sexta-feira, 7 de novembro de 2008

De novo ao assalto do céu



"A Verdade nua e crua
Tem forma e côr definida...
Nasce no meio da rua....
Tem o tamanho da Vida!"

Francisco Viana




Hoje, 7 de Novembro, quando se cumpre mais um ano da Revolução de Outubro, não resisti a começar este post com um poema que o amigo Braga deixou num dos seus comentários. Porquê? porque é bonito, porque tem a medida certa para todos aqueles que trabalham para construir um mundo diferente e pela frente têm um mar de mentiras e preconceitos em relação a uma sociedade diferente.

O sistema que começou a ter a sua consagração em 1871, com a Comuna de Paris, que experienciou tantos avanços e recuos no último século, que deu confiança e alento a milhões de homens e mulheres para a sua libertação da exploração, da ignorância e indigência fisica, cultural e educacional, que inspirou tantos outros a lutas pela libertação, umas coroadas de exito, outras realizadas por fugazes momentos e outras ainda derrotadas com efeitos terríveis sobre os respectivos povos, teve, com o fim da União Soviética um duríssimo golpe que afectou a luta dos trabalhadores e dos povos de uma forma que parecia irreversível...mas não.

No Manifesto do Partido Comunista, Marx e Engels afirmaram que então um espectro assolava a Europa, o espectro do Comunismo. Tal como então e vinte anos passados dessa incumensurável hecatombe para a humanidade que foi a derrocada do Bloco Socialista, de novo esse espectro assola a Mundo, e assola o Mundo porque então como agora as análises e explicações para os acontecimentos dos últimos tempos só conseguem ser eficazes quando são feitas à luz da análise económica marxista, porque hoje os estudos efectuados sobre as derrotas sofridas, com recurso aos arquivos, começa a dar uma panorâmica muito mais clara do sucedido no dealbar dos anos 90, finalmente porque por esse mundo fora muita gente resistiu, não abandonou os seus principios ideológicos, nem o compromisso com uma sociedade mais justa e com o bem estar da humanidade. Por isso mesmo esse espectro, que muitos garantiram ser já do passado, está hoje vivo e activo, informando, traçando rotas, organizando, lançando lutas, e preparando-se para esse momento da história onde mais uma vez os trabalhadores partirão à conquista do céu.

Muito mudou desde esse dia de Outubro russo, em que as massas organizadas decidiram tomar nas suas próprias mãos os rumos do seu país e serem donas do seu próprio destino. Hoje as alianças necessárias para a derrota do Capitalismo têm de ser forçosamente diferentes, mas também forçosamente idênticas. As mudanças que o mundo sofreu, alteraram as formas de exploração e de condição de vida de inumeros estractos sociais, mas alteraram radicalmente as formas de exploração, tendo inclusive alargado à proletarização de inúmeros sectores que se encontravam fora dessa esfera. Hoje em dia as agro-industrias, os sectores pesqueiros, os de actividade criativa e intelectual, não se encontram mais entre os que detêm as suas ferramentas de produção. Bem pelo contrário, o evoluir do sistema capitalista dessapossou estas esferas de toda a sua autonomia económica forçando-os a vender, tal como todos os outros operários, a sua capacidade de trabalho. Os poucos que restaram do antigo modo de produção, resquício do Feudalismo, tem um significado infímo no sistema de produção actual. Daí que as alianças a definir não difiram grandemente das cogitadas pelos teóricos socialistas, que antes quer depois de Marx.

Surgiu também com cada vez maior clareza que a relação humana com a natureza está no cerne da transição para o socialismo. Esta perspectiva, tal como a defende Bellamy Foster, e tal como a defendo eu também, é eseencial para compreender os limites do Capitalismo e é também um dado importante para compreender a destruição do sistema socialista na União Soviética. Um desenvolvimento igualitário e uma justa repartição dos recursos é a única compatível com a gestão racional dos mesmos e preservação dos bens naturais, isto é de um desenvolvimento sustentável.

Todas as lutas que vão ser travadas no contexto actual vão ter de ter estas realidades em conta, além de que a globalização, e foi talvez a maior eficiência do capital a rapidez de transportes e comunicações, coloca novas questões, se não aos marxistas, aos marxistas-leninistas porquanto a Revolução tem de assumir formas globais, apesar de todas as contingências derivadas dos diferentes estádios de evolução do capitalismo e das contradições que inevitavelmente isso colocará na luta.

3 comentários:

Anónimo disse...

91º aniversário daquele que foi o maior acontecimento do século XX.
E nos tempos actuais relembrar e comemorar a Revolução de Outubro é um direito e uma obrigação de qualquer Revolucionário .
Bertolt Brecht escreveu: LOUVOR DO COMUNISMO

É razoável, quem quer o entende. É fácil.
Tu não és nenhum explorador, podes compreendê-lo.
É bom para ti, informa-te dele.
Os estúpidos chamam-lhe estúpido, e os porcos chamam-lhe porco.
Ele é contra a porcaria e contra a estupidez.
Os exploradores chamam-lhe crime
Mas nós sabemos:
Ele é o fim dos crimes,
Não é nenhuma loucura, mas sim
O fim da loucura.
Mas sim a solução,
É o fácil
Que é difícil de fazer.

Abração Amigo! E a Luta Continua !

Anónimo disse...

MEMORANDUM

O Governo Provisório foi deposto.O poder estatal passou para as mãos do órgão do Soviete de Petrogrado de Deputados dos Operários e Soldados-o Comité Revolucionário- Militar, que está à frente do proletariado e da guarnição de Petrogrado.
A causa pela qual lutou o povo, a imediata proposta de paz democrática, a abolição da propriedade latifundiária, o controlo operário da produção e a formação do Governo Soviético,-esta causa está assegurada.
Viva a revolução dos operários, soldados e camponeses!

Comité Revolucionário Militar anexo ao Soviete de Pretogrado de Deputados dos Operários e Soldados.

25 de Outubro de 1917
10 horas da manhã.

JC

Carlos Moura disse...

leão e JC o que dizer perante o que vocês escreveram? Ser assim brindado com um poema de Brecht e com um Memorando do estado da Revolução no próprio dia? é mais do que eu podia esperar...faz-me sentir que vale a pena prosseguir este blog. Espero poder contar sempre com a vossa colaboração com os comentários e também com o debate de ideias.
Um grande abraço a ambos