quarta-feira, 20 de julho de 2016

O essencial... O acessório e os disparates pelo meio.


A polémica em redor dos Brasões florais na Praça do Império tem sido tão rica em disparates que transformaram um debate, que devia ser sério, num bacanal de tontices e saudosismos serôdios e tontices e modernidades afanadas que nada têm que ver com o debate.
1- Os Brasões da Praça do Império não são das Colónias. São das Capitais de Distrito Portuguesas e apenas quatro representam as então Colónias.
2- A Praça do Império já era Praça do Império antes dos Brasões. Ninguém propõe ou propôs mudar-lhe o nome.
3- Os Brasões só podem manter-se se a CML mantiver a sua Escola de Jardineiros, hoje desactivada, e os seus viveiros, únicas estruturas onde se mantém o conhecimento e os especímenes para manter os Florões.
4- Não é o facto de se aprovar a realização de um concurso de ideias que obrigue a aceitação do seu resultado. A votação em Câmara não é uma formalidade mas uma apreciação política.
5- Lá porque estão danificados não significa que não sejam obras artísticas a necessitar, como qualquer obra degradada, de restauro. Não deixaram de existir pura e simplesmente.
6- O restauro e manutenção de uma peça artística tem custos. Seja pintura, escultura, cantaria, ou neste caso mosaico-cultura. O argumento de que a manutenção é cara é um argumento de lesa-cultura, pois não passava pela cabeça de ninguém destruir o património porque o restauro é caro.
Dito isto cumpre ainda dizer: O Jardim tal como o desenhou Cotinelli Telmo não regressa e a proposta vencedora do concurso mais não é que uma miscelânea de conceitos que vão desde um mini-jardim botânico a relvados low-cost para turistas e é esse o seu conceito, travestido aqui e ali de recuperação do original, mas até com uma colina para proteger os turistas do ruído e realizar espetáculos, sem preocupação com o sistema de vistas.
Perante isto é óbvio que a manutenção dos trabalhos de mosaico-cultura quase únicos. Trabalhos que se integraram bem no espaço e o valorizaram, teriam sentido em ser mantidos. Valorizando-se assim também o trabalho dos Jardineiros municipais e evitando que amanhã a manutenção deste jardim esteja nas mãos de uma qualquer empresa desqualificada mas "bem baratinha" que pague aos seus trabalhadores dez reis de mel coado.

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