quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Dividir para reinar



Num dia em que discretamente o Governo procura recuar na fusão das empresas de transportes públicos, certamente por um qualquer "espírito santo de orelha" ter feito notar que iria pôr em perigo o negócio, a menos que o Estado assumisse todos passivos para as deixar libertas e apetecíveis para os ditos investidores. Ora como isso equivaleria a falhar a tão incensada meta do défice, o que impedia o Governo de encher a boca com resultados que não passam de meras manipulações de números, abandonou-se a ideia no maior dos silêncios.
Mas no mesmo dia, enquanto os trabalhadores lutam contra a tremenda injustiça que lhes querem impor, quase os pondo a trabalhar de graça. Vem um soit disent movimento de utentes do Metro de Lisboa, tentar ameaçar com acções contra os trabalhadores.
Não sei em nome de que utentes falam. Enquanto utente e membro da Comissão de Utentes dos Transportes públicos, só lamento que mais utentes não estejam ao lado dos trabalhadores para proteger o transporte público.
Acho que este "movimento" não se movimenta tanto que não note a supressão de inúmeras composições e redução do tamanho das mesmas na Linha Verde. Acho que este "movimento" não se movimenta, ou sequer se movimentou, aquando do "brutal" aumento do preços dos transportes. Mas sabe muito bem "movimentar-se" para volsar enormidades em relação a pretensos danos das greves aos utentes. Estas greves são feitas para garantir que de futuro tenhamos transporte público com a qualidade e segurança a que temos direito. As mesquinharias de incómodos passageiros jamais se deveriam ou poderiam sobrepor à defesa do interesse futuro comum.
Este pretenso "Movimento" procura jogar com os sentimentos mais primários e imediatos da população para, voltando-os contra os trabalhadores, inviabilizar a defesa dos interesses comuns de trabalhadores e utentes num serviço de Metro que seja uma oferta pública de mobilidade, com segurança, rapidez e a preços compatíveis com o pagamento que como povo fazemos já através dos impostos.
Os utentes, que o são de facto, só podem lamentar e deplorar esta manipulação e mistificação feita em seu nome e combater estas posturas que só contribuem para o acelerar da degradação do sistema de transportes públicos e, por fim à criação das condições para a privatização do mesmo.

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