quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Outubro é Hoje


Hoje é dia 7 de Novembro, celebra-se o aniversário da Revolução de Outrubro. A revolução que levou os Bolcheviques ao poder na Rússia, e que levou à construção do primeiro Estado de Trabalhadores do Mundo na União Soviética, continua hoje em dia a causar os maiores pruridos naqueles que gostariam que os povos esquecessem as enormes conquistas alcançadas não só aí mas em muitos países, mesmo os ocidentais, graças a existência de um Estado que servia de exemplo de que era possível construir algo diferente. Em virtude disso as próprias Social-democracias ocidentais apresentavam-se como uma terceira via, com o melhor dos dois mundos (como era de moda então dizer-se).
Pretender, como hoje li, que foi a maior desgraça dos povos é tão falacioso como negar mais de cem anos de progressos nas relações laborais. Intelectuais, ditos pós Comunistas mas herdeiros do Comunismo, segundo se afirmam, dizem que é necessário repudiar profundamente o regime Soviético. Pergunta-se: Como se pode ser herdeiro de um obreiro que se despreza? Repudiar a experiência soviética, com tudo o que teve de positivo e negativo é não ser capaz de analisar o processo histórico e retirar ilações para as futuras experiências Socialistas. Logo é não ser capaz de uma análise da dialética existente entre os principios e a práxis Comunista (na sua fase de processo Socialista) e as práticas, por vezes aberrantes é certo, que afastaram a União Soviética destes principios, sendo estes muitas vezes pervertidos, como lembrou Álvaro Cunhal, e, ao não ser capaz de apresentar propostas que visassem sanar essas contradições, é ser incapaz de ter uma prespectiva da superação histórica do Capitalismo.
Há por outro lado vozes que, como muito bem lembra a edição N.º 291 de "O Militante" afirmam, em retoma das teses de Kautsky, que o Capitalismo não esgotou as suas possibilidades de desenvolvimento para que seja possível a sua superação consequente. O erro que acompanha esta intrepertação baseia-se grandemente na ideia que o desenvolvimento Capitalista não se esgota no pleno desenvolvimento das classes da sua superstrutura, mas que é desenvovimento todas as alterações dessa mesma superstrutura social, baseadas nas alterações supervinientes da infrastrutura económica. A ideia, que parece sedutora, especialmente para o Capital, baseia-se no falso principio que os recursos que alimentam essas sucessivas alterações económicas são infinitos. E por outro lado que suas alterações são uma alteração dos principios das relações sociais e suas contradições. O que é um erro absoluto.
Quanto mais escassos são os bens, maior valor de mercado atingem, tornando mais apetecível a exploração do recurso, mesmo com maior investimento. Os ganhos económicos assim gerados, são um acréscimo á mais valia, que é tanto mais perto do exaurir estiver o recurso associado. Sem qualquer freio, do ponto de vista social, este será inexorávelmente explorado até se esgotar. Logo o "desenvolvimento" final do Capitalismo só poderia dár-se depois de esgotados os recursos... Só que aí nada mais haveria para superar pois nenhuma sociedade sobrevive sem infrastrutura económica ou recursos. De facto o que se pretende demonstrar com estas palavras é que: O Capital atingiu já a sua superstrutura social final, já nos inicios do século XX, e são meramente pontuais as alterações desde então verificadas, comportando-se as relações de classe como uma maré ao sabor dos ciclos económicos de expansão ou retracção económica.
Um terceiro aspecto a focar é o argumento presente no "Público" de hoje, pela mão do seu director, que invoca a natureza humana, como factor impeditivo da vitória da superação do Capitalismo. Pobre argumento! Já antes o tinha ouvido exaltar mas, então como agora, a reflexão sobre o papel da educação (seja a que se chama para a cidadania, para a solidariedade, para a sociedade) mostra que tal fatalismo não existe. Ele só é criado quando as funções sociais da educação são deficientes e voltadas para principios de competição desenfreada e não de colaboração entre seres humanos. É este factor que desenvolve os valores de auto-sobrevivência egoísta, ganância pela supremacia, quer seja económica ou hierárquica, à qual eufemisticamente se chama "natureza humana". A prática demostra que tal não é assim. Antes nos demostra que, quando decididos e organizados para uma finalidade comum, a humanidade é capaz de grandes realizações nos mais variados campos.
Celebramos portanto a Revolução que instaurou o primeiro estado Socialista do Mundo, que permitiu a milhões de seres humanos uma vida mais justa, mais digna e com menores graus de exploração do que qualquer outra antes, apesar de todos os erros e desvios, mas não só na União Soviética. A existência do Estado dos trabalhadores e a sua solidariedade foram extaordinariamente importantes e determinantes na derrota do Nazi-Fascismo, na emergência das novas nações independentes, surgidas dos escombros coloniais, e dos quais sofrem ainda hoje sequelas, na emancipação das mulheres e na garantia da sua intervenção social. E essas "desgraças", como lhes chamam os seus detractores, são para os Comunistas imensos benefícios à humanidade. Por isso celabramos os seu 90º aniversário, celebrando com isso todas estas conquistas e realizações dos povos.

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