domingo, 17 de maio de 2009

Quem falará amanhã?



Desde que o sistema que deriva o seu nome na acumulação de capitais impera não tem sido estranho que quem obtem os dividendos são normalmente aqueles que menos são incomodados com os custos quer sociais quer ambientais das questões. Li recentemente que as populações das Ilhas Carteret já se encontram em processo de tranferência da suas casas para as Bougainville ,a oitenta quilómetros, a fim de escapar com vida à inexorável tragédia do desaparecimento da sua terra devido ao aquecimento global e consequente aumento do nível do mar.
Isto poderia ser a consequência das suas actividades industriais e estílo de vida. Poderia, não fosse dár-se o caso desta população não ter industia, luz, televisão e portanto ter uma baixíssima pegada ecológica. Donde estão a pagar os custos da poluição que alguém causa sem receberem desses responsáveis qualquer reparação. Reparação essa que pode ser equiparada às que deveriam ter lugar com a destruição de áreas de países menos desenvolvidos, ou às que se deveriam a todos os trabalhadores pelos bens produzidos ou quando são pura e simplesmente descartados face a menosres custos de produção.
Todas estas três situações são de facto idênticas pelo que resultam da apropriação de capital, pelos chamados investidores, e a perda desse mesmo valor quer do ponto de vista social como ambiental. Dizem e numa primeira análise poderia parecer realidade, que quer trabalhadores, quer populações têm assim, graças ao investimento de capital, acesso a bens e serviços que de outra forma não poderiam custear ou sequer usufruir. Porém muito raramente quer trabalhadores quer populações usufruem destas situações e num outro quadro poderiam usufruir mesmo destas de uma forma bem mais justa, recebendo a sua situação cuidados especiais tendo em conta que perdem completamente não só terra, e meio de subsistência, mas também a sua herança cultural.
Não quer isto dizer que numa sociedade socialista esta situação não teria tido lugar, todos temos na memória os casos célebres do Mar de Azov ou de Tchernobil, já para não referir situações extremas na RDA. Mas isso deve-se em grande medida a uma leitura produtivista da realidade e a tentativas de obter ganhos palpáveis na corrida com o ocidente, esquecendo que o Socialismo, para o ser de facto, tem de responder às questões de incorporação de mais valia no produto final que, não se reflectindo no trabalho, reflecte-se na degradação do meio e portanto também directamente nas populações, no seu conforto e qualidade de vida e na própria saúde pública, de onde a externalidade assim criada virá reflectir-se de novo no sistema ecomíco.
A grande diferença é: Sendo o Estado recai sobre toda a população, porquanto a riqueza do Estado é a percentaem da riqueza produzida por cada um que é posta a uso colectivo; No caso da economia Capitalista embora possa acabar recaindo sobre o todo através dos impostos, na maior parte dos casos acaba recaindo sobre os afectados directamente, aqui chamados de Utilizadores. Neste caso a apropriação por parte do poluidor é muito real, pois é ele que é o proprietário dos meios de transformação e que na ânsia de realizar capital, que é o seu objectivo primordial, o tem de vender o mais rápido possível.
As necessárias mudanças a nível mundial, sob pena de prosseguirmos uma senda de destruição, terá de ser uma mudança a nível de estrutura económica ou seja a substituição do paradigma do Dinheiro (Capital) para o paradigma do conjunto Humano (Social), pese embora não esteja garantida a solução imediata, só assim se poderá garantir condições para a desejada solução

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