos sistemas de intercepção de rockets venha a dar lugar a uma realidade bem mais sinistra para o povo judaíco. Espera-se que pelo menos então exista desta parte um pouco mais de clarividência.
O papel do mais "moral" exército do mundo. O Tzahal tem como é óbvio um importante papel, que não passa seguramente por bombardear criancinhas nas praias, envios de sms ou de bombas "pequeninas" de aviso ao armagedeon posterior, nem tão pouco o bombardeamento de Escolas e Hospitais por que lá alegadamente se encontram militantes do Hamas. Os estrategos israelitas sabem, contrariamente ao Sr. Netanyahu e aos seus ministros, a que se soma a vastíssima parte dos deputados do Knesset, que acabar com a resistência palestiniana é um acto tão inutil quanto impossível, ou então estariam dispostos a multiplicar o número de baixas do lado palestiniano e do próprio exército a um nível intolerável para qualquer limite moral. Cabe-lhe então o papel de colocar este governo no seu lugar, não o deixar cavalgar o desvario de uma hecatombe humanitária e colocar as negociações de Paz na ordem do dia. Não é de estranhar que sempre que houve uma acção, mais ou menos questionável mas acção, visando um acordo de Paz foi quando a chefia do Governo de Israel provinha do exército. É que por variadíssimas razões, mais ou menos relutantes, estas pessoas viram directamente a que imoralidades conduziam as orientações morais dos seus governos. E se o IDF deixasse de obedecer?

domingo, 27 de julho de 2014

Não há quem aguente...


Havia determinado jamais abordar a vida interna de um Partido, e assim nunca fiz qualquer comentário às opções dos militantes dos vários partidos - excepto para notar onde se colocavam esses partidos face às escolhas feitas.
Nunca o fiz, mas vou fazer! Não porque me seja relevante que o partido A ou B tenha por líder fulano ou sicrano, especialmente se no frigir dos ovos a omelete resulta igual. Acontece que quando as afirmações dos concorrentes extravasam a simples politiquice interna e se tornam relevantes a nível político nacional a abordagem das mesmas tem de ser feita também do mesmo ponto de vista.
Um dos concorrentes a ser designado como cabeça de Lista para as legislativas de, supõe-se 2015, pelo seu partido (errada e erroneamente designado de candidato a primeiro ministro) e que enfrentará uma coisa do estilo parece que é uma votação, lá para Setembro, tem afirmado aos sete ventos a sua orientação de esquerda. Tem dito que o partido não pode ficar condicionado pelo pensamento de direita, que se quiser fazer diferente tem de se libertar do pensamento da direita, além de outras várias tiradas do mesmo calibre.... Louváveis palavras e louváveis princípios do homem providencial que, ao fim de tantos anos, vem resgatar o seu partido da deriva direitista em que havia embarcado. Mas virá mesmo?
Ainda não estava seca a tinta da impressão dos jornais sobre as impressionantes tiradas de profissão de fé à esquerda e o homem providencial vem dizer que quer uma maioria absoluta. Para que a quer ele? Se a sua postura é à esquerda, bem como os seus princípios e práticas facilmente encontrará à esquerda apoio suficiente para levar a cabo esse corte com as políticas que vêm determinando a governação do país...a menos que seja outro o seu fito. E se é outro o seu fito que não pode contar com o apoio da esquerda, qual a sua natureza? Não é muito difícil de ver que o inconfesso interesse desta personagem é prosseguir mais do mesmo, ou até pior, ficando com as mãos livres para não ter de claramente se apoiar na direita para levar a cabo os seus desígnios e para não ter de se incomodar com a esquerda a exigir-lhe uma política de esquerda a sério.
Pretende este D. Sebastião das dúzias obter a quadratura do circulo, reunindo votos à esquerda para depois ir governar à direita.
Esquece no entanto que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo, e que não é com grandes tiradas e apoios que criará o fumo suficiente que lhe sirva de cortina...quem sabe de nevoeiro. 

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Porque cai o "Governo" Ucraniano?

 Dizia Oscar Wilde que não há perguntas indiscretas...as respostas é que o podem ser. Nesse sentido creio que as respostas devem ser de uma indiscrição tal que nem os jornais alinhados com a NATO e interesses afins se atrevem a dizer, sendo aliás muitíssimo parcos em informar sobre o assunto.
Sabemos que as forças de extrema direita abandonaram o dito cujo forçando a sua demissão. Chegam-nos rumores de manifestações mas, contrariamente à "gloriosa" Maidan, aqui não houve notícia de Deputados do PSD louvando hosanas, nem de jornalistas afamados cá do Burgo perorando sobre as virtudes democráticas das mesmas.
Sabendo como os Ucranianos de cidadania e língua são permeáveis aos argumentos do ocidente e de como o "legitimissimo" e "democratissimo" "governo" assim se inclina, as manifestações não se me afiguram contra a guerra, pela igualdade dos ucranianos dentro da diversidade de línguas e culturas e pelo respeito dos laços tradicionais com a língua e cultura russas e os sentimentos de grande parte da população. Temo que, bem pelo contrário, as manifestações se prendam com a nova correlação de forças em que à extrema direita não chega mandar pretende além disso hegemonizar o "governo" afastando quem procure algum tipo de entendimento com os habitantes de Donetsk.
Além disso falta ainda clarificar quem enviou o BUK que abateu o avião malaio.
Assim a extrema direita do Svoboda e a Timochenquista procuram colocar-se na pole position para a tomada de poder. 
Este é o segredo do silêncio da comunicação social, não permitir que fique a nú o escândalo do apoio aos nazi-fascistas por vários governos da "civilizada" UE. Bem como os gastos monetários com este apoio. Quanto aos supostos sucessos alcandorados todos e cada um destes à condição de avanços, a ver vamos se não vão contribuir para a derrota militar.

