terça-feira, 14 de abril de 2009

A República Universal constroi-se


Hoje celebra-se mais um aniversário da proclamação da Segunda República Espanhola. Eu, como adepto da República, como única forma de governo democrático e alavanca para o socialismo, acredito na República Universal.
A génese da palavra República (do latim vontade do povo), é a mesma da Democracia (do grego governo do povo), isto porque qualquer ideia de um governo do povo tem que ser exercida pelo povo e não por um qualquer agente por maior que seja a sua unção divina. E é por isso que democracia, que o seja genuina e participativa, não é compaginável com uma monarquia, por benevolente que seja. A vontade de povo não se pode cumprir com um coordenador máximo hereditário, até porque nenhum gene garante qualidade de trabalho.
A República Universal porém vai-se construindo, é formada por vários retalhos, em avanços e recuos, mas tendendo a que se estabeleça de uma forma crescente sistemas aperfeiçoados de vontades populares. Há-as ainda burguesas, a maioria, ainda há zonas onde nem sequer as há, mas a luta e o caminho em direcção a elas são sempre caminhos em direcção à quebra com as tradições estabelecidas e onde os povos vão alcançando maior poder. Este é um passo essencial para o o amadurecimento da ideia de uma sociedade socialista a nível global. Mas não vem por oferta, é necessária luta. Por isso aqui fica o meu abraço fraterno aos povos Castelhano, Leonês, Catalão, Basco, Galego, Asturiano, Andaluz, Balear, Aragonês, Estremenho, Canário, pela conquista de uma solução republicana para Espanha, que garanta a igualdade de direitos culturais e cívicos entre estes povos, garantindo uma união fraterna que possa fazê-los convergir numa via socialista. A luta pela terceira República só pode trazer melhorias às relações destes povos e sanar contradições existentes até hoje. Só pode trazer uma convivência mais sã dentro da Península e, portanto, também um ganho para nós Portugueses.
Esperemos que muito tempo não falte para essa realidade.

2 comentários:

Leão disse...

Deixa-me associar a esta lembrança com este poema de quem foi assassinado às cinco da tarde:

SUITE DEL AGUA

PAIS

En el agua negra,
árboles yacentes,
margaritas
y ampolas.

Por el camino muerto
van tres bueyes.

Por el aire,
el ruisenor,
corazón del árbol.


Federico García Lorca


Abração para ti Amigo !

Carlos Moura disse...

Que poema tão interessante. O Lorca tem coisas fantásticas. Acho que de certa forma é um certo espírito da própria República Espanhola. E de facto como parece estar ainda tão distante, como distante é o caminho de Granada.
Abraço Grande