segunda-feira, 14 de julho de 2008

Ás armas cidadãos

Prise de la Bastille

Hoje é dia de Revolução. 14 de Julho 1789 marcou de forma profunda e inapagável a história da humanidade. É certo que a Revolução francesa está muito longe de poder ser considerada um movimento de libertação do povo, mas é um ponto de viragem na história da sua libertação.

A Burguesia torna-se pela primeira vez na história detentora do poder, no que se pode considerar um extraordinário avanço face ao modelo aristocrático do "Antigo Regime".

Doravante, mal ou bem, o poder não provem mais do direito divino, mas da legitimidade que a população lhe confere. Além disso ao analisarmos a revolução aparece claro que esta só é possível graças à adesão das classes mais desfavorecidas, ainda sem a consciência de classe que haveria de ser forejada mais tarde, com a industrialização, mas ainda assim são estas as massas que impulsionam a revolução.

O facto de não existir uma consciência de classe, fruto da sua vasta maioria não serem assalariados, mas sim servos, e de não existir um enquadramento ideiológico, porquanto a "Montenha" não é capaz de dar as respostas em termos de organização social para lá da ascenção da Burguesia, educional e culturalmente mais preparada, são factores impeditivos de avanços mais profundos dos que se verificaram. Porém não poderiamos esperar saltar essa etapa da história da humanidade que é o desenvolvimento das capacidades realizadoras da Burguesia, sob a forma de capitalismo.

Os saltos epistemológicos que se verificaram com as revoluções seguintes, especialmente aqueles em que a industrialização incipiente não havia permitido o desenvolvimento de uma classe burguesa que tivesse posto em causa a aristocracia, só seriam possíveis graças ao desenvolvimento a partir da Revolução Francesa, de conceitos, factores e capacidades de análise (em grande parte também ao desenvolvimento filosófico alemão, posterior às invasões napoleónicas) que permitiram retirar ilações relativas às capacidades de consciencialização dos assalariados para a sua condição e capacidades de intervenção dos mesmos, no qual a França irá ser o balão de ensaio até à Comuna, do qual sairão ensinamentos para outros processos.

Deste modo, faz sentido, para um blog como este, celebrar um dos dias mais importantes do processo revolucionário francês - A tomada da Bastilha.

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