É obviamente importante que as pessoas, nomeadamente as que cumprem serviço militar se questionem sobre as orientações que lhes são dadas pelo poder ou, de outra forma, arricam-se a cometer os piores desmandos e barbáries sob a capa do cumprimento de ordens. Mas de nada adianta questionar-se apenas quando se já afastou da situação. Senão vejamos:
Quando o exército israelita invadiu a margem ocidental e Jerusalem oriental, então sob soberania jordana, e a Faixa de Gaza, sob tutela Egípcia, declarou sempre estar envolvido numa guerra de defesa do seu território contra ameaças dos países árabes, provocou milhares de refugiados, derrubou centenas de casas - uma parte muito significativa no sopé do Monte do Templo - desalojando em 24 horas familias inteiras com a finalidade única de abrir uma vasta praça no local do Muro das Lamentações - nada terá a ver com mortandades em massa, mas tratou-se de forma despudurada de crimes contra a população cívil que caêm na definição de crimes de guerra. Expulsou milhares de familias das suas suas terras, permitindo ao Estado israelita anexá-las e aí desenvolver bairros para colonização de territórios fora das linhas de partição e portanto fora de Israel, promovendo assim a invasão militar e anexação de território, como aliás o fez também nos Montes Golã, na Síria e no Sinai, de onde acabou retirando sem no entanto grande resistência dos colonos.
Assim também o fez o Haganah antes da proclamação do Estado, semeando a violência e o terror.
As linhas morais, do mais moral exército do mundo, há muito não existiam, se é que alguma vez existiram realmente. São com efeito apenas uma manipulação de uma direcção política de um Estado de um povo maioritariamente fanatizado, quer pelo sofrimento histórico, quer pela apropriação do poder real pelo aparelho religioso, que deixa muito pouco espaço ao pensamento crítico sem o apelidar de antipatriótico. Funcionam também como escape a milhares de pessoas moralmente decentes, mas que encontram nesta formulação o repouso suficiente para adormecer a sua consciência perante barbaridades incríveis.
Não se pode comparar Israel ao Nazismo. Cada vez que se faz esta comparação imediatamente uma míriade de gente, comandada por um ocidente de má consciência, se empretiga todo num coro de protestos. Porém a natureza das violações, a enormidade das opiniões dififundidas, o objectivo mal disfarçado, deixam inquietantes paralelismos relativos às reacções de populações fanatizadas. Verdade que não chegaram ao extremos da eliminação física pura, simples e tão rápida quanto possível de todos os outros habitantes da Terra chamada Santa, mas por nenhum imperativo moral, apenas acções tão claras despertariam do seu letárgico entropecimento as consciências daqueles que estiveram expostos ao Nazi-Fascismo e aos seus descendentes directos mais lúcidos, a quem um imenso lençol de propaganda e preconceito vai tolhendo em relação ao crimes de negação de abastecimento de água, de viveres, de medicamentos, de acesso à actividade pesqueira, de destruíção das terras cultivo, e por fim à apropriação da terra, que o Estado de Israel vai praticando iniquamente utilizando o nome e as agruras do povo judaíco como justificativa.
Não há espaço para a Paz! A violência agora exercída só vai servir como alfobre para novos tipos de violência, onde prevalece a Lei de Talião. A parte mais fraca, o povo Palestiniano - que diga-se a bem da verdade é um conjunto muito heterogéneo de pessoas - vai retaliar por revolta e por vingança contra estas acções com os meios que tiver ao seu dispor, fazendo com que mais tarde ou mais cedo a quimera de segurança constituída pelos muros ou pelos sistemas de intercepção de rockets venha a dar lugar a uma realidade bem mais sinistra para o povo judaíco. Espera-se que pelo menos então exista desta parte um pouco mais de clarividência.
O papel do mais "moral" exército do mundo. O Tzahal tem como é óbvio um importante papel, que não passa seguramente por bombardear criancinhas nas praias, envios de sms ou de bombas "pequeninas" de aviso ao armagedeon posterior, nem tão pouco o bombardeamento de Escolas e Hospitais por que lá alegadamente se encontram militantes do Hamas. Os estrategos israelitas sabem, contrariamente ao Sr. Netanyahu e aos seus ministros, a que se soma a vastíssima parte dos deputados do Knesset, que acabar com a resistência palestiniana é um acto tão inutil quanto impossível, ou então estariam dispostos a multiplicar o número de baixas do lado palestiniano e do próprio exército a um nível intolerável para qualquer limite moral. Cabe-lhe então o papel de colocar este governo no seu lugar, não o deixar cavalgar o desvario de uma hecatombe humanitária e colocar as negociações de Paz na ordem do dia. Não é de estranhar que sempre que houve uma acção, mais ou menos questionável mas acção, visando um acordo de Paz foi quando a chefia do Governo de Israel provinha do exército. É que por variadíssimas razões, mais ou menos relutantes, estas pessoas viram directamente a que imoralidades conduziam as orientações morais dos seus governos. E se o IDF deixasse de obedecer?
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