quarta-feira, 28 de março de 2007

Sandices

Estou neste momento completamente siderado com o que oiço. Com o caos que está a Cidade, com o completo desordenamente urbanístico, com os buracos, os lixos por recolher, com o esvaziamento da cidade de população, com os fogos devolutos, com o desnorte nos transportes, no trânsito, no estacionamento, a maioria tem a alma e coragem de apresentar uma requalificação do Pavilhão Carlos Lopes como, preferencialmente, uma pista de patinagem sobre gelo???

Chegamos definitivamente no reino da fantasia. De facto a maioria já era má qb, mas até agora pior ou pior (e é assim mesmo que escrevi) lá ia dando ideia que a prendia algum ténue fio às realidades deste mundo. Agora nem sequer isso.

O Parque da Bela Vista prossegue o seu triste caminho enquanto sala de pandega geral, destruindo-se hoje o que custou longos meses a reparar. Como é que se admite que após a requlificação pós Rock-in-Rio (ou seja após as hordas bárbaras), se passe alegremente a mais um qualquer show. Temos de decidir de uma vez por todas se isto é Parque se sala de espetáculo, porque as duas não pode ser. Haja espaços dedicados a vários fins e diferentes fruições e eu estarei de acordo, assim não...

Os cidadãos não tem razão para estar satisfeitos, mas há quem pense que dár-lhes anímo, esperança e ferramentas para o exercício da cidadania, é dár-lhes falsas expectativas. Frases destas só podem vir de gente que só sente o seu lugar seguro se não for contestáda por ninguém.

Se as populações aumentarem o seu nível de exigência e de obtenção de resultados, a nossa edilidade não pode ficar como está, e será essa exigência que fará a diferenciação entre quem trabalha para a população e quem apenas confunde trabalho com tricas de gabinetes. Não se trabalha uma questão como a Agenda 21 falando apenas com as Juntas. Estas por muito respeitaveis são órgãos da Democracia representativa, não da participativa, e a Agenda 21 é essencialmente um processo de participação.

O anquilosamento do pensamento de certos responsáveis técnicos, muito embora os políticos também os tenham, é muito revelador em relação à incapacidade do nosso país ter avanços na questão do Desenvolvimento sustentável. O país foi retirado do salazarismo, mas não retirámos o sazalarismo dentro das pessoas (daí certos resultados de concursos). Manda quem pode e obdece quem deve, é ainda a máxima que impera em certos locais. Daí que só assim se compreenda uma Câmara que acredita que tem de ter um plano cá fora para depois fazer uma encenação de participação pública (como aliás vem sendo hábito no nosso país).

E por hoje é tudo carissímos.

1 comentário:

Carlos Moura disse...

Isto de escrever ao sabor da pena tem destas. Lá escrevi sazalarismo em vez de salazarismo, ou então foi o meu cérebro que é tão alérgico à ideia que recusou a grafia. :) fiquem bem