sábado, 1 de maio de 2010

Apesar de tudo - Maio...


Hoje é dia Primeiro de Maio, Dia do Trabalhador. 120 Maios de luta por uma vida mais digna para todos. Hoje travada no nosso país, e em muitos outros, contra uma ofensiva de fazer regressar a tempos de antenho direitos pelos quais se lutou e morreu.

A crise de onde saíram, os bancos e sistemas financeiros, a expensas dos fundos públicos pagos pelos trabalhadores, é hoje pretexto para tentativas de eliminar todo e qualquer direito social, regalia económica, procurando através de medidas que mais não disfarçam a acumulação de riqueza numa das pontas do sistema em detrimento de muitos. Procura-se assim manietar e retirar a dignidade dos homens e mulheres, fazendo-os sentir apenas como peças de produção, onde de facto são o factor determinante da geração de riqueza.

Não admira a revolta. Só admira que seja ainda tão pouca.

Amanhã é dia da Mãe. Dia de todas as Mães. Abro assim um paresntsis e deixo a palavra à minha. Mulher de grande sensibilidade social, que superou o défice de uma educação burguesa e observou o seu semelhante, tendo sempre concluido que os direitos são para todos e que todos têm direito a uma vida digna e humana. Uma mulher, que não tendo uma formação política concreta, forjou a sua formação política no entendimento do desejo de libertação da sua terra, até Abril colónia, que pese embora pobre, suportava os desmandos de um poder que humilhava e vendia, não só esta terra, mas muitas terras, hoje livres.

Uma mulher ainda que desencantada com o rumo do país, segue lutando e amparando a luta de todos os que que lutam, e falo especialmente por mim, como seu filho e de principio seu púpilo nos primeiros ensinamentos sobre a liberdade, o homem, o socialismo e o mundo. Devo-lhe muito. É dela a palavra:



Hoje é dia dos trabalhadores. Dia primeiro de Maio. Como o desejava lindo, mas o panorama não é dos mais famosos. O dia 25 de Abril de 1974, ou seja o dia da Revolução dos Cravos, foi um dia de esperança para os mais desfavorecidos. A luta vinha sendo renhida, a ditadura minava o país, os que se opunham eram maltratados, presos, humilhados, deportados e muitas vezes mortos em plena rua.


As ditas colónias, não suportavam mais as discriminações dos colonialistas, que roubavam descaradamente, pisando e maltratando os filhos da terra. Assim insurgiram e começou a luta armada que veio culminar na independência das colónias.


Na chamada Metrópole, onde por via da guerra colonial se dá o movimento revolucionário dos capitães, espera a esquerda uma melhoria de vida para os cidadãos. O que não veio a concretizar-se. Porquê? Os oportunistas enganaram o povo. A “democracia” torna-se capa onde se escondem corruptos, manhosos, ladrões, pulhas, vigaristas, etc, etc.


Este é hoje o país que temos, de assaltantes, mentirosos, oportunistas, vigaristas, falsificadores e usurpadores. É triste, mas presentemente é esta a condição. Os pobres cada vez mais pobres, e os audaciosos a viverem como nababos.


Para quem viveu o primeiro de Maio de 1974, em que a euforia, a perspectiva de vida melhor se via em cada cidadão. Hoje as ilusões acabaram… Mas a luta continua!

2 comentários:

Anónimo disse...

Mãe
Vou partir para onde os outros estão
Vou partir para as montanhas e combater
Vou partir para lá mesmo
Onde se bebe água das chuvas
Onde se respira poeira e pólvora
A toda a hora,
vou à procura de vida nova,Mãe.

Vou, Mãe,
Porque é preciso lutar
E pelo sabor amargo dos disparos
Arrancar a felicidade
A felicidade que nos é negada.

Hoje tudo é dramático, Mãe
Mas será belo quando eu voltar
-Porque amanhã voltarei
E comigo os outros
E connosco a felicidade.
É preciso sentir o peso das lágrimas
Que te caem rosto abaixo
E eu saberei senti-lo
Nos momentos mais difíceis
Nas horas duras de enfrentar
E na confusão dos gritos estridentes
Dos que serão feridos
Eu saberei senti-lo, Mãe.
E amanhã voltarei

E se não voltar
Voltarão os outros
Com o meu sangue feito arma.
E quando eu voltar,
E quando o meu sangue voltar,
Traremos connosco as Flores da Liberdade
Que eu plantarei
E que regarei com as tuas lágrimas,
Com o nosso sacrifício,
Mãe...


PENALVA CÉSAR ( poeta Moçambicano )

Abraço de Leão para vocês.

Carlos Moura disse...

Profundamente sensibilizado, Leão. Pelo poema é claro, mas também pela tua amizade.
Abraço grande