Não adianta pensar que porque o Ano se aproxima do fim todos os problemas, lutas, contradições que percorrem o mundo se vão solucionar como num passe de mágica.
- A Crise do sistema Capitalista é estrutural e apesar de poder sofrer altos e baixos arrastando consigo a economia para momentos de euforia ou depressão, a tendência será de se agravar e de tentar aprofundar a posse dos recursos e dominio dos mercados, por forma a perder o poder o mais lentamente possível.
- As lutas dos povos terão tendencia a agravar-se à medida que os recursos dos locais onde vivem forem sendo apetecíveis para velhos e novos dominadores, quer se tratem das oligarquias colombianas, do governo israelita na Palestina, das autoridades de ocupação no Iraque, e de muitos outros casos que se vão sucedendo um pouco por todo o Mundo.
- O domínio dos meios de comunicação tenderá a agravar o silênciamento das vozes incómodas, apesar de se negar a existência de censura. Escamoteando, deturpando ou mesmo obliterando tudo o que tenha a ver com reais melhorias das condições de vida dos povos, como no recente caso da Bolívia onde o analfabetismo foi erradicado e afinal era tão fácil fazer algo que tantos vaticinavam de impossível.
- As condições ambientais, com ênfase na qualidade do ar e da água, bem como no aquecimento global, terão reunidas as condições para piorar, enquanto a exploração de combustíveis fosseis servir não para satisfazer necessidades vitais da humanidade, mas para prover negócios, transacções e lucros de determinados oligopólios de interesses por vezes diversos mas de modos de actuação comuns.
- O mal estar sentido pelas sociedades tem reunidas condições de agravamento, não sendo de espantar que erpções sociais como a da Grécia voltem a suceder, inclusive no nosso país.
Não são professias de desgraça, são apenas análises de tendências que se têm vindo a agravar nos últimos anos e das quais, infelizmente, não têm os nossos governos retirado as devídas ilações, tendo prosseguido alegremente nas receitas de sempre procurando "por remendo novo em pano velho", em vez de arrepiar caminho rumo a novas respostas que sirvam os interesses dos povos e não das cliques de poder económico.
Neste ano de 2009 teremos no nosso país três actos eleitorais, todos eles da maior importância, ainda que a níveis diferentes. O primeiro para um Parlamento de uma instituição cujo funcionamento tem sido a antítese da democracia, a Comissão e o Conselho não tem reflexo directo na vontade dos cidadãos, e no caso da Comissão nem sequer indirecto. No entanto só através de um reforço de posiçõs - dificil, porquanto os deputados portugueses foram diminuídos de 24 para 22 - é possível colocar mais alguns escolhos no caminho de um federalismo que não surge da vontade soberana dos povos e que não é pensado para dar respostas aos seus problems. Se não for invertida esta via poderemos criar, num futuro não muito longinquo, tensões impossíveis de deter dentro das fronteiras da própria comunidade, marcados pelas diferenças de regalias, condições de vida, condições salariais, alimentadas pela existência de facto de europeus de primeira e outros de segunda.
As Legislativas, pela importância de reverter as políticas económicas e sociais seguidas ao longo de mais de duas decadas e que estão, de forma que não hesito em classificar de criminosa, a destruir paulatinamente os próprios alicerces do país. Desinvestindo na educação ao nível qualitativo, na cultura, malbaratando o património nacional em tudo vendo apenas fonte de receita, e na ciência com a destruição do pilar da investigação do estado - os seus laboratórios - e submetendo todo o processo de investigação a protocolos com entidades estrangeiras, reduzindo-o assim a apoio de retaguarda ao trabalho destas, e condenando-o a uma investigação apenas no âmbito do seu interesse. Um país que não progride educacional, cultural, e cientificamente, não é só um país condenado à mediocridade, é um país condenado a desaparecer.
Por fim as Autárquicas. Eleições que se processam ao nível de satisfação das necessidades locais. Estas são eleições em que será necessário reforçar posições que garantam que as populações são de facto auscultadas, em que o poder não se encerra em negociatas de gabinetes, passando para as populações simulacros de participação e decisão. Em que é necessário eleger homens e mulheres cujo compromisso com os interesses das populações impliquem não se deixar pressionar por grupos de interesses por muito bem organizados que se encontrem. Que garantam a cada cidadão a transparência no exercício da sua actividade e que sejam ao mesmo tempo garantia de trabalho e empenho nas fuções que ocupam.
Em todas elas não será segredo a escolha que preconizo. Essa escolha é, e seria sempre, marcada pela forma como vejo e analiso a realidade e pelo rumo que opino ser o mais acertado para assegurar a realização dos direitos humanos, começando pelo direito fundamental de nenhum homem poder ser explorado por outro homem.
Que o Ano de 2009 seja mais um passo no sentido de libertar a humanidade dos grilhões da opressão e da exploração. FELIZ ANO NOVO
4 comentários:
Meia-noite na Quitanda
- Cem réis de jindungo
Sá Domingas.
O sol
entrega Sá Domingas à lua
nas quitandas dos musseques
E a quintandeira esperando
- Cinquenta réis de tomate
três tostões de castanha-de-cajú
um doce de coco
Sá Domingas
Ela vende na quitanda à meia noite
que o filho
está na estrada
precisa de cem mil réis
para pagar o imposto
O sol deixa Sá Domingas
na quitanda
e ela deixa o luar
Um tostão
dois tostões
três tostões
que o coração de Sá Domingas
sofre mais do que o corpo na quitanda
Agostinho Neto ( Sagrada Esperança ).
O ano será novo
A luta vai continuar
Com muita esperança
De um Mundo Novo.
Grande abração .
Aproveito esta via para te dizer que estou de acordo com as moções.
Bom ano para ti e família .
Abração .
LEÃO.
"O CAMINHO ESPERANÇA QUE RESTA".
É certeza daqueles que o apontaram com dignidade e resistência e dos que avançam com firmeza e determinação.
Bom Ano de 2009
J.C.
grande poema, grande Agostinho Neto. Um ano sem dúvida de muitas lutas e de novas vitórias.
Abraço aos dois
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