Havia determinado jamais abordar a vida interna de um Partido, e assim nunca fiz qualquer comentário às opções dos militantes dos vários partidos - excepto para notar onde se colocavam esses partidos face às escolhas feitas.
Nunca o fiz, mas vou fazer! Não porque me seja relevante que o partido A ou B tenha por líder fulano ou sicrano, especialmente se no frigir dos ovos a omelete resulta igual. Acontece que quando as afirmações dos concorrentes extravasam a simples politiquice interna e se tornam relevantes a nível político nacional a abordagem das mesmas tem de ser feita também do mesmo ponto de vista.
Um dos concorrentes a ser designado como cabeça de Lista para as legislativas de, supõe-se 2015, pelo seu partido (errada e erroneamente designado de candidato a primeiro ministro) e que enfrentará uma coisa do estilo parece que é uma votação, lá para Setembro, tem afirmado aos sete ventos a sua orientação de esquerda. Tem dito que o partido não pode ficar condicionado pelo pensamento de direita, que se quiser fazer diferente tem de se libertar do pensamento da direita, além de outras várias tiradas do mesmo calibre.... Louváveis palavras e louváveis princípios do homem providencial que, ao fim de tantos anos, vem resgatar o seu partido da deriva direitista em que havia embarcado. Mas virá mesmo?
Ainda não estava seca a tinta da impressão dos jornais sobre as impressionantes tiradas de profissão de fé à esquerda e o homem providencial vem dizer que quer uma maioria absoluta. Para que a quer ele? Se a sua postura é à esquerda, bem como os seus princípios e práticas facilmente encontrará à esquerda apoio suficiente para levar a cabo esse corte com as políticas que vêm determinando a governação do país...a menos que seja outro o seu fito. E se é outro o seu fito que não pode contar com o apoio da esquerda, qual a sua natureza? Não é muito difícil de ver que o inconfesso interesse desta personagem é prosseguir mais do mesmo, ou até pior, ficando com as mãos livres para não ter de claramente se apoiar na direita para levar a cabo os seus desígnios e para não ter de se incomodar com a esquerda a exigir-lhe uma política de esquerda a sério.
Pretende este D. Sebastião das dúzias obter a quadratura do circulo, reunindo votos à esquerda para depois ir governar à direita.
Esquece no entanto que mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo, e que não é com grandes tiradas e apoios que criará o fumo suficiente que lhe sirva de cortina...quem sabe de nevoeiro.
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