sábado, 9 de maio de 2009

Os apagados



Vi num folheto que me foi distribuido que, no certame Doc_Europa, iria passar um filme de origem eslovena, de nome Rubbed Out. Esta película retrata a situação de 18.000 cidadãos (200 a 300 mil segundo o Observatório de Helsinquia) que por serem jugoslavos, mas não eslovenos, foram apagados de todos os registos à altura da separação da Eslovénia da Federação Jugoslava.

Ésta situação, claramente atentatória dos direitos humanos, passou e passa completamente desapercebida numa Europa que tantas loas democráticas tece a este estado.

A verdade é que a desagregação da Jugoslávia nada teve a ver com os interesses e desejos dos povos que a compunham, mas de interesses exteriores que mesclavam o seu ódio ao socialismo, mesmo na sua versão titista, com os ressaibiamentos da segunda guerra, lembrando que a Jugoslávia foi o único país que se libertou a partir do interior.

Rios de tinta e de ondas hertzianas foram gastos a falar da guerra cívil, primeiro nesta mesma Eslovénia, depois na Croácia, e finalmente na Bósnia-Herzegóvina, quando afinal se tratava apenas de procurar manter a unidade Jugoslava. Horas foram entregues a fazer da população do Kosovo mártir, quando ao fim e ao cabo a maioria albanesa que aí habita é mesmo isso: Albanesa. Vindos não assim há tanto tempo da vizinha Albania para dentro das fronteiras da Jugoslávia. Mas estas situações, de gente apagada como se nunca houvera existido. Esta inconveniência para uma cúpula europeia, que se diz extremamente empenhada nos direitos humanos, mas convenientemente só os dos outros, ficou silênciada e desconhecida, passando agora para a curiosidade documental.

Bom será que os olhos se abram e as bocas não se calem pondo a nú a hipocrisia de governos, dirigentes, e meios de comunicação ao seu serviço, e que despertem as conciências dos povos para que de uma vez por todas se livrem destes empecilhos para a paz, a solidariedade, a fraternidade e aliberdade dos povos, contruindo um mundo diferente.

O anarquista Durruti disse que transportamos um mundo novo dentro do nosso coração e que este mundo cresce a cada momento que passa. Diferindo deste sobre a forma de lá chegar, tenho esperança que este mundo novo faça justiça a todos os apagados da História.

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