sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Ainda a Revolução

No decurso da minhas pequisas encontrei uma análise sobre a importância de Revolução de Outubro, feita pelo Fórum Comunista Israelita (Cisão do Partido Comunista de Israel), que me pareceu muito interessante quer do ponto de vista de análise ideológica, quer do ponto de vista cronológico da análise. Assim transcrevo na integra esta declaração, cuja tradução para o Português é da minha responsabilidade.






Declaração do Fórum Comunista Israelita (Outubro 2007)

90º Aniversário da Revolução de Outubro

7 de Novembro deste ano marca o 90º aniversário da Revolução de Outubro, que marcou um novo estádio histórico nos anais da humanidade. Pela primeira vez na história os operários e camponeses tiveram a oportunidade de controlar o seu país por um extenso período de tempo. Os meios de produção, recursos naturais e a terra, muitos dos quais haviam pertencido a terra tenentes ou a capitalistas locais ou internacionais, foram colocados ao dispor dos cidadãos, com a finalidade de garantir o seu bem-estar.

Devido à Revolução de Outubro, liderada por Vladimir Ilich Lenine, A Rússia - um dos países mais atrasados da Europa, e que também tinha sofrido severos danos da Primeira Guerra Mundial e da Guerra Civil que se seguiu – tornou-se a breve trecho uma potência com notáveis sucessos mundialmente reconhecidos na agricultura, industria, ciência e cultura.

O Socialismo retirou a Rússia, num período de tempo relativamente curto, das garras do capitalismo e do semi-feudalismo. O Socialismo na União Soviética eliminou a exploração de classe, e a exploração do homem pelo homem, acabou com o analfabetismo (que atingia os 75% antes da revolução) e elevou os membros de todas as nacionalidades a um nível cultural superior. O Socialismo eliminou o desemprego, as crises económicas cíclicas e a insegurança social.

A União Soviética teve um contributo decisivo na vitória sobre o Nazismo na Segunda Guerra Mundial, salvando assim toda a humanidade. Teve um contributo decisivo na preservação da paz mundial durante a sua existência. A União Soviética deu um enorme impulso à luta dos povos pela libertação do Colonialismo (e posteriormente também do Neo-colonialismo), e ofereceu uma ajuda tremenda aos países em desenvolvimento na África, Ásia e no resto do Mundo. Contrastando com os países ocidentais que agem (e continuam a agir) apenas com o objectivo de controlar economicamente esses países e explorar os seus recursos naturais.

A União Soviética apoiou os movimentos de libertação nacional e os países que sofriam agressões imperialistas, e manifestou a sua solidariedade com todas as forças que lutavam contra a ocupação e pelo progresso social e o socialismo. Os feitos alcançados dentro das suas fronteiras, incluindo a educação e cuidados de saúde gratuitos, e a satisfação de outras necessidades sociais a preços reduzidos, foram um desafio aos países capitalistas, e tornaram possível aos trabalhadores desses estados obter maiores regalias sociais.

Ainda assim a primeira tentativa de sempre de construir um regime Socialista, num tão vasto e complexo país, num cenário de confronto internacional com as potências capitalistas, foi acompanhado de erros, recuos e desvios. Alguns desses erros no decurso da acção, depois de aprendidas as lições e de terem sido tomadas as medidas apropriadas para resolver os problemas que surgiam. Mas alguns desses erros corrigidos reapareceram mais tarde.
Em diferentes períodos desenvolveram-se métodos administrativos que minaram a democracia Socialista. Métodos que foram apropriados em determinados momentos e sob certas condições internacionais (por exemplo durante a Guerra Civil ou no decorrer da Segunda Guerra Mundial), não sofreram as mudanças necessárias quando novas condições e novas situações internacionais ocorreram.

Entre outras fragilidades encontrava-se o enfraquecimento e abandono do ensino ideológico Marxista-Leninista. Isto incluía a pressuposto errado que a própria existência do regime Socialista na União Soviética durante tantos anos, e os seus inúmeros êxitos, asseguravam por si mesmos a sua perenidade; que a situação estava cimentada de tal forma que em nenhuma circunstância permitiria o desenvolvimento interno de elementos que pudessem ameaçar a própria existência do regime Socialista – quando mais derrubá-lo.

Lidando com o desafio da revolução científico-tecnológica que ocorreu desde 1960, a União Soviética teve primeiramente êxitos impressionantes – por exemplo no campo da exploração espacial. Contudo, mais tarde, houve um distanciamento entre os Soviéticos e os países capitalistas mais desenvolvidos. Durante a segunda metade dos anos 70 e anos 80 houve um declínio do crescimento económico. Houve o aumento do fenómeno do crescimento da quantidade produzida em detrimento da qualidade do produto, e não houve suficiente incentivo aos trabalhadores e ás fábricas de forma a aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos. Falava-se de tempos a tempos destas e de outras debilidades, que se tornaram proeminentes nesta fase, e passos para as corrigir foram delineados – mas, na prática não foram introduzidas medidas suficientes para corrigir estas debilidades.

