terça-feira, 20 de março de 2007

1º Andar

Parece-me bem o nome de 1º Andar para um primeiro post de um blog com o nome de Andar Urbano. Primeiro porque o 1º Andar é a caminhada mais importante em qualquer vida. Depois porque é o 1º Andar após o R/C de um qualquer prédio, e já que este blog se chama de Andar Urbano tanto pode ser um caminho como uma construção.

Não desejo que este blog seja mais do que uma mera impressão dos dias que se vão fazendo em Lisboa, assim em jeito de Diário de Bordo. Aliás eu nunca desejei ter um blog e este acontecimento impôs-se mais na minha vida do que o contrário.

Sou um cidadão de Lisboa, nado e criado na Cidade. Cidade com a qual me importo e pela qual não deixaria de dar o meu contributo.

Como ambientalista convicto (coisa que muitos não acreditam), sempre pensei que a qualidade de vida e a capacidade do cumprimento de funções urbanas, e neste caso de capitalidade, estão indissociavelmente ligadas à existência de um sistema ecológico urbano capaz de trazer o espaço natural até bem dentro da cidade, e conciliar a cidade com o meio natural envolvente.

Como comunista (e sem qualquer problema em o afirmar), acredito que a sustentabilidade não pode ser alcançada sem profundas alterações sociais e económicas - Não se me afigura possível atingir qualquer ponto de equilibrio que não passe por uma redistribuição da riqueza muito mais equitativa do que hoje se verifica, assim como considero que não é possível diminuir a pressão sobre os recursos sem diminuir a dependência dos trabalhadores em relação às necessidades de lucros sempre crescentes de qualquer empresa priváda. A economia tem de estar ao serviço das populações e nunca o seu contrário. As contradições geradas por produções sempre crescentes, e seus rejeitos, e as necessidades de protecção do meio e da qualidade de vida das populações são, a meu ver, insanáveis.

Não, não acredito na livre empresa. A chamada liberdade económica, aliás a única que vem prevalecendo nos tempos que correm, vem aumentando a exploração dos povos, propalando virtudes de desenvolvimento que não tem, e globalizando as injustiças e mazelas sociais. Não é por acaso que as margens de lucros que se vêm obtendo se conseguem através do espezinhar de direitos que deveriam ser considerados tão básicos, como o direito ao ensino, ao acesso aos cuidados de saúde, à protecção na velhice, à habitação e à cultura.

Convencer as populações e os trabalhadores que quanto menos benefícios e direitos têm mais rico ficará o país, só pode surgir de mentes que defendem que a riqueza de um país se mede pelo grau de riqueza que um determinado cidadão têm, e não pelo grau de bem estar e desenvolvimento pessoal de que uma sociedade goza. Estatísticas podem não valer nada quando não aferidas com outros indicadores.

Pois bem... feito que está o meu manifesto inicial, irei aos poucos, aproveitando o tempo que me sobra para começar a fazer esta caminhada e construindo este edifício.

Prometo voltar breve
Carlos A. F. de Moura

Sem comentários: