terça-feira, 20 de setembro de 2016

Babete e perninhas curtas


Li hoje num jornal aquilo que há muito acreditava impensável. Tinha ouvido este argumentário quando era ainda criança e com o tempo pensei que de tão pueril tivesse sido abandonado, deixado aos jardins-escola, por entre brincadeiras de cabra cega e um-dó-li-tá.
Um jornalista, blogger, e colunista de um jornal de referência dizia, esperemos que venha a confessar a brincadeira sob o risco de começar a acreditar que os meios de comunicação estão infantilizados, que o Bloco e o PCP não se importavam com os pobres, queriam nivelar por baixo e, por isso, atiravam-se fiscalmente ao dinheiro dos ricos.
Ouvi também outros dislates do mesmo calibre, por um insigne Professor de Economia, chamando ao imposto sobre o património de fiscalidade da inveja....
E, para cúmulo li um ex-ministro dizendo que o governo de Passos-Portas foi social pois poupou os mais desfavorecidos aos sacrifícios da Troika.
Bastou um estudo da insuspeitissima de qualquer amizade, proximidade, ou sequer leve ligação à esquerda Fundação Francisco Manuel dos Santos para pôr a nu a desonestidade de todas estas afirmações.
Se durante o consulado PSD/CDS-PP os mais desfavorecidos perderam quase 25% do seu rendimento, por comparação aos 16% dos mais ricos, e pensando no que 24% significam em 400 ou 500 euros, comparando com o significado de 16% em cem mil, faz pensar? Onde está o nivelamento por cima, se o rendimento dos mais ricos passou a aumentar quase 10% mais do que o dos pobres? Onde está a inveja quando por via fiscal se tenta mitigar um fosso que aumenta em mais de dez pontos percentuais em desfavor dos que menos têm? Faria até sentido equilibrar por cima procedendo-se à discriminação positiva dos rendimentos, invertendo o diferencial da perda. Ou seja fazer quem já tem "empobrecer" um bocadinho mais de que quem menos tem.
Por fim o dislate do ex-ministro nem vale a pena desmontar, porquanto a evidência dos números recai directamente sobre as suas afirmações.
Tudo o que acabei de dizer não tem nada de assalto ao céu, de tomada do Palácio de Inverno, de assalto à Moncada e menos ainda com qualquer ideia Juche. É actuação social-democrata, banal e corriqueira... E no entanto os propalados defensores do "nivelar por cima" nem sobre o mínimo de justiça social querem falar sem que comecem a volsar sandices e aldrabices. 

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