sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Fazes o que faz o fumo....

O sinistro inquilino de Belém não encontrou forma de se livrar de aceitar o Governo que a maioria da Assembleia da República e do povo que a elegeu apoiava.
Embora em muitas mentes obscurecidas ainda não se tenha vislumbrado a luz do entendimento que elegemos 230 deputados e nada mais, os resultados práticos dessa eleição estão à vista. 123 deputados não aceitaram o Governo dos  restantes 107 e juntos propuseram outra fórmula.
Quem também não entendeu, nem entenderia nunca, é o inquilino de Belém que, talvez por desconhecer a lei eleitoral, a constituição ou os seus poderes dela emanantes vem, confundindo tudo e os portugueses também achar que tem a prerrogativa de determinar alguma orientação política ao Governo, deixando a, mais menos que mais, velada ameaça de demitir o Governo do PS.
Na verdade não tem nenhum destes poderes. Um porque o Governo responde apenas perante a Assembleia da República, não podendo o Presidente imiscuir-se no seu programa. Dois, porque só pode demitir o Governo se estiver em causa o "regular funcionamento das instituições". Como não se prevê que o Governo vá extinguir a Presidência, invadir a AR, dissolver Municípios, atacar a Justiça ou subverter o poder local agregando Freguesias - uops!!! As duas últimas o Governo PSD/CDS-PP já fez - não se vê onde vai Sua Excelência engendrar que as instituições não funcionam regularmente. Aliás o único perigo disso vem do próprio que exigiu acordos escritos, cartas explicativas e por fim "indicou" e não "indigitou" o Primeiro-ministro, exorbitando largamente os seus poderes constitucionais. Donde só nos sonhos intranquilos do residente a prazo de Belém pode haver demissão do Governo.
Fora isso apenas enviando sucessivos diplomas para oTribunal Constitucional, ou vetando os mesmos, pode constituir-se como oposição. Convenhamos que seria descer ainda mais na escala da delinquência no cargo que desempenha, mas com fracos resultados.
Por isso as suas ameaças são vãs, e fará o mesmo que a "vida fútil" na peça de Aleixo: "Fazes o que faz o fumo, quando se perde no espaço".

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Cairam! Finalmente cairam....

         Fonte da imagem Charlie Hebdo
 
Já tardava, já não se aguentava. Derrotados no país onde uma ampla e inquestionável maioria não havia sancionado as suas políticas. Empossados por um presidente que desconhece a constituição e, em lugar de defender cumprir e fazer cumprir ao longo de todo o seu mandato, tudo fez para que o Governo PSD/CDS-PP a desrespeitasse e a ultrapassasse. Sucumbiram finalmente perante um Parlamento que não se remeteu à condição de colaboracionista, tal como o presidente que apelou à traição pretendia.
Caíram e com eles caiu o pior que podia acontecer em termos de esbulho e de transferência de riqueza para os mais ricos e poderosos em detrimento dos que mais necessitam. Caíram e com eles caiu a política de privatização de serviços essenciais e de venda ao desbarato das empresas nacionais, com ênfase para aquelas que davam lucros ao Estado.
Mas atenção não se esfumaram as suas tentações, não foram derrotados os poderes fáticos, o FMI, o BCE a União Europeia, precisamente no que tem de pior e que não é infelizmente corrigível.
Internacionalistas, mantendo boas relações, aproximações, cooperação e maior interligação com todos os povos e seguramente com aqueles com os quais partilhamos princípios culturais mais próximos, mas não Europeístas de uma Europa que persegue e ilegaliza políticas de esquerda, defendendo as classes burguesas e oprimindo aqueles que trabalham.
A luta não termina aqui, os entendimentos são apenas de mitigação das condições aviltantes em que nos haviam atirado a direita e os seus senhores europeus e internacionais, e onde pensavam já ter-nos atirado sem remédio. sem recursos, sem cuidados, sem direitos mínimos de dignidade.
Os Princípios acordados com PS, não são o programa da CDU nem o do Partido, donde não podemos ter quaisquer outras expectativas que não as da contenção da política de direita e quanto a refluxos, menos que poucos. Mas qualquer coisa é melhor que o terror em que estávamos vivendo.
É possível que a infeliz criatura que temos como presidente se recuse a dar posse a um governo do PS com apoio parlamentar à esquerda, mas até um governo de gestão é preferível ao pesadelo em que vivíamos.
Por hoje e só por hoje, celebremos....amanhã recomeçamos a lutar!

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

25 anos de "reunificação" alemã - A boa da RFA



Durante anos amigos e colegas muniram-se por vezes de uma atitude de superioridade argumentando, não sem boa dose de arrogância, sobre a democraticidade da República Federal da Alemanha (a que designavam de verdadeiramente democrática, em face da República Democrática Alemã (RDA) da qual diziam, na alegria alarve da ignorância, que de democrática só tinha o nome.
Ignoravam, ou queriam ignorar, que a República que tanto louvavam guardava no seu seio toda a estrutura da Alemanha nazi, e pelo contrário perseguia activamente os comunistas. Coisa que de qualquer forma não era novidade, uma vez que foram perseguidos na Alemanha depois e antes do advento hiteleriano até mesmo pelos Social-democratas a quem não incomodou nem perturbou o massacre dos Spartaquistas, bem pelo contrário porque até foi perpetrado por eles.
No seu afã e ódio aos Marxistas a RFA criou leis eleitorais com mínimos de 5% de votos com o objectivo único de impedir o acesso dos comunistas ao Bundestag. CDU-CSU, SDP e FDP fizeram-no ainda que o Partido Comunista (KPD) tivesse deputados eleitos no parlamento.
Falharam. Pois que ainda que não o previssem o KPD ultrapassou os 5% dos votos e voltou a eleger representantes. Em face disso os democratas tomaram medidas democráticas, ilegalizaram o KPD.
Como se as qualidades "democráticas" da RFA não estivessem com isto enormemente demonstradas soube-se hoje que desde 1962, por acordo com a Espanha de Franco, o então governo de Bona (e hoje de toda a Alemanha) paga cem mil euros aos sobreviventes e viúvas da divisão azul, voluntários espanhóis que foram combater ao lado do exército alemão na frente leste durante a Segunda Guerra Mundial. Em troca a Espanha pagava, e penso que ainda hoje o faz, aos sobreviventes e viúvas da Legião Condor, que bombardeou, entre outras localidades republicanas, Guernika durante a Guerra civil.
É bonito! É bonito ver como a RFA, hoje Alemanha, assegura a sobrevivência de famílias espanholas, seguramente atingidas pela crise e em troca garante o cuidado por interposta pessoa dos soldados nazis, a quem não poderia valer directamente.
É tocante ver como as vítimas do nazi-fascismo, incluindo os republicanos espanhóis que foram parar aos campos de extermínio, nada receberam ou recebem como compensação do mal que o estado alemão lhes fez. É verdade, esquecia-me, eram "rojos". 
É comovente ver como em relação aos países destruídos o estado alemão ocidental viu perdoada a sua dívida de guerra em cerca de dois terços, por outros que não os próprios, sendo até premiado com avultadas ajudas monetárias, e hoje acusa os devedores de preguiçosos - a RDA não viu perdoada a sua parcela da dívida de guerra e pago-a toda.
É verdadeiramente de democratas....