terça-feira, 27 de outubro de 2015

Hoje recebi um "convite"....

Hoje recebi por mail um "convite" de um grupo de cidadãos preocupados, que clamavam à unidade e consenso alargado para garantir o progresso e o futuro. É claro que esse consenso e união, eram a três entre PS, PSD e CDS-PP.
Fazendo-se eco do desespero da direita com apenas a ideia da esquerda chegar ao poder, estes senhores estão a fazer um abaixo assinado e uma mobilização.
Como é óbvio nunca acompanharia sequer uma deriva reaccionária e direitista pelo que a minha resposta foi a que se segue:

"
Bom dia

Devo dizer-lhe que faço parte de um grupo de cidadãos que entende que todos os partidos registados no Tribunal Constitucional são democráticos e os que elegeram deputados para a AR foram escolhidos pelo povo para a sua representação.

Não acho que existam partidos com mais direitos que outros, ou cidadãos com mais direitos que outros. Daí que todos os partidos têm o direito e o dever de participar em soluções de governo e os seus eleitores de terem a clara perspectiva dos seus representantes fazerem parte de uma maioria e das suas opiniões serem respeitadas.

Se PS, BE, PCP e PEV entendem que têm condições de propor um governo e políticas alternativas, não entendo porque devem ser cerceados nos seus direitos enquanto partidos.

As suas opções políticas são diferentes, seguramente, mas os entendimentos fazem-se nisso mesmo, salvaguardando as identidades e diferenças.

Quem assistiu à campanha eleitoral sabe que este PS rejeitou completamente entendimentos com base nas políticas seguidas. Afirmando até que seria mais fácil a invasão marciana.

O eleitorado votou na coligação PSD-CDS, mas não lhe outorgou a maioria absoluta nem de votos nem de assentos, por isso é natural que uma hipótese de governo que as garanta, como parece ser o caso, é tão legitima como qualquer outra.

Para quem diz que um tal entendimento não se apresentou a sufrágio é necessário lembrar que em 2011 tampouco se apresentou a coligação PSD-CDS e no entanto o seu entendimento pós eleitoral não constituiu escândalo.

Os portugueses necessitam de união mas necessitam igualmente de respeito e tal não existe quando se procura estigmatizar partidos ou eleitores como se de portugueses se não tratassem.

Dito isto penso que fica meridionalmente claro o que penso e também porque jamais me poderia rever numa proposta que mais não pretende do que excluir e ostracizar grupos de pessoas, baseado na discriminação ideológica, aliás proibida pelo artigo 13º da Constituição da República Portuguesa.

Muito bom dia "

É inconcebível que certas pessoas queiram voltar ao antes do 25 de Abril.

sábado, 17 de outubro de 2015

A direita está confusa

Nunca no nosso país se elegeu Primeiro Ministro. Qual a parte que não entendem? O Primeiro ministro é indigitado pelo Presidente da República, TENDO EM CONTA os resultados eleitorais e ouvidos os partidos com assento parlamentar. Ter em conta e exigir que seja o partido mais votado é diferente, NÃO É A MESMA COISA.
Dito isto há uma Coligação que teve mais votos, mas que não pode exigir por isso que os outros partidos tenham de sufragar o seu programa. Se assim fosse estes não teriam concorrido com programas diferentes.
A necessidade de entendimentos é evidente mas não obriga ninguém a aceitar um programa que não quer.
O PS disponibilizou-se a negociar com os outros partidos. PCP aceitou, os Verdes, parceiros da CDU aceitaram, o Bloco de Esquerda aceitou. PSD E CDS-PP acharam que só tinham de ouvir e aceitar uma rendição incondicional. Só que o conjunto dos votos de PS, PCP, PEV, e BE são mais, e ainda que os programas sejam diferentes estes partidos se disponibilizaram em encontrar um entendimento de mínimos deixando questões mais profundas em espera.
Neste aspecto Constitucional e numericamente dificilmente se os pederá considerar derrotados, pois a derrota relativa é com efeito uma vitória absoluta. 
Não adianta berrar nem gritar por arcos de governação inexistentes legalmente, nem por eleições de Primeiro ministro que também não existem, nem por "terem chegado primeiro" porque isto não é a fila do supermercado. E muito menos dizer que os eleitores do PS não votaram por uma coligação à esquerda, porque primeiro, isso ninguém sabe e segundo há quatro anos também PSD e CDS não concorreram coligados e depois das eleições foi o que fizeram. Isto é há 107 deputados por um programa e 122 dentro de um entendimento de viabilidade governativa.
Há diferenças entre estes partidos? Imensas. Mas encontraram capacidades de encontrar entendimentos para lá das diferenças. E as maiorias fazem-se na AR e não noutro lado.
Vai dar origem a um Governo? Não sei, veremos... Mas que há alternativa ao Governo da direita isso é uma evidência.