quarta-feira, 24 de setembro de 2008

C'est l'eruption de la fin...



O título da entrada de hoje remete para a letra da versão original da Internacional. E remete para este hino dos trabalhadores porque a crise do Capital em que nos encontramos mergulhados é de facto uma erupção do fim, do fim do capitalismo na sua forma neoliberal, mas não fim do próprio sistema em si. Quando Marx postulou que o fim do capitalismo estaria associado à superprodução, não pensaria seguramente que esta era uma superprodução de algo que não existe. Porque a crise que acabou com o sistema financeiro que vigorava desde o fim do bloco socialista (e parece incrível que em tão pouco tempo tivesse dado razão ao ideologo), acaba por dar-se quando não saitisfeitos em tirar dividendos das várias camadas etárias das classes da média e baixa burguesia, através dos empréstimos das casas dos carros, da saúde, dos estudos, das férias, etc, se lançou á actividade de extorquir dos mais pobres o pouco dinheiro que restava (Já lá dizia esse exemplo de Capitalista que era o Tio Patinhas, que de tostão em tostão se chega ao quaquilhão), prometendo-lhes um futuro radioso a troco de juros elevadíssimos, que eles só entendiam que não iam poder pagar demasiado tarde.



Quando a coisa chegou a um ponto em que o capital em circulação fiduciaria era manifestamente insuficiente para dar cobertura aos emprestimos que os próprios Bancos e intituições de crédito haviam contraído junto de outras entidades maiores, derrocou tudo! e derrocou porque nada havia sido produzido que desse cobertura a essa circulação fiduciária. O buraco assim aberto foi tapado com o dinheiro dos contribuintes. Prescindindo os Governos (com especial incidência nos EUA) de investir em novos hospitais, escolas, bibliotecas e até na ajuda aos seus cidadãos em risco, como é o caso com os furacões. É óbvio, que nunca mais o Capitalismo será assim desregrado, porque isso implica demasiados riscos para o próprio, não é porque os governos se tenham consciencializado dos seus deveres para com os cidadãos. Se assim fosse os governos não teriam passado este tempo todo a tornar mais precárias as relações laborais, a suprimir direitos que provinham de lutas seculares, ou a desregulamentar mercados financeiros para que tudo corresse melhor para o Capital.

Curioso é que o argumento utilizado quando tudo começou a correr mal foi o de salvar os postos de trabalho e os investimentos dos pequenos investidores. Só que se assim fosse aquilo que teria sido feito era uma nacionalização pura e simples dos activos das empresas, e não um empréstimo, com os activos imobiliários por garantia, no prazo de dois anos. Findos os mesmos veremos se a AIG e quejandas cobrem este generoso empréstimo (realizado à luz da avaliação de 2005, para bens que perderam já mais de metade do seu valor), ou se os Estados não vão ficar com um conjunto de valores descapitalizados quando florescem novos Lehmans, Merils Lynch, etc., mesmo logo ali ao lado. De qualquer maneira hoje temos a certeza que o tempo do desenvolvimento natural do mercado livre acabou. Este provou que não se regula naturalmente, que não serve as populações, que não faz crescer a economia real, que não promove o bem estar geral e que portanto, ao contrário do que disseram alguns pensadores aqui há 20 anos não deu resposta às necessidades básicas da humanidade. O capitalismo que vai sair daqui é um capitalismo açaimado, que vai ter o estado como suporte mas também como alimento. É na contradição gerada a pertir dos objectivos do capital e das necessidades inerentes ao estado, ainda que os governos se revejam nos principios do primeiro, que o próximo acto desta crise se irá passar, atingindo desta feita as próprias fundações do sistema, pois é finita a capacidade de injecção de fundos provenientes dos impostos no sistema financeiro.

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá! Sei que estás de volta porque o andar já tem gente . Como sempre na vanguarda do combate,já fazias falta. Um Abração de João Nasc.

Carlos Moura disse...

Obrigado João. É sempre um prazer ter-te aqui no andar. E a luta continua.
Abraço grande

o que me vier à real gana disse...

Mais um blog muito bom, dos k valem a pena. Parabéns!

Carlos Moura disse...

Obrigado, fico satisfeito de teres ficado bem impressionado com o meu blog. E sempre bom saber que existem pessoas que acham que este vale a pena, mesmo que eventualmente estejam nos antipodas das minhas ideias (o que não sei se é o caso). Só é pena é que quase ninguém contraponha argumentos para um bom debate. :) Abraço