segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Crime de Genocídio


Não tenho por hábito escrever dois artigos no mesmo dia, porém a notícia que o diário catalão "El Periódico" de hoje é de tal maneira grave e chocante que não me é possível deixar para outro dia, especialmente sob o calor estival em que nos encontramos. 
Denuncia o jornal catalão que Israel está literalmente a chacinar o povo palestiniano recorrendo a uma arma absolutamente perversa: A sede.
Enquanto os colonatos são amplamente abastecidos de água, até para o enchimento de piscinas - actividade de notória primeira necessidade - as localidades da Cisjordânia estão a receber água uma vez cada a 25 dias, entre duas a quatro horas.  Fazendo os palestinianos depender de poços cuja qualidade não é assegurada, e da Mekorot (companhia de água israelita).
Mekorot que, a partir de Maio diminuiu o caudal de abastecimento às localidades da Cisjordânia. No entanto os inúmeros colonatos que aí pululam, que já recebem um abastecimento substancialmente maior durante o ano, vêem este abastecimento ainda reforçado.
Com o aumento da procura nos colonatos e estando diminuída a possibilidade de captação nos aquíferos o abastecimento as vilas e aldeias palestinianas é diminuído ou pura e simplesmente cortado.
Segundo o "El Periódico" a Mekorot alega que abastece os palestinianos com o mesmo caudal, porém são os próprios trabalhadores da empresa que testemunham que foi reduzido o abastecimento aos palestinianos por não haver água suficiente para os colonatos.
Para termos uma ideia da guerra perversa que o estado de Israel move contra a Palestina, basta ver que os colonatos são abastecidos 24 horas, enquanto os palestinianos fornecidos uma vez por mês, têm de recorrer a camiões cisterna, sendo a diferença de preço do metro cúbico entre as duas de 5 para 15 shequeis (€ 1,17 para € 3,5). A isto junta-se a diferença de acesso ao recurso que varia de 300 litros/pessoa por dia para os colonos, 240 para os restantes israelitas ruma média de 73 litros/pessoa por dia para a Cisjordânia - abaixo dos 100 litros recomendados pela OMS - sendo que em algumas comunidades é mesmo menos de 30 litros.
Na faixa de Gaza a situação é ainda mais dramática, atingindo foros de catástrofe para a saúde pública. Com as estações de dessalinização paradas por falta de peças para reparação, impedidas de entrar no território devido ao bloqueio israelita, com as fugas do sistema de águas residuais pelo mesmo motivo, pela demolição dos projectos de abastecimento - alguns financiados pela comunidade internacional - levadas a cabo por Israel e com a sobre-exploração dos aquíferos, únicas fontes de água, que conduzem à sua salinização, 96,4% da água em Gaza não se encontra dentro de padrões para consumo humano, sendo os níveis de cloretos muito acimados níveis toleráveis. 
A destruição assim provocada nas capacidades produtivas da Palestina e o atentado directo água saúde no presente e principalmente no futuro afectando irreversivelmente as gerações mais novas  é um acto de Guerra e, sem dúvida, deveria ser considerado um acto de genocídio, genocídio esse praticado não de uma uma forma rápida, como o aplicado pela Alemanha nazi, mas de uma forma lenta, porém não menos cruel.
Não gostam da comparação? Temos pena! Não se comportem como tal.  

2 comentários:

Anónimo disse...

Estamos Solidários com causas importantes como esta.

Como está no presente a causa do Sahara Ocidental ?

Carlos Moura disse...

A morte do Presidente da República Árabe Sarauí Democrática Mohamed Abdelaziz foi, como é óbvio, uma sotuação nada fácil. Especialmente quando Marrocos tenta mais uma vez com alguns aliados, como o actual Presidente do Chade, isolar a RASD tentando que o seu regresso à União Africana implique a suspensão do Sahara Ocidental, procurando desta forma silenciar a voz dos sarauís.
Porém não parece vir a conseguir os seus intentos.
Entretanto a Polisário elegeu já Brahim Ghali como novo Presidente da RASD e desta forma renovada espera-se que a questão do referendo de aito-determinação que foi a base do cessar fogo acordado com Marrocos, mas que este nunca cumpriu, volte a ser trazido para cima da mesa procurando obrigar Marrocos ao cumprimento dos compromissos assumidos.
Espero ter ajudado a prestar algum esclarecimento.
Abraço