quinta-feira, 5 de março de 2009

Magister Dixit

figura:Liberdade de Imprensa ou Liberdade de Imprensar? in josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br

É muito costume candidatos e candidaturas queixarem-se amargamente do pouco espaço que lhes é dado nos órgãos de comunicação social, vulgo media, o que veementemente negado por estes, e normalmente confirmado pelas autoridades "ditas" competentes na matéria.

Não é necessário um estudo muito complexo, aliás nem é necessário estudo nenhum, para verificar que o tratamento dado às diferentes sensibilidades políticas não é de todo igual. Normalmente aqueles que defendem um real alteração da situação merecem um maior descaso por parte dos jornais. Poderia dizer jornalistas, mas com frequência nem é este o caso, tratando-se das direcções dos jornais.

Um estudo referente à cobertura das últimas eleições em Lisboa, pelos Semanários Expresso e Sol, é mais do que eloquente e, pasme-se, foi elaborado pela Entidade Reguladora da Comunicação (ERC). Nele podem ler-se coisas como:

"Ambos os semanários conferiram, no período global, cobertura a todos os candidatos, embora com valores mais elevados para as sete mais votadas: António Costa, Carmona Rodrigues, Fernando Negrão, Helena Roseta, Sá Fernandes,Telmo Correia e Ruben de Carvalho. Em ambos os semanários a candidatura de Telmo Correia teve maior cobertura que a de Ruben de Carvalho;"

Donde se depreende facilmente que das Candidataturas mais relevantes eleitoralmente, a da CDU foi a que menor cobertura teve, inclusive menos que candidaturas menos votadas como Sá Fernandes - BE, ou do CDS/PP que nem sequer elegeu Vereadores. Quanto a cuidado de equidade e representatividade, estamos conversados.

Podemos ler mais à frente: "No Sol, apenas sete tiveram referência de primeira página. Nessas sete encontra-se a de Manuel Monteiro, estando ausente Ruben de Carvalho. No período oficial de campanha o Sol apenas mencionou na primeira página as candidaturas de António Costa, Fernando Negrão, Carmona Rodrigues e Helena Roseta;"

Logo, fica-se por aqui a saber que a democraticidade do SOL, não chega ao PCP. E que os nossos semanários vão oferecendo o mesmo ao nosso povo. E o que é válido para os semanários é válido para televisões, rádios e jornais diários. O que mostra que a Democracia é válida para estes senhores, só quando dá jeito, para tudo o resto é palavra vã.

Nota: Mandaram-me uma petição a favor dos Jornalistas do DN e JN, que se encontram em luta pelos seus postos de trabalho. Assinei. Assinei porque todos os trabalhadores têm direito ao seu posto de trabalho, porque são necessários e o trabalho não pode recair sob uns quantos super-explorados, e os outros na rua. Porque a redução de custos não se pode fazer degradando as condições laborais internas e colocando no desemprego trabalhadores realmente necessários e válidos. Estou solidário com os jornalistas, por muito que estes inúmeras vezes tenham vendido o seu sentido ético e democrático por medo de represálias. Ainda que estes não tenham resistido a situações cujo resultado é hoje este despedimento. Ainda que tenham sido cumplices, quer por acções, quer por omissões, do silenciamento de propostas sociais e políticas que vinham na defesa dos seus irmãos trabalhadores e deles mesmos.

Ainda assim estou solidário, estou solidário porque não quero que quando chegue a mim já seja tarde.

(O relatório pode ser lido na integra em: http://www.erc.pt/documentos/4%20Imprensa%20SEMANAL%20_Sintese%20conclusiva%20e%20Metodologia_.pdf)

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