Artigo publicado no jornal Registo
A Constituição da República Portuguesa garante que: “ Todos têm o direito de exprimir e divulgar o seu pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como de se informar e ser informados, sem impedimentos ou discriminações”. Garante também que: “O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por qualquer tipo de ou forma de censura”. Garante ainda que: “A liberdade de imprensa implica a liberdade de expressão e criação dos jornalistas e colaboradores…”Todos sabemos como a nossa constituição tem sido mal tratada e sabemos mais ainda que não tem sido respeitada, até com o beneplácito daqueles que deveriam ser os seus mais fiéis guardiões. Todos conhecemos que a coberto do chamado “interesse jornalístico” se têm omitido, escamoteado, e até minimizado e deformado, eventos, acções, acontecimentos e até opiniões.
Toda a liberdade de escrever e dizer é respeitada, mas é respeitada até ao ponto que não ponham em causa, nem sequer o poder político, mas particularmente o poder económico.Sempre que é posta em causa a opinião e as palavras dos chamados patrões da nossa economia.Sempre que são deixadas claras as suas estratégias e movimentações, para as quais é, diga-se de passagem, indiferente o partido do sistema que ocupe o poder. Normalmente essas opiniões e escritos jamais conhecem a luz do dia. Quando, por acaso, se dá o caso de virem a ser dados a estampa, tal acontece nas edições seguintes, em pequenas colunas desfasadas da matéria principal, e de tal forma amputadas que normalmente se tornam incompreensíveis para quem não conhece o assunto.
A nós, o povo, não é reconhecido nem respeitado o direito constitucional de sermos informados, porque aquilo que nos é dado a conhecer muito raramente, se é que alguma vez, têm ligação à realidade. É normalmente, e salvo raras e honrosas excepções, aquilo que interessa a quem possui, financia, ou publicita nos diferentes órgãos de comunicação.
A nossa imprensa não é livre. Os nossos meios de comunicação estão, de forma cada vez mais explicita, amarrados aos meios financeiros e ao capital até pela sua própria sobrevivência.
Com este panorama, em que nem sequer é necessária censura porquanto os próprios autores e quando não eles as suas chefias exercem autocensura, é óbvio que não possível esperar uma imprensa que funcione, de facto, como um quarto poder, mas somente um poder que expressa a voz dos seus patrões e cala tudo o resto.
Não podemos ficar calados. Todos nós que vemos ou sabemos ou opinamos sobre acções, eventos ou acontecimentos, temos o dever de falar sempre, temos o dever de chamar a atenção do nosso concidadão. Se nos impedirem nos jornais, nas rádios, nas televisões, colocá-lo-emos em sites, em blogs. Se nos fecharem os blogs e sites, escreveremos nas paredes e nos locais públicos. Se apagarem e arrancarem os nossos escritos e cartazes, di-lo-emos boca à boca, gritá-lo-emos se preciso for. Mas nunca nos calaremos!
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