quarta-feira, 12 de março de 2008

Professores - O que se joga nas Ruas?


fonte: Fenprof

Nos últimos dias, desde as enormes manifestações, tem-se assistido a uma polémica que está directamente ligada ao funcionamento das instituições democráticas. Alguns têm defendido que a "Rua" não se pode sobrepor nem determinar o rumo das politicas governamentais.

Penso exactamente o contrário, a Democracia não pode esgotar-se no acto da votação. Esse acto escolhe os Representantes do País no hemiciclo, não escolhe, nem nunca escolheu Governos. Por força da nossa Lei, cabe ao Presidente da República convocar o "Lider" do Partido mais votado a fim de formar Governo, mas nem sequer é garantido que venha a ser este o Primeiro ministro, tudo dependendo dos entendimentos pós-eleitorais dentro da Assembleia da República.

Por este mesmo motivo a participação dos cidadãos e a sensibilidade das ruas é tão importante para temperar e moderar as tendências mais extremistas dos governos, na falta de outras formas de intervenção popular na acção democrática.
Dizer portanto que as "reformas" do Governo PS não podem ser travadas pela rua, sob pena de nunca mais existirem condições para reformas no Estado, é, no mínimo, iludir a realidade que a rua mede o sentir das classes e das populações em relação a essas ditas "reformas".

Dizer que professores podem, ou devem, ser avaliados pelo numero de "sucessos" de alunos, equivale a dizer que a análise do ensino no nosso país é quantitativa e não qualitativa. Ou seja vamos aprovar qualquer aluno, quer saiba ou não, para garantir a nossa classificação e, em último caso, segurar-mos o nosso lugar no ensino face ás alterações das leis da Função Pública. Não é de esperar que um qualquer professor, com dignidade e ética de ensino, se revolte, seja qualquer que seja a sua tendência política.

As alterações propostas vão, sem sombra de dúvida, degradar o ensino público neste país até limites nunca vistos. Já não bastava que os ensinos de linguas e música, tenham ficado no primeiro ciclo do básico entregues a empresas, muitas delas de mais do que duvidosa competência; Não bastava que o ensino artistico tivesse sofrido um dos mais perniciosos ataques que poderia ter sