quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Era evidente!


Era por demais evidente e só quem teimosamente não queria saber negava que se preparavam novas e graves medidas contra o Estado Social em Portugal, como parte do profundíssimo retrocesso civilizacional que se procura impor mundialmente.
O OCDE já tinha dito em Dezembro que eram necessárias novas medidas para além do OE (com toda a despudorada violência que este representa para a condição de dignidade humana dos Portugueses), e não foi preciso esperar muito, bastou que o Orçamento estivesse promulgado e lá retirou o FMI mais um estudo da cartola, para ser prestimosamente aplicado por Coelhos e quejandos por aqui. Curioso é verificar, para quem anda com alguma atenção a estas coisas, que alguns dos eminentes "expertos" que denodadamente trabalharam este relatório, apareceram há dias , num programa sobre a crise perorando sobre a necessidade de desmantelar o estado para manter a economia sã. Curioso verificar também que uma das personalidades cujo nome aparecia para agradecimento no genérico final era um dos bem apreciados banqueiros do nosso burgo (acreditará realmente que alguém aguenta?).
Ou seja, tudo aquilo que vêm a lume, utilizando os argumentos mais descabelados contra trabalhadores dos mais variados sectores, acusando-os de privilégio, tentando voltar as gerações umas contra as outras, e assim medrar na confusão, vinha já sendo cozinhado há meses, senão mesmo anos, sendo os sucessivos PEC's do PS ao memorando e sua aplicação de PS, PSD e CDS, apenas o início de um processo de destruição das conquistas sociais em nome da manutenção e aumento dos privilégios de banqueiros e afins, esses sim PRIVILIGIADOS, sem qualquer menção no documento, que evidentemente nem sequer se debruça sobre os buracos de PPP's, de BPN's, BCP's, BPI's, e mais recentemente de Banifes. Tudo isso é para olvidar...basta bem promover a guerra ao povo.
Deixar sem meios de sobrevivência, esgatanhando-se por qualquer coisa que seja que lhe possa garantir o provento ou o cuidado, numa lumpen-proletarização que sempre foi desejada por aqueles que detêm o poder, pois é fácil dominar com uma pequena elite um lupen dócil e que se deixará candidamente explorar.
Já sabiamos que assim pensavam. Aliás tanto sabiamos que o argumento cinematográfico, de Richard Fleischer, com parecer da Sociedade Norte Americana de Engenheiros do Ambiente, em 1973, "Green Soylent", tinha bem isso em conta...e seguramente não foi por serem perigosos subversivos.
Assim também o disse Edward Goldsmith na revista The Ecologist, e também não me consta que mantivesse ligação ao Partido Comunista. E portanto não era, nem nunca foi uma mera questão de propaganda afirmar que ideologicamente o capital iria num futuro próximo tentar superar a crise que ele próprio criou, reduzindo os gastos com a população e os custos do trabalho (como se o trabalho fosse um factor de produção inerte - apenas mais um recurso) aumentando, ou no mínimo mantendo inalteráveis, os seus ganhos.
Assim ao problema da degradação ambiental soma-se também a degradação social, mostrando com uma assombrosa clareza o caminho que pretendem seguir se nada os detiver.

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