quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Reino (des)Unido

Não faço ideia qual será opção de voto do povo escocês. No próximo dia 18 iremos descobrir se se mantêm como uma nação submissa à monarquia britânica, ou se escolhem seguir uma via própria que, por enquanto passará por uma união de coroas.
Estou habituado a ver fracassarem as mudanças referendárias, desde o Quebec, à Austrália, desde de que essas mudanças interfiram com os mercados e a sua estabilidade, portanto não me admiraria que mais uma vez fosse este o resultado.
Confesso que a vergonhosa campanha do "Better Together" já me teria feito decidir pela independência se fosse descendente de Pictos e Scotos. É absolutamente inadmissível que se aceitem promessas de devolução de poderes que até há pouco tempo estavam fora de causa devolver. Das duas uma, ou a sua devolução era uma justa reivindicação e nessa caso colocava uma decisão que deveria ser da Escócia em mão alheias e que não se pretendia resolver, ou essa devolução é contraproducente e é feita em desespero de causa. Em qualquer dos casos é uma postura inaceitável.
Outra postura inaceitável é ameaçar com todo o tipo de isolamento, monetário, empresarial, desportivo, se a opção for o Sim. Então terá de sofrer sanções de todo o tipo um povo na sua escolha se esta não for a que agrade aos poderes instituídos? Muinto me espanta de quem para um Kosovo independente à falsa fé encontrou soluções para tudo.
Bastaria esta vergonhosa atitude de deslealdade para se ver que o Reino só existe Unido há muito para Bancos, Multinacionais e Agentes de Governação política, completamente alheios aos anseios e necessidades dos povos, de que o Bedroom tax é um excelente exemplo.
Poder-se-ia dizer que a Escócia saiu já vitoriosa da contenda qualquer que seja o resultado, pois que em caso de Sim seria dona das suas decisões, em caso de Não ganharia novos e amplos poderes. Mas a verdade é que ninguém garante que as promessas do Primeiro Ministro  e dos demais lideres dos maiores partidos britânicos sejam para cumprir uma vez passado o dia 18. Fosse assim e não estariam os Bancos já a anunciar as saídas das suas sedes de Edimburgo e Glasgow para Londres caso o resultado não seja o pretendido.
Só posso desejar que os povos saibam descernir a diferença entre os seus interesses e os interesses do Capital.

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