domingo, 14 de outubro de 2007

Ainda a Rede Sete



Do desastre que foi a aplicação da primeira fase do Plano da Carris, e antes que houvesse qualquer estimativa sobre os resultádos práticos deste, prepara-se agora a empresa de transportes públicos de Lisboa para novas aventuras.

As alterações que são agora propostas não visam qualquer melhor serviço ao utente, e nem sequer se prendem com qualquer complementaridade de serviçõs com outras empresas de transportes na Capital. Na verdade a pretexto da abertura da ligação do Metro até Santa Apolónia, suprimem-se uma série de autocarros que faziam a ligação desde a baixa até ao Marquês de Pombal e, daí para as restantes zonas da Cidade.

Tal alteração só poderia ser, no mínimo, justificável se o Marquês se tornasse um interface de acesso facilitado ao Metropolitano e, não menos determinante, que os bilhetes custassem exactamente o mesmo entre Carris e Metro. Só que não se passa assim.

Doravante quem se dirija de ou para a Baixa, com raríssimas excepções, terá de deslocar-se entre as paragens de autocarro e o metro e... desembolsar mais algum dinheiro para o bilhete porque o Cartão Lisboa Viva, que permite andar nos dois modos, é mais caro do que só o da Carris. Boas notícias para os nossos reformados e pensionistas que se vão ver assim arredados da Baixa da Cidade.

Não é de admirar que mais tarde, já a pertexto de uma bilhética única, os preços venham a ser todos nivelados por cima. Óptimas notícias para os que habitam e trabalham em Lisboa. Afinal a Bilhética única, que tão necessária é, vai permitir sacar mais uns dinheiritos para quem já goza de churudos ganhos por gerir um bem que é de todos.

Além disso, sabiamente, a Carris procura limitar o acesso à Baixa e Cais do Sodré por outras vias (veja-se o caso do 713) garantindo que não haverá forma de escapar aos benefícios do novo plano.

Mas como todos os dias vemos novidades... Vinha um jornal noticiar que o Túnel do Rossio vai ser finalmente reaberto em 2008. Para grande regozijo dos utentes da linha de Sintra descobre-se que desta feita será servido por menos combóios do que quando encerrou. A CP, sem qualquer estudo, segundo foi tornado público, teve a percepção que os utentes não precisavam de reforços nas horas de ponta, porque...se habituaram a ir para outras estações. Fantástico dom permonitório dos que gerem os bens públicos. Assim os utentes já não serão castigados com combóios sobrelotados a atravessar a escuridão do túnel, basta-lhes ter um título de transporte e rápidamente serão transportados para Sete Rios ou Entrecampos, gozando assim de uns minutos mais no subsolo de Lisboa escusando de esperar na estação do Rossio ou de deambular sem norte pela Baixa.

Torna-se assim evidente que a renovação desta área está já em campo, com ou sem projecto "Maria José Nogueira Pinto", com mais ou menos chinesices, mas seguramente com uma rede de transportes extremamente deficiente e largamente dependente do Metropolitano de Lisboa. Afinal afastar as classes mais desfavorecidas da Baixa não se afigura tão difícil como podia parecer à primeira vista. Há no nosso país a quem não falte engenho e arte.

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