segunda-feira, 7 de julho de 2008

Caem os Mitos

Fronte: Granma

“Morte (dirigindo-se à Vida fútil): Vês como falham os projectos fúteis que por vaidade disseste ter feito? Não têm base as grandezas inúteis, caem por si, só eu as aproveito.”
António Aleixo – Auto da Vida e da Morte


Quando aqui há um ano atrás, já em recuperação, Fidel Castro escreveu um texto no órgão central do Partido Comunista Cubano, “Granma”, criticando ferozmente ao ideia da produção de biocombustível a partir das culturas agrícolas, rapidamente um coro no Mundo Industrializado, incluindo muitos ambientalistas, se ergueu, reclamando desta tomada de posição, considerando-a atrasada, adversária de um desenvolvimento sustentável e ambientalmente sadio.

Rapidamente os adversários políticos, mas também inúmeras pessoas bem intencionadas, se posicionaram visando colocar Cuba, mas com ela também os comunistas, um pouco por todo o mundo, na posição de inimigos retrógrados do ambiente. Posições muitas vezes sustentadas em argumentos que tradicionalmente serviram para atirar sobre os países socialistas o ónus de defenderem um desenvolvimento produtivista, com índices de poluição muito elevados, e que mais uma vez serviram de arma de arremesso.

Em vez de atentarem nos avisos feitos sobre a ocupação dos solos, com culturas que não serviam para alimentar a população, em lugar de tomarem a devida nota sobre os riscos de provocar, através da especulação, a subida incomportável dos preços dos géneros de primeira necessidade, para a maioria da população, através do seu desvio para a produção de combustíveis, a grande maioria embarcou em rasgados elogios à postura dos países que se iniciaram nesse processo, saudando mesmo a Administração Norte-americana, pelo primeiro passo no sentindo do combate à produção de emissões de dióxido de carbono e da diminuição dos riscos de aquecimento global.

Durante algum tempo, quando a realidade do aumento de preços era mais que inegável, alguns tentaram atribuir essa aumento à melhoria da dieta dos Chineses e Indianos que, tendo passado a ingerir mais carne, provocariam pressão sobre o mercado das rações e das suas respectivas matérias primas.

Agora volvido mais de um ano, foi o próprio Banco Mundial (essa conhecida organização cripto-comunista) a responsabilizar a produção de biocombustíveis pelo aumento em 75% do preço dos produtos alimentares) (vide “Biocombustíveis acusados de terem criado a crise alimentar” in Público 5/07/2008). Indicando inclusive os povos da China e da península hindustânica se encontram completamente inocentes do crime de provocar a fome a nível mundial. De facto representam apenas, e ainda segundo esta instituição que não é conhecida pelo apreço pelas opiniões dos comunistas, um aumento incipiente.

Perante estes dados caem os não só os argumentos mas também a máscara de muitos dos nossos “fazedores de opinião” e opinadores de serviço, que papagueariam contra os marxistas qualquer coisa, por mais exótica que fosse, apenas para negarem o valor da análise económica e até ambiental desta ferramenta de análise. Contudo depois de caírem falácias e aldrabices a validade da análise à luz das suas premissas subsiste.

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