terça-feira, 22 de julho de 2014

600 falhanços



Se fossemos dar alguma credibilidade às palavras do Embaixador do Estado de Israel nos EUA sobre o significado das baixas palestinianas na análise da agressão levada a cabo em Gaza, em que cada baixa civil - como se houvesse outras - é um falhanço e uma tragédia, teríamos de concluir que o comando das forças do IDF considera esta acção como um imenso falhanço e, portanto de acordo com as responsabilidades políticas o Governo israelita deveria apresentar a sua demissão imediata. Porém sabemos não ser assim, sabemos que ao abrigo de palavras hipócritas como o direito à defesa o que de facto se passa é uma guerra de terror destinada a limpar etnicamente a região, matando ou expulsando a população palestiniana.
O argumento de que os rockets do Hamas são idênticos ao bombardeamento de Londres pela Alemanha hitelariana, só cabe numa mente tresloucada, qualquer britânico que tenha uma tênue memória da batalha de Londres sabe que centenas de bombas foram lançadas continuamente pela Luftwaffe, destruindo quarteirões inteiros e deixando Londres repleta de mortos e feridos, o que nada tem a ver com os rocketts que fizeram uma vítima e nem perturbaram seriamente a vida quotidiana, nem mesmo em Sderot perto de Gaza. Mas não creio que o Embaixador Dermer tenha subitamente enlouquecido.
A afirmação, perante o cenário de destruição, de morte e sofrimento, esse sim digno do bombardeamento aéreo de cidades durante a segunda guerra mundial, que os soldados israelitas deveriam ser galardoados com o Nobel da Paz, deveria envergonhar os galardoados, embora a vergonha de alguns seja uma miragem, e o próprio comité do Nobel da Paz por alguém sequer ter sugerido que poderiam considerar semelhante aleivosia.
Não há direito de defesa que consagre a agressão e, por muito que os disparos do Hamas não primem por assegurar um clima propício à procura da Paz, não foram estes os motivos de uma acção da escala lançada por Israel. Alguém se esqueceu que o pretexto foi o assassinato de três jovens que se deslocavam à boleia entre os colonatos ilegais e Jerusalém ocidental, mas aqui ninguém sequer insinuaria que se tratavam de provocações às populações palestinianas, foram de facto infelizes vidas apanhadas numa teia de violência difícil de controlar. Já a população de Gaza é considerada por Israel  como tendo de expiar uma qualquer culpa comum.
Com efeito Israel vai de falhanço em falhanço até que um dia criará uma situação de que será a primeira vítima.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Propaganda da Guerra Fria, como há muito não a via....

Com o habitual apego à verdade e ao facto real os jornais, comentadores, certos políticos -como o Presidente Obama - não precisaram de 24 horas, de investigações, de determinações para, copiosamente, reverberarem as acusações do Presidente Ucraniano Poroshenko no sentido de deitar as culpas do abate do avião malaio, sobre os ombros dos resistentes do Donbass contra a maré nazi-fascista que ameaça engolir a Ucrânia.
Ninguém, a não ser por manifesta má fé desconhece hoje que as oligarquias a que Poroshenko pertence serviram-se e depois abandonaram o regime para se aliarem às forças mais tenebrosas a que a história deu origem a fim de manterem o poder. De caminho deram a mão ao imperialismo da UE e dos EUA, deixando-lhes livres as mãos para se apropriarem dos recursos e depauperarem o povo ucraniano à semelhança do que por outras paragens, a nossa incluída, têm feito.
Não é a primeira vez que o capital utiliza o nazi-fascismo como tropa de choque contra que se lhe opõe e resiste e, já antes havia abordado o tema em "fascismo o último reduto do capitalismo". Não que Putin e a sua Rússia sejam garantia de defesa dos trabalhadores ou do socialismo, mas as contradições do imperialismo ditam a sua postura nos campos contrários aos dos interesses de EUA e UR.
Agora com uma guerra a decorrer o ocidente e seus aliados não se coíbem de recorrer, como aliás o tinham feito no Iraque como ficou amplamente demonstrado à mais descabelada mentira para justificarem a sua posição. Toda a gente sabe que os resistentes não têm mísseis capazes de derrubar um avião a 10.000 metros de altitude. Se o tivessem hoje outro galo cantaria no Donbass. Assim como todos sabem que o avião foi abatido a partir de território ucraniano, o que excluí as tropas russas, essas sim com potencial bélico para tanto. Sobra quem? Aqueles a quem se tenta desculpar atirando as culpas em alheios, as tropas ucranianas, hoje formadas muito à base dos partidários de Stepan Bandera, fiel aliado de  Hitler na segunda guerra, o Sector Direita e o Svoboda.
Quanto ao ocidente embrenhou-se já no apoio a esta gente, como aliás o fez ao longo do século XX, com excepção do momento em que a criatura mordeu a mão que o alimentava.
Mais demonstrações só quando as provas o revelarem...mas atenção! Vão tentar manipulá-las e escondê-las.