quarta-feira, 2 de abril de 2008

A pretexto da Comuna

Foto Biblioteque National de Paris

Já há algum tempo que não coloco qualquer novo post neste meu blogue. Eu sempre disse que detestava blogues e que este se deveu a um equívoco. No entanto tenho que reconhecer que serviu para colocar algumas ideias a escrito, quer sejam lidas ou não, e o mais provável é não dado o numero de comentários à maioria dos posts (Zero).
De qualquer forma estamos a entrar no tempo das Cerejas e não poderia deixar aqui passar essa data tão importante para a humanidade.

Estava eu no passado dia 20 de Março num evento realizado por uma conhecida ONG da área ambiental (quem me conhece sabe de que ONG falo), quando me pareceu pertinente tomar algumas notas sobre o que se dizia, principalmente quando se abordou a questã da propriedade em comum dos recursos e do direito de partilha equitativa dos recusos. Nada me podia ter agradado mais, porém há coisas que eu próprio não consigo entender. Como fala uma organização em partilha dos recuros, tornando-os públicos, sem falar em Nacionalização dos mesmos? Como é que se fala em tornar equitativo o acesso aos recursos sem além de nacionaliar, internacionalizar as companhias que gerem a exploração desse recurso?

As respostas a estas questões jazem na questão da Democracia de facto versus Democracia ´dita de sistema. As chamadas democracias ocidentais, têm como uma das bases da sua actuação a manutenção da propriedade privada, seja a da terra, seja do direito de apropriação privada das matérias primas, da energia e dos meios de produção. É aliás esse direito que é uma das mais defendidad "liberdades", condição sine qua non a democracia não é certificada pelas nossas bandas. Questões como vida humanamente digna, literacia, acesso à saúde e à cultura, são satisfeitas apenas, quando o são em função da disponibilidade de verbas, que como vemos muito recentemente estão sempre disponíveis para tornar públicos os prejuízos privádos (os bancos são comprados pelos estado em situação de pré-falência, voltando ao privádo depois de recuperados.

A questão à volta deste problema vem estando em choque desde o século XIX quando os primeiros movimentos e prol do Bem Comum (Comunas) provaram que era possível gerir de uma forma absolutamente diversa e eqitativa; aí sim, não só os recursos mas também a riqueza gerada.

A Nacionalização e a Internacionalização dos recursos e a sua distribuição eqitativa e justa, implicam obrigatóriamente a alteração do sistema produtivo rumo a uma exploração que não implique a acumulação de mais valias, que de qualquer forma são sempre destinadas ao chamado investimento (capital).

Resumindo a questão da defesa dos recursos naturais para todos, bens públicos, é indissociável da alteração do sistema de exploração e transformação dos mesmos, ou seja a superação do próprio sistema capitalista. Só que, como dizia Brecht há quem queira ser pelo Capitalismo e contra a barbárie.

Ainda bem que houve Comuna e que sabemos analisar a situação. Vive la Commune!

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