sábado, 19 de fevereiro de 2022

O falso positivo

Desde Novembro de 2021 que a administração Biden vem tentando passar a ideia de que se desenvolve uma tentativa de invasão da Ucrânia pela Rússia. A avaliar pela quantidade de datas que até hoje foram avançadas pelo Governo dos EUA para essa invasão acontecer, já teriam sido invadidas três ou quatro Ucrânias . Mas não foi nenhuma.
Aliás os EUA indicaram que existiriam cerca de 70.000 homens em Novembro e no fim desse mês estariam 100.000. Depois disseram que afinal alguns tinham regressado aos seus quartéis, para logo dizerem que em princípio do ano se daria a invasão. Como não foi os EUA aprazaram-na para o início dos Jogos Olímpicos de Inverno. Como também não houve invasão insistiram que as forças russas estavam já preparadas e o número de cem mil tinha sido já atingido (algumas escribas da nossa praça já contaram 130.000, mas quem as conhece sabe que quando são os interesses dos EUA elas vão sempre com várias cabeças de avanço), marcando inequivocamente o início da invasão para Quarta dia 16 de Fevereiro.
Seguramente com as distrações de S. Valentim, alguém no Pentágono se esqueceu de avisar as forças russas e elas tornaram a falhar a data aprazada. É preciso azar...
Entretanto aproveitaram e rearmaram as tropas ucranianas, seguramente com destaque para o sector direito e o esquadrão Azov (duas organizações paramilitares neonazis com grande poder na "florescente democracia ucraniana", seguros que o respeito demonstrado pelos acordos de Minsk anteriormente se estenderiam ao cessar fogo, agora que se encontram bem armados (e não venham com tretas de armas exclusivamente defensivas porque em bom rigor tal coisa não existe).
Ao mesmo tempo começaram a espalhar que a Rússia iria desencadear uma operação de simulação de agressão para justificar uma invasão.
Penso que ninguém é tão tonto que va acreditar que depois de criar estes boatos os EUA não instigaram, armaram e criaram condições para levar de facto a Rússia a uma acção bélica. Tudo para colocar em causa a utilização do Gasoduto Nordstream 2, que os EUA nunca quiseram por desafiar os interesses comerciais de venda do seu gás de petróleo liquefeito, que a Ucrânia nunca quis por tornar obsoletos os gasodutos que vindos da Rússia percorrem o país e lhe garantem gás a preços mais baixos que o mercado.
No meio disto tudo está um falso direito de adesão à NATO. Direito que não existe desde que os EUA garantiram às então URSS que a reunificação alemã significaria que a NATO não avançaria um milímetro para Leste... Coisa que rapidamente esqueceram.
É óbvio que ninguém quer ter o inimigo às portas, e muito menos ter de lhe fornecer combustível barato. Porque no meio disto tudo ainda ninguém disse que a Rússia não tem obrigação nenhuma de vender gás à Ucrânia, que o quer não obstante querer ao mesmo tempo hostilizar o mesmo vizinho que lho vende.
Esperemos que separatistas de Donetsk e Lugansk sejam capazes de, com o mínimo de perdas, manter o status quo que garante às populações russofonas os seus direitos que, coisa que escamoteia também, foram totalmente obliterados com a revolução proto-fascista, apoiada pela UE abertamente, da Praça Maidan. Só assim será possível evitar uma guerra cujas consequências são totalmente imprevisíveis.