Este foi o cenário para o emergir, começando nos meados dos anos 80, da Perestroika, cujos objectivos declarados eram aprofundar o Socialismo, aumentar a transparência, acelerar o desenvolvimento económico e reforçar a aliança Soviética. E de facto os seus resultados iniciais foram positivos. No seu prosseguimento, contudo, novos erros foram cometidos que agravaram a situação na União Soviética e criaram um perigo para a própria existência do Socialismo e da própria União. Em lugar de uma campanha para reformar e fortalecer o Socialismo, havia forças agindo rumo à liquidação do regime Socialista e desmantelamento do estado Soviético. Desenvolveu-se um confronto agudo entre as forças que procuravam preservar o regime Socialista, que tentavam sinceramente lidar com os problemas surgidos e corrigi-los dentro de um quadro Socialista, por um lado, e por outro as forças que trabalhavam para a liquidação do Socialismo, primeiro secreta e depois abertamente. As forças que apoiavam a liquidação do regime Socialista gozavam, desde perto do início da Perestroika, do controlo total da vasta maioria dos meios de comunicação na União Soviética.

Finalmente o regime Socialista cedeu, a União Soviética foi desmantelada, e o sistema Socialista na Europa de Leste colapsou.

O desmantelar da URSS e o derrube dos regimes Socialistas na Europa de Leste provocou um volte face no equilíbrio da arena internacional. Os Estados Unidos e seus aliados partiram para uma politica agressiva de forma a impor as suas regras a povos e nações, nem tiveram escrúpulos em iniciar guerras contra países que se atreveram a os desafiar ou iniciar sangrentas guerras internas em outros países. Da mesma forma iniciaram uma ofensiva contra os direitos conquistados pelos trabalhadores nos países industrializados, e muitos direitos sociais, alcançados num contexto de competição com a União Soviética, foram (e continuam a ser) abolidos um a um. O fosso entre países ricos e pobres, especialmente na Ásia e África, é maior que nunca. A concentração de capital nas mãos de cada vez menor número de multimilionários e companhias multinacionais é crescente.

Nos antigos países Socialistas a grande maioria da população sofre uma importante quebra no seu nível de vida. Muitos pagaram literalmente com as suas vidas as alterações ocorridas. A esperança de vida na Rússia caiu significativamente desde o início dos anos 90. Muitos sofrem de uma pobreza abjecta, faltando-lhes os artigos de consumo mais básicos e padecendo de várias doenças. No duro contexto, que se desenvolveu após a liquidação dos regimes Socialistas, milhões de mulheres, das antigas Repúblicas Soviéticas e dos países da Europa de Leste, foram forçadas a vender os seus corpos, tornando-se o foco de um novo género de escravatura na industria internacional do sexo. Os recursos do Estado Soviético, fruto do trabalho de várias gerações, foram apropriados por um bando de oligarcas que se tornaram multimilionários, enquanto a maioria da população caía na mais abjecta pobreza.

Não é por acaso que em tal situação se faça, nos últimos anos na Rússia (e em outros países) uma apreciação dos êxitos sociais (e outros) alcançados durante o regime Socialista. Não é por acaso que hoje em dia até o governo da Rússia defina o desmantelamento do União Soviética como o maior desastre sofrido pela Rússia e pelo mundo inteiro no passado século. Contudo, apesar de algumas mudanças positivas, durante o mandato de Putin (comparadas com o tempo de Yeltsin), a Rússia e a vasta parte dos seus recursos se encontrem nas mãos de um punhado de oligarcas, e que a maioria da população permaneça numa situação extremamente difícil.

Apesar das dificuldades e reveses as lutas pela alteração das realidades não param, quer na Rússia e na Europa de leste, quer na parte ocidental do continente e no resto do mundo. Nos recentes anos tem havido protestos maciços contra a globalização capitalista e contra os líderes das potências ocidentais que lideram essa globalização. Na América do Sul presidentes e governos de esquerda alcançaram o poder numa série de países. Os casos mais proeminentes tiveram lugar na Venezuela e na Bolívia, mas estes países estão longe de serem os únicos. Os Partidos Comunistas continuam a estar activos em quase todos os países do mundo, e alguns deles, incluindo na nossa região, têm tido recentemente importantes ganhos eleitorais.

Não pode haver solução real para os problemas que a humanidade enfrenta, a nível de segurança, sócio-económico e ambiental, excepto pelo derrube do regime que os tem causado – o regime capitalista – e substituição pelo Socialista; a consciência de que é assim vem ganhando cada vez mais adesão. A luta por mudanças fundamentais na nova realidade local e global será longa e difícil, mas não acabará enquanto não for assegurado a humanidade um futuro diferente e melhor.

1 comentário:

Anónimo disse...

bom,bom,bom ñ é naum mais tá bom,tá bom,tábom