segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Oh Marques Mentes!


Não se desconhece que o ódio que a direita nutre pela Festa do Avante a leve a deitar mão a todo o tipo de argumentos. Nem se estranha que recorra a insinuações e manipulação para atingir os seus objectivos. Porém para tudo há limite.
Quando os seus porta vozes nos meios de comunicação entram pelo campo da mentira descarada aí estamos num novo patamar de vale tudo.
É MENTIRA que o PCP tenha gozado de alguma forma de favor perante a lei. É FALSO que a DGS tenha proibido os festivais de verão. Mas mesmo que o tivesse feito a Festa do Avante não só não é um festival de verão como não é por esse motivo que estes "comentadores" da direita a desejariam cancelada.
Nas suas directivas a DGS indicou uma série de medidas que esses festivais teriam de adoptar para se poderem realizar. NÃO PROIBIU realização de nenhum festival.
As organizações destes festivais indicaram à DGS que não tinham condições logísticas e financeiras para fazer face às medidas indicadas e que, portanto, cancelariam os eventos.
A Festa do Avante não é, repito, um festival de verão mas, ainda assim foi colocada perante as mesmissimas restrições dos festivais de verão. Com a diferênça que o PCP respondeu à DGS que tinha condições quer de organização quer financeiras para IMPLEMENTAR TODAS AS MEDIDAS IMPOSTAS PELA DGS PARA A REALIZAÇÃO DA FESTA. E é por este motivo que a Festa do Avante se realiza e os festivais não. Não há favores nem leis diferentes. Há de um lado o desinteresse pela falta do lucro e do outro a consciência que a mensagem da Festa é muito mais importante que qualquer lucro.
Por outro lado é utilizado o argumento que o PCP irá colocar no espaço 100 mil pessoas. De novo FALSO! Na conferência de imprensa promovida pela organização da Festa do Avante, nem o Alexandre Araújo nem a Madalena Santos disseram tal coisa em nenhum momento. O que o Alexandre Araújo disse, de facto, foi que o tamanho do recinto foi aumentado, que em anos anteriores chegou a haver 100 mil pessoas, que o PCP mantém um controlo das Entradas vendidas, que não alterou a capacidade de entradas, mas que, a qualquer momento, dependendo da evolução da situação pode suspender a venda de mais entradas. Pretender com isto dizer que vão estar 100 mil pessoas no mesmo momento na Festa é de um DESCARAMENTO atroz.
Sr. Mendes, Sr. Sousa Tavares, que a raiva que os consome é sobejamente conhecida não tenho qualquer dúvida. Que usem de todo o tipo de argumentos para a expressar também não. Mas que aproveitem da diferente capacidade de difisão para espalhar as mentiras mais decabeladas sobre a organização da Festa do Avante, sabendo que o contraditório que facilmente as desmonta é profundanente silenciado e aproveitarem-se conscientemente disso é não só indigno como é velhaco e deixa à mostra o vosso jaez e de quantos espalham as mentiras sabendo que o são.
A Festa do Avante irá realizar-se dentro da lei, mesmo sendo a aplicável aos festivais de verão, e com a garantida observância de todas as normas importas pela DGS.
Quanto à mentira e ao boato sabemos que são a arma da reacção e é necessário esmagá-los como serpentes venenosas que são.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

A segunda noite de Varennes

fonte: alamy.com

Para aqueles que entendem que a história se repete (independentemente de tragédia ou farsa) a fuga de Juan Carlos não deixa de ter uma certa semelhança com a fuga de Luis XVI, procurando alcançar território austríaco e escapar assim ao julgamento dos seus concidadãos, no decorrer do processo revolucionário francês de então.
Já houve quem fizesse o paralelo com Afonso XIII em 1931 mas, apesar do straperlo, não creio que Afonso tivesse grandes motivos de receio do sistema judicial a menos que se procedesse a um julgamento político - que podia ocorrer - que não era de grande probabilidade.
Já houve muitos reis em fuga diante da turba por várias razões, e por vezes até reis que hoje ninguém se lembra que o fizeram, nomeadamente da tão incensada monarquia britânica diante do levantamento jacobita. Porém a família Bourbon parece especialmente apetente para fugas atabalhoadas para evitar enfrentar a multidão.
Com o mar de escândalos financeiros que abalam a impoluta coroa espanhola, que só o era por impossibilidade de se fiscalizar as actividades criminais do rei - uma espécie de criminoso autorizado - a sua abdicação foi pior que o soneto, pois que ao deixar de ser intocável todo o podre veio ao de cima, e podia ter permanecido intocável toda a vida.
Assim deixou a uma personagem, aparentemente mais limpa, cargo e agora país. Mas há uma coisa que não pôde evitar, que o nome de Filipe aparecesse em origem, co-gestão e beneficiário de umas fundações de objecto duvidoso e que eram criadas e desapareciam ao sabor de lucrativas transacções.
É claro que não pode investigado o papel do presente rei em toda esta mixórdia, e se nunca abdicar, ou se não for sensatamente abolida a instituição que tal permite, a extensão do seu conhecimento e participação poderá só vir a ser conhecido muito depois de ser já pó, mas que se percebe que sabia disso nenhuma dúvida resta.
Com o seu momento Varennes, este Bórbon (só muda a grafia), pensou ter salvo a sua cabeça (no sentido figurado) e a coroa. Cabe aos povos de Espanha mostrar que assim não é, que se exigem respostas e que sejam todas as respostas. E que não possa hver gente acima da lei por mais que deus lhes tenha concedido graças.