sábado, 10 de setembro de 2016

As sombras



É caso raro dedicar entradas a pessoas neste blog. Especialmente quando delas tenho uma opinião muito fraca. Porém agora é imperativo, e é imperativo porque se deixamos o monstro crescer ele acaba por se tornar incontrolável na destruição que provoca.
Vem isto a propósito da entrevista à SIC do Juiz Carlos Alexandre. O Juiz Carlos Alexandre, modesto filho de Mação que chegou à magistratura por esforço e a pulso, sentiu não obstante estes méritos necessidade de vir alardear em praça pública a sua dedicação ao trabalho, a impolutabilidade do seu comportamento e a austeridade da sua vida.
Porque sentiu necessidade de o fazer? Alguém as havia posto em causa? Ou intenta mostrar-se como um modesto homem de província, frugal e austero, impoluto e incorruptível, émulo a uma certa imagem de uma outra personagem de antanho e de Santa Comba que, apesar do maquiavelismo e perfídia, ainda sobrevive no imaginário de parte de um povo bastante desinformado sobre a sua verdadeira natureza.
Por cima, não contente, e dizendo sempre não comentar processos, não faz outra coisa do que lançar indirectas, universalmente perceptíveis, sobre os mesmos, espalhando uma atmosfera de pressão velada com a finalidade de atingir os fins que ele próprio almeja.
A sua acção mostra bem que a atitude que devemos ter perante homens que lançam sobre si mesmos  encómios de seriedade e rectidão é de desconfiança, pois logo de seguida lançam melifluamente o veneno do seu propósito. 
Estes homens são a sombra de má memória de 48 anos de escuridão e o seu passo deve e tem de ser travado.

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