quinta-feira, 11 de novembro de 2010

As pernas curtas da mentira



"A embaixadora marroquina em Lisboa assegurou que a polícia procurava pessoas que perturbavam a ordem pública no Saara Ocidental e que não houve mortos do lado sarauí."

Com estas declarações o governo marroquino procurava escamotear as relidades e fazer crer que tudo o que faz é zelar pela ordem pública no Sahara ocidental. Bem pode declarar quando as realidades se impõem por si mesmas, tal como demonstram os filmes que aqui se reproduzem. Que vai a embaixada de marrocos dizer? que são encenações? montadas quem sabe pela Polisrio e pela Argélia? Parece-me que uma tal atitude passaria em muito o temerário chegando ao ponto da inconceiência, uma inconsciência que apenas a Indonésia de Suarto demonstrou nos últimos tempos.

É certo que Israel é useiro e vezeiro deste tipo de argumentos, mas Israel alicerça-se num messianismo louco que a população respalda e que seguramente o povo marroquino não tem.

Marrocos afirma que não houve mortos do lado saraui, mas quem são então ELGARHI NAYEM; BABI MAMUD GARGAR ou ALI SALEM LANZARI? As mentiras do reino de Marrocos não aguentam um escrutinio minimamente sério.

Mais tarde ou mais cedo, e aproximamo-nos desse momento a passos largos, Marrocos terá de retirar do Sahara. A única questão que se pode por neste momento é se essa retirada se vai fazer nos actuais moldes de governo do Marrocos ou arratará consigo o próprio regime.

Deixo a transcrição do comunicado do Ministério dos Territórios Ocupados da RASD:

"MAIS DE 4500 FERIDOS, MAIS DE 2000 DETIDOS, UM NÚMERO AINDA INCALCULÁVEL DE MORTOS
Quinta-feira, 11 de Novembro 2010

A cidade de El Aaiun durante os días após o desmantelamento criminal do acampamento de Gdeim Izik, mantém-se em estado de sitio. O exército, as forças armadas e a polícia, continuam a atacar as casas dos cidadãos saharauis, detendo todos que encontram, espancando famílias inteiras, sequestrando os jovens, sobretudo nos bairros de Skeikima, Bucraa y Mattalla, enquanto que nos bairros do leste da cidade, como Raha, Duerat e outros, até ontem de manhã se efectuavam rusgas continuas às casas pelos diversos corpos de repressão, obrigando os cidadãos a gritar "Viva o Rei", "Sahara Marroquino" e outras frases semelhantes. .

O exército roubou carros dos cidadãos saharauis para os queimar em plena rua, detendo os seus ocupantes e dezenas de jovens.

Estas detenções abusivas e indiscriminadas que são seguidas de torturas, são efectuadas pelo exercito e as forças auxiliares, enquanto a policia utiliza listagens de pessoas e casas, direccionando os seus ataques a jovens da Intifada e defensores saharauis dos direitos humanos.

Os detidos de que se tem conhecimento até agora, ultrapassam os dois mil (2000), ainda que alguns tenham sido libertados após terem sido brutalmente torturados e agora se encontrem em estado critico, refugiando-se em suas casas e outros lugares. Os centros de detenção localizam-se em:

Quartel da policia
Quartel das Forças Auxiliares
Prisão Negra de El Aaiun
3 quartéis do exercito
Escola secundaria Alal Ben Abdala
Dois espaços adaptados dentro do campo de futebol
Quartel da praia de El Aaiun

O número de feridos com ferimentos diversos, supera os quatro mil e quinhentos (4500). Devido ao estado de sitio e terror que se vive neste momento na cidade de El Aaiun, os feridos encontram-se escondidos nas suas casas sem se poder assim saber da verdadeira gravidade do seu estado de saúde.

A família do jovem Ali Salem Lanzari, que apresentava o pescoço fracturado, decidiu arriscar a viagem até Agadir por sua conta e às escondidas, para que o seu filho fosse atendido no hospital. O jovem faleceu à chegada.

Esta situação repete-se com muitos dos feridos mais graves que não podem receber cuidados médicos.

Testemunhas oculares contaram dezenas de mortos nos arredores do acampamento de Gdeim Izik e na parte leste da cidade de El Aaiun.

O número de desaparecidos é ainda indeterminado, contando-se já várias dezenas, não se sabendo se estão mortos, feridos ou detidos.

A dificuldade de efectuar uma contagem dos cidadãos saharauis é enorme, devido ao estado de insegurança.

Na cidade ocupada de Smara, realizaram-se ontem manifestações, de jovens estudantes do ensino secundário, em solidariedade com os cidadãos saharauis de El Aaiun. A policia dispersou os manifestantes com violência e para evitar uma revolta maior decretou o estado de sitio, suspendendo temporariamente as aulas até ao próximo día 19 de Novembro.

INFORMAÇÃO: MINISTÉRIO DOS TERRITÓRIOS OCUPADOS DA RASD"





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