quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Armas e Irmãos



Li hoje a notícia que vários agentes da Policia Municipal, integrados nos efectivos em Outubro do ano passado, matéria de que aliás o Presidente da Câmara fez amplo alarde como uma primeira grande vitória da sua nova maioria, pediram para regressar aos corpos da PSP devido às más condições de trabalho e exagero de horários.

Os polícias, sejam de que corporação forem, são trabalhadores expostos às mesmas vicissitudes dos outros trabalhadores e mais ainda pelo risco que representa a profissão. Todos sabemos que possuem um poder reivindicativo muito baixo e, sabemos também, que o seu nível de vida é dos mais degradados da nossa sociedade. Não é de espantar que de tempos a tempos oiçamos falar dos altos indices de suicídio dentro destas forças e não será de espantar se viermos a encontrar actividades menos lícitas no seu seio.

A polícia municipal é diferente, bem sei, não tem atribuições de tanto risco quanto as outras forças policiais, porém não deixa de ser uma força policial, com todos os problemas de que estas forças gozam, nomeadamente a restrição de direitos laborais e sindicais, que não vigoram para o cidadão comum.

Numa época em que o nível de vida e condições de trabalho se agravam, de uma forma como nunca fôra vista desde a revolução de Abril, é também natural que estes serviços estejam sentindo também de forma muito sensível o agravamento da sua situação económica e laboral. Não é de espantar que aqueles que se encontram nos elos mais instáveis da cadeia, nomeadamente aqueles que sendo sobrecarregados de trabalho nem sequer possam recorrer ao expediente dos serviços pagos, a fim de equilibrar os orçamentos familiares, sejam os primeiros onde se note a insatisfação que no fundo está latente em toda a sociedade.

Uma mudança profunda é necessária, uma mudança dos paradigmas económicos que vêm norteando o país, reequilibrando a balança entre ganhos do trabalho e capital que está hoje tão desequilibrada como no tempo do fascismo, muito por força de aplicação de receitas económicas identicas sob capas politicas diversas.

As forças armadas e as policiais, são fragmentos do mesmo tecido social em que como povo estamos inseridos, políticas mais justas para o país reflectir-se-ão também na sua condição de vida e trabalho. Sendo trabalhadores são, como nós trabalhadores das mais diversas áreas, nossos irmãos. Nossos irmãos em armas, com os quais temos de estar solidários, assim como apelamos à sua solidariedade para connosco. Seremos tolos, uns e outros se em vez disso lhes fizermos guerra.

1 comentário:

SP disse...

Carlos: boas férias!
E vê se tens um tempinho para veres o que vou fazendo com o meu sítio peludo.
Um abraço e fica bem!