segunda-feira, 4 de julho de 2016

Exitando



O resultado do Referendo no Reino Unido ditou aquilo que, creio, ninguém se atrevera a pensar seriamente: A saída desta união da União Europeia. Mas, embora exista uma excitação que corre pelos media e pelos corredores das instâncias europeias, a verdade é que não foi accionado ainda a cláusula 50º do Tratado de Lisboa e nem se sabe quando será ou se alguma vez será.
O Referendo do BREXIT não é, de acordo com as leis da Grã-Bretanha, vinculativo, tendo o Parlamento de Westminster as prerrogativas de fazer o que entender. É claro que dificilmente se compreenderia que procedesse de forma contrária ao voto popular mas, nas regras das democracias ocidentais o voto popular sempre teve muito pouco ou nada a ver com as decisões tomadas e o método de eleição do Parlamento dos Reinos de Sua Majestade é disso o mais flagrante exemplo. Donde não seria de estranhar que esta história acabasse em "much ado about nothing".
Os motivos que levaram o povo inglês ao voto pela saída não foram, infelizmente, aqueles que deveriam ter sido. Havia uma miríade de razões para o fazerem, a começar pela fortíssima limitação da soberania que a partir de Bruxelas uma clique que não presta contas perante ninguém, excepto aos poderes económicos, impõe. Mas essa limitação prende-se com a gestão dos recursos, do tipo de desenvolvimento, das políticas prosseguidas para o atingir. Nunca aqui devendo ter lugar o escorraçar de imigrantes e demais residentes estrangeiros, e muito menos por motivos de língua, cor de pele, religião. Esta é uma linha de demarcação que tem de ser muito clara para que não prespasse para as populações que a esquerda apoia ou sequer tolera qualquer forma de xenofobia ou racismo.
De qualquer forma a UE nada retirou como ilação do voto britânico (em bom rigor inglês e galês), portando-se como uma potência invasora e não como uma união de povos (que a bem da verdade também nunca foi).
Seria pelo menos avisado notar que o mal estar em relação aos ditames é bem mais extenso do que a Inglaterra. E ainda que Escócia, Irlanda do Norte ou Gibraltar tenham votado pela permanência, esse voto deveu-se às ligações fortes que essas nações possuem além fronteiras e que desejam manter, e não a uma situação de total "ensamble" com a UE.
A bem das contradições da UE não nos levarem a uma situação de conflito interno, seria no mínimo inteligente que a UE começasse a questionar os teores dos seus tratados, com ênfase nos que mais limitam o desenvolvimento equilibrado e condenam os trabalhadores à miséria.

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