segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Crónica da Cidade Branca


Branco é uma cor que, pela civilização ocidental, é assiciada à paz e à pugna por este bem maior da humanidade. Parece ser assim estranho que o nome da cidade de Alepo (Halab significa branco em Aramaico e o diminutivo em Árabe ash-Shahbaa, em Arábico: الشهباء, significa a mesma coisa) apareça tão ligado à Guerra civil na Síria. Mas na realidade a cidade fica numa encruzilhada estratégica que faz mover muitos interesses e dinheiro para garantir o seu controlo. É-o assim hoje, como já o foi no tempo do Império otomano, nas Cruzadas e desde o seu aparecimento à seis mil anos antes de Cristo.
Com o falhanço do golpe que EUA e os seus aliados pretendiam dar sobre o Governo de Assad, acobertado de Primavera Árabe. Golpe falhado mas que fez mostrar a face dos verdadeiros financiadores e suporte do terrorismo "islâmico". Tornou-se necessário, para que todo o edifício não rua em menos de um nada, impedir uma vitória decisiva do Exército Sírio sobre os grupelhos mais ou menos islâmitas, armados e financiados por Riad e Quatar sob a aprovação da CIA e do próprio governo dos EUA.
Assim procurou acumular-se todos os recursos ainda disponíveis num esforço de impedir o fechamento total do cerco a estes grupos, cerco esse que o Presidente Obama veio rapidamente chamar de medieval, esquecendo práticas do chamado Estado Islâmico que são incomparavelmente mais bárbaras e sobre as quais pouco ou  nada disse. Já para não referir certos usos internos mais próprios da idade das trevas do que de um país surgido do Iluminismo.
Deste modo as forças do Estado Islâmico e afins, como a Frante al-nusra, hoje rebatizada para não chamar tanto a atenção, puderam lançar uma contra ofensiva que, ainda decorria a batalha, e davam já os meios de comunicação do ocidente, mais o "desinteressadissimo" Observatório Sírio dos direitos humanos, como uma importantíssima vitória rebelde, gabando-a e celebrando-a em artigos de jornal e peças televisivas.
Quando a coisa afinal pareceu que não eram bem "favas contadas", e que não estava encontrado ainda vencedor da contenda, os jornais e televisões tiveram um ensurdecedor silêncio de quase 24 horas para virem depois dizer em pequenas, parece que... Mas as coisas estão voláteis.... Estava controlado, mas. Isto perante desmentidos do Exército Sírio garantindo que pese embora a violência dos contra-ataques foi possível manter posições.
Por aqui se vê que não custa muito aos media ocidentais por de lado as suas preocupações com o terrorismo e o fundamentalismo islâmico quando trata a garantir o tilintar nos alforges dos seus patrões.
Da manutenção de Aleppo nas mãos dos insurgentes islâmicos ou do garantir do domínio governamental da cidade branca muita coisa se jogará no médio oriente e na economia mundial. Porém uma coisa é certa não se alcançará a Paz fazendo com que os recursos da Síria caiam nas mãos da Wall Street, da City ou de Frankfurt e de parelha o território e povo sírio nas mãos das forças mais obscurantistas do momento histórico actual.
O Branco é a cor da paz. Oxalá Aleppo possa ostentar sempre esta cor no futuro.

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