quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A Praça de jorna & a Feira das vaidades


fonte da foto: blog ideal-comunista

Mandaram-me um delicioso vídeo com uma situação que lembra muito as práças de jorna que existiam no nosso país, especialmente no Sul, antes do 25 de Abril. É verdade que desta feita com técnicos e executivos caídos em desemprego com a crise, mas não menos ilustrativa do facto de se tratarem de trabalhadores que não são donos da sua ferramenta de trabalho e, portanto, sujeitos às leis da oferta de trabalho.
A praça de jorna, que não era um exclusívo do nosso país, foi sempre uma situação extremamente humilhante para o trabalhador, mas é verdade que permitiu também a consciencialização dos trabalhadores para a sua condição e a organização da resistência e luta contra as condições impostas pelo patronato. A praça de jorna retratada no filme, ainda não tem criadas as condições objectivas para se tornar um foco de resistência ao capital, mas deixa à mostra a condição de certos trabalhadores que pensavam, na sua santa ingenuidade, que eram outra coisa senão proletários.



A condição do proletário é, como bem coloca Marx, o facto de não ser o dono da sua ferramenta de trabalho. E por falar em Marx, será interessante ver o que vai saír do Congresso sobre Marx do próximo fim de semana. Com uma panóplia de intervenientes de grande craveira, uns Marxistas outros não, nota-se a prevalência de elementos ligados adeterminadas organizações políticas.
Sobre estas não tecerei comentários, pois que não lhes reconheço a coerência ideológica ou de práxis para afirmarem uma alternativa Marxista, uma vez que se não for revolucionária e intentar fazer a superação do Capitalismo, dificilmente se poderá chamar de Marxista. Nesso aspecto louvo a coerência de um amigo meu que fará uma apresentação nessa conferência e que se afirma não Marxista (se bem que me lembro bem de uma célebre entrevista de jovens com Álvaro Cunhal, no qual, este meu amigo, se declarava um Comunista sem partido. Pergunto-me se com a crise do capital terá voltado a ser Marxista ou não).
De facto se este Congresso de Marx não serve para aprofundar os postulados marxistas, nem para propor alternativas revolucionárias, serve exactamente para o quê? Para nos deleitarmos com a sapiência dos intelectuais presentes? Por mim acho um deleite excusado porque não ponho em dúvida o seu grau de sabedoria, simplesmente não concordo com eles pelos motivos que vou expondo e isso basta-me bem. Esperemos que não seja para ser vistos pelos media, tornados conhecidos e reconhecíveis pelo eleitorado, porque feiras de vaidades seriam a coisa menos marxista que poderiamos encontrar.

4 comentários:

Anónimo disse...

Tambem recebi e acho uma maravilha.
É caso para recordar Manuel da Fonseca e as suas Praças de Jorna. LEÃO

Carlos Moura disse...

É verdade, quem diria que seriam actuais tanto tempo depois? Esperemos que os olhos se abram e os ouvidos se apurem.
Abraço

SP disse...

Que dizer a cada um dos amigos que me disseram: gosto de ti - vem e fica??

Deixo este testemunho: esta luz forte e sublime.

OBRIGADO!

muito, MUITO obrigado, meu caro carlos*

NV couço disse...

Esta foto é mesmo de uma antiga praça de jorna, situada na vila mais vermelha de portugal, a minha vila de Couço nos confins do ribatejo e às portas dos alentejo. O relógio dava horas para quem estava nessa praça, os homens e mulheres esperavam um patrão que lhes desse trabalho. Na foto tb estão alguns dos homens mais ricos da então aldeia.