segunda-feira, 7 de março de 2022

A mentira como arma

Li hoje um artigo no Jornal Observador que tecia as maiores aleivosias sobre os comunistas. Um artigo de um certo Luís Rosa que além de procurar semear o ódio, manipula factos por forma a obter os seus ensejos.
Não tenho pejo em dizer que detesto semelhante criatura, e muito antes deste artigo. Detesto pelo que me fez anos atrás ao descontextualizar palavras minhas de forma a parecer que eu estava fazendo uma acusação, que nem sequer poderia fazer por não ter provas, e que me valeu um processo que acabou num acordo, mas que me foi penoso.
Tal é a noção de deontologia do jornalista que agora fala de deontologia como se a deturpação que apresenta como correcta de facto o fosse.
Vamos por partes.
1- A isenção de um jornalista é uma mentira. Todos os jornalistas têm as suas opiniões e opções políticas, pretender que existe uma higienização é falso e, portanto o facto de um jornalista concorrer numa lista partidária não devia causar escândalo, o que o devia causar é o jornalista torcer diariamente factos para servir a determinados interesses sob uma suposta capa de imparcialidade.
2- Não foram aqueles que morreram, os que sofreram turturas, os que foram humilhados, aqueles que foram presos. Não fosse o Tarrafal, Peniche, Caxias, Aljube, Angra, S. Pedro e S. Paulo, entre outras, e os comunistas - a maioria dos que por aí passaram - Não fora as lutas que travaram, aquilo que sofreram, a resistência que tiveram, nem o Observador existia e provavelmente nem este jornalista o seria. É fácil democratar quando alguém construiu a democracia (muito imperfeita) onde ele vive sem ter mexido para isso sequer o dedo do pé direito.
3- Por cada crime que ele indica, esquece, por faz por isso todos os crimes cometidos contra os comunistas, e poderia começar pelos da Comuna de Paris em 1871. Quer contar mortos? Pois que os conte bem certos e que nenhum deles falte. conte na Indonésia, conte na Coreia do Sul, conte por toda a América Latina, conte-os na Guerra cívil de Espanha (anda hoje em plena "democracia" o segundo país com mais valas comuns do mundo, apenas ultrapassado pelo Cambodja e aí um governo intutulado de "vermelho" era abertamente apoiado pelos EUA, não se esqueça), conte-os na Africa do sul, no Saara ocidental, conte-os na Palestina, não deixe de os contar em todos os governos cujos governos, até os eleitos, que não agradavam ao capital, foram derrubados, e portanto até não se esqueça da Ucrânia de que hoje hipocritamente figem carpir as perdas.
Quisesse o capital que estes vivessem em PAZ e jamais teria financiado e planeado estas guerras.
4- Fechar os olhos e fingir desconhecer toda a história que aqui conduziu é apenas mais um acto da odiosa mentira com que se procuram ocultar os actos dos que na total indiferença perante as perdas, usam mortos como arma de arremesso sobre quem nada tem a ver. Não se pode andar para a frente sem olhar para trás, e portanto o jornalista em causa sabe, sabe poque não é ignorante, o que Bandera significa, o que Svoboda significa, o que Sector Direito significa, e não desconhece, porque contrariamente à informação que não dá conhece todas as acções e crimes cometidos e as mortes que também têm de ser contadas.
6- Sim os comunistas têm uma superioridade moral, aquela de quem diz hoje aquilo que dizia há dez, quinze trinta, cinquenta e mais anos pela PAZ e que os que defendiam uma lógica de confronto e guerra, calavam bem cumplices com gente menos que recomendável mas apresentada por certa comunicação social como defensores da liberdade. Sim eu não me esqueci do Chade, não me esqueci da Sadat, e não me esqueço da Colômbia, senhor jornalista. Não me esqueço do golpe na Bolivia perante uma eleições taxadas de fraudolentas pelo ocidente e que se provou não o serem, perante gente que atacou, prendeu e torturou gente inocente perante o silêncio mais do que cumplice de prezados jornalistas como o presente.
Têm os comunistas a superioridade moral, de quem procurou sempre estar com as populações, lutando contra a barbárie fascista, contra a barbárie nazi, contra a barbárie racista, contra a exploração monopolista e deu por isso a sua vida e o melhor dos seus dias. Tão mais fácil teria sido ir con a onda, mas aos comunistas não é o fácil que os guia.
7- Portanto antes de abrir a boca para falar dos comunistas em geral e dos portugueses em particular, pense naquilo que lhes deve. E ser tão desorelhado que pense que nada lhes deve, olhe para as colónias que não seriam independentes sem o esforço dos comunistas, olhe para os cuidados públicos de saúde que não usufruia sem o esforço dos comunistas, pense em coisas tão simples e básicas como o subsídio de natal, as férias pagas, o próprio fim de semana de goza ou o mero passe social, e, se for verdadeiramente honesto, veja se consegue negar que aos comunistas o deve.