quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Portugal Olimpico


Com as olimpíadas quase no fim, a contabilização do nosso medalheiro é, no mínimo, modestíssimo. Fora a medalha de Bronze da Telma Monteiro nada mais se perspectiva.
A culpa não é dos atletas que, com grande dedicação e sacrifício, treinam anos em condições que na maior parte das vezes depende apenas do seu empenho, sem ou com poucos apoios, poucas oportunidades de competir mais vezes fora, sem ter condições de levarem os seus treinadores consigo, sem facilidades nos seus empregos ou estudos. Os resultados que vão obtendo escondem na maior parte das vezes as limitações a que estão sujeitos, mas nas olimpíadas em que a pressão psicológica é enorme ficam bem evidentes as limitações em termos de apoios até nesta área.
O Secretário de Estado da tutela disse que temos os apoios que podemos para um país pequeno e com poucos recursos. Que não podemos comparar-nós com grandes potências desportivas , nem com outros países vizinhos. Tem razão! Não podemos, nem devemos comparar-nós com países em que a riqueza e recursos podem garantir mais condições e portanto devemos olhar para a nossa ordem de grandeza. Poderemos comparar-nos à Grécia? mas essa conta já com dois títulos, com o Kosvo? conta já com um, com Cuba? já vai com dois e várias outras medalhas, com o Vietname? Com as Fiji? Temos seguramente mais recursos que eles é ainda assim todos eles, não falando de muitos outros têm delegações mais pequenas e, aparentemente mais produtivas. Donde a desculpa também não reside aí. 
Se o motivo não reside na falta de qualidade, de vontade e esforço, nos recursos existentes, reside em quê? Quanto a mim, leigo na matéria, reside na falta de planeamento a longo prazo, reside na falta de prática desportiva escolar a sério, reside no definhar das colectividade que colmatavam a grande falha do desporto nacional, reside na falta de equipamentos na quantidade suficiente para dar resposta às necessidades, na falta de aposta na formação de valores que tornem a competição interna mais equilibrada, na falta de apoios para a internacionalização dos valores que existem.
Enquanto o desporto não for pensado de baixo para cima, ou seja da quantidade de praticantes surgem os que têm capacidade e/ou a conseguem desenvolver, e for pensado na base do talento excepcional que aparece isolado, bem podemos esperar, fazê-los esfalfar-se, exigir-lhes resultados, fazê-los sentirem-se culpados, frustrados, e desmotivados perante as expectativas criadas e os sacrifícios que fizeram, que não vai resultar.
É que não é uma questão atlética, é uma opção política para uma política desportiva.
Quanto aos nossos atletas saúdo-os a todos e cada um pelo seu esforço, dedicação, sacrifício, e pelo seu desejo de representarem condignamente o país e o povo.

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