terça-feira, 22 de julho de 2014

600 falhanços



Se fossemos dar alguma credibilidade às palavras do Embaixador do Estado de Israel nos EUA sobre o significado das baixas palestinianas na análise da agressão levada a cabo em Gaza, em que cada baixa civil - como se houvesse outras - é um falhanço e uma tragédia, teríamos de concluir que o comando das forças do IDF considera esta acção como um imenso falhanço e, portanto de acordo com as responsabilidades políticas o Governo israelita deveria apresentar a sua demissão imediata. Porém sabemos não ser assim, sabemos que ao abrigo de palavras hipócritas como o direito à defesa o que de facto se passa é uma guerra de terror destinada a limpar etnicamente a região, matando ou expulsando a população palestiniana.
O argumento de que os rockets do Hamas são idênticos ao bombardeamento de Londres pela Alemanha hitelariana, só cabe numa mente tresloucada, qualquer britânico que tenha uma tênue memória da batalha de Londres sabe que centenas de bombas foram lançadas continuamente pela Luftwaffe, destruindo quarteirões inteiros e deixando Londres repleta de mortos e feridos, o que nada tem a ver com os rocketts que fizeram uma vítima e nem perturbaram seriamente a vida quotidiana, nem mesmo em Sderot perto de Gaza. Mas não creio que o Embaixador Dermer tenha subitamente enlouquecido.
A afirmação, perante o cenário de destruição, de morte e sofrimento, esse sim digno do bombardeamento aéreo de cidades durante a segunda guerra mundial, que os soldados israelitas deveriam ser galardoados com o Nobel da Paz, deveria envergonhar os galardoados, embora a vergonha de alguns seja uma miragem, e o próprio comité do Nobel da Paz por alguém sequer ter sugerido que poderiam considerar semelhante aleivosia.
Não há direito de defesa que consagre a agressão e, por muito que os disparos do Hamas não primem por assegurar um clima propício à procura da Paz, não foram estes os motivos de uma acção da escala lançada por Israel. Alguém se esqueceu que o pretexto foi o assassinato de três jovens que se deslocavam à boleia entre os colonatos ilegais e Jerusalém ocidental, mas aqui ninguém sequer insinuaria que se tratavam de provocações às populações palestinianas, foram de facto infelizes vidas apanhadas numa teia de violência difícil de controlar. Já a população de Gaza é considerada por Israel  como tendo de expiar uma qualquer culpa comum.
Com efeito Israel vai de falhanço em falhanço até que um dia criará uma situação de que será a primeira vítima.

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