É urgente travar o passo a uma sociedade que procura mercantilizar todas as formas de relações e todas as dimensões da vida humana, transformando a vida num imenso mercado. Por isso deixo a transcrição desse texto que não chegou à publicação.
Tomei conhecimento que o Tribunal Arbitral do Desporto atendeu às pretensões do Futebol Clube de Barcelona, desobrigando-o de ceder o jogador Leonel Messi para a representação olímpica da Argentina. Normalmente estas questões de futebol passam-me um pouco ao lado mas, neste caso, prestou-se a uma reflexão que nada tem de estival.
Messi, cidadão Argentino, é impedido de representar o seu país porque, para o Tribunal, mais importante que o seu direito de cidadania é o interesse do clube que o emprega. Ou seja, na lógica destes juízes a Empresa sobrepõe-se ao próprio Estado.
Estamos no mais absoluto cumprimento do paradigma capitalista. Não tem valor a cidadania face ao valor que este homem representa, como mercadoria em bom estado para o proprietário, que o pagou a bom preço e tem de ver o seu investimento protegido. Os tão incensados direitos humanos podem portanto ser vergados ao interesse do mercado. Aliás podem ser sempre obliterados quando o que está em causa é o seu funcionamento.
No novo mundo em que vivemos, que de facto é bastante velho, só temos valor então enquanto mercadorias. Se vingarem estas posturas estaremos todos ao sabor de quem dá mais.
Nota: Já depois de ter escrito esta coluna inteirei-me que Messi foi autorizado a competir em Pequim, porem a Federação Argentina teve de comprometer-se a accionar um seguro, a favor do Barcelona, em caso lesão ou seja de “dano da mercadoria”. Medonho a forma como de humanos, passamos a mercadoria.
1 comentário:
Estive aqui!
E tu sabes o que isto quer dizer...
Um abraço peludo...
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