quinta-feira, 27 de maio de 2010

Partido Comunista da Irlanda - Declaração Política

Em boa hora me fizeram chegar esta Declaração Política emitida pelo Partido Comunista da Irlanda. É sempre bom saber que há muita gente em luta pelos vários países e que a sua análise é não só muito coincidente com a nossa, mas também que nos trás palavras de apoio e solidariedade para a luta que temos pela frente.
Ao lermos a declaração, que tomei a liberdade de traduzir para o português, para que fique acessível a todos aqueles que não dominam a lingua inglesa, temos a certeza que "Porque somos a diferença, que torna os homens iguais, não haverá quem nos vença...Cada vez seremos mais".

Partido Comunista da Irlanda
25 de Maio de 2010
Declaração Política


Na sua reunião ordinária o Comité Executivo Nacional do Partido Comunista da Irlanda (22 de Maio de 2010) apelou aos trabalhadores do sector público para rejeitarem o proposto acordo de Croke Park, por ser contrário aos seus interesses. Se for adoptado, os seus preceitos e impactos não se confinariam ao sector público, mas teriam efeitos em todos os sectores da economia, quer público quer privado.


Este acordo que não restabelecerá os direitos e salários já retirados aos trabalhadores do sector público, mas conduzirá ao agravamento dos seus imposições e condições. Está claro que o Governo da Irlanda, sob instruções da União Europeia, irá cortar mais ainda na despesa pública, e isto incluem novos ataques aos salários, pensões e outras prestações sociais bem como nos pagamentos e direitos dos trabalhadores do sector público.


O partido enfatiza que a liderança do movimento sindical na República abandonou a sua alternativa “De pé, levantem-se: Existe uma via melhor e mais justa” em favor da ideia de não haver outro caminho excepto o apresentado pelo Governo e a UE.


O aprofundar da crise por toda a União Europeia, mais concentrada nos países da zona Euro, expôs as fracturas profundas e as contradições no seio do projecto da UE. Os acontecimentos que se processam confirmaram a análise do Partido Comunista sobre a natureza, papel e estratégia dos poderes económicos que conduzem o processo de integração e a construção de um super-estado imperialista.


A estratégia da UE é de impor cortes drásticos na despesa pública, assegurando a perda de dezenas de milhares de postos de trabalho no sector público e resultará no crescimento do desemprego no sector privado. Conforme avisámos isto será o resultado do Pacto de Estabilidade e Crescimento.


A Comissão Europeia tenta salvar os banqueiros monopolistas e empresas financeiras às custas dos trabalhadores. Estes ataques não ficaram sem resposta, com milhões de trabalhadores por toda a UE a tomar parte em greves gerais e outras formas de resistência. Esta resistência criou sérias dificuldades, ao capitalismo monopolista e aos seus representantes políticos, nos seus esforços para impor a sua vontade ao povo trabalhador.


Nós expressamos a nossa solidariedade com todos os trabalhadores na União Europeia que vêm resistindo às políticas que vão sendo impostas pelos seus governos em nome da Comissão Europeia – os guardiões dos interesses do capital monopolista Europeu. O que é claro é que a Comissão Europeia está neste momento a tirar vantagem da crise para chamar a si mais poderes e controlar directamente as políticas orçamentais dos estados-membros no interesse do capitalismo monopolista e das principais potências do centro da EU, com a Alemanha em primeiro lugar.


O Partido Comunista da Irlanda de novo expressa a sua solidariedade com os trabalhadores da Grécia e a nossa organização irmã, o Partido Comunista Grego, que demonstraram uma coragem e disciplina tremendas na batalha na defesa e avanço dos interesses dos trabalhadores gregos, que se encontram de momento sob ataque do governo social-democrata – um reflexo da falência da social-democracia – sob a direcção e controlo da Comissão Europeia.


Nós os comunistas irlandeses, expressamos também a nossa solidariedade com os trabalhadores portugueses, espanhóis, e britânicos, que se encontram hoje sob uma ofensiva renovada contra os seus salários, pensões, bem como aos serviços de apoio.


O partido exorta os trabalhadores de toda a Irlanda a resistir ao esbulho dos seus salários e direitos para fazer os trabalhadores pagarem pela crise do capitalismo monopolista. A eleição de novo governo em Londres, dominado pelos conservadores, terá seguramente um efeito imediato e drástico no nível de subvenções das Finanças Britânicas para o executivo da Irlanda do Norte.


O movimento sindical tem agora de se preparar para montar uma resistência determinada e enfrentar a ameaça colocada pelos cortes na despesa pública e o seu impacte nos padrões de vida dos trabalhadores. Os efeitos das hesitações e claudicar e em alguns casos bloquear de uma possível resistência dos trabalhadores no Sul, por alguns lideres sindicalistas teve um efeito significativo na moral dos trabalhadores, confundindo-os e desorientando-os.


As políticas económicas e a estratégia de investimento não podem ser deixadas nas mãos da “Comissão de Investimentos Estratégicos” para determinar as prioridades de investimento e desenvolvimento económico e social. Estas áreas cruciais devem ser sujeitas ao controlo democrático e ser sujeitas à avaliação pública, e não, tal como está, para assegurar a desacreditadas Iniciativa Financeira Pública e as “parcerias público-privadas”.


Enquanto a economia dominante e a minoria política usarão a crise para lançar novos ataques numa ofensiva generalizada contra os trabalhadores, isto dará uma oportunidade às forças progressistas para apresentarem as suas reivindicações e ganhar os trabalhadores para políticas económicas e sociais progressistas.


O que está cada vez mais claro para um crescente número de pessoas é que as soluções económicas que vão sendo impostas aos trabalhadores em toda a Irlanda, não promoverão os interesses dos trabalhadores, não criarão trabalhos para as centenas de milhares de desempregados e não auxiliarão aqueles mergulhados na pobreza. Ambas as entidades políticas falharam como entidades económicas separadas. A única solução duradoura é a construção de uma economia irlandesa unificada, centrada nos interesses e necessidades dos trabalhadores.


É convicção dos comunistas irlandeses que os ataques em curso por toda a União Europeia têm de ser enfrentados com uma acção unida e determinada dos trabalhadores. Apoiaremos qualquer iniciativa que ajude a fomentar a unidade contra o capitalismo monopolista.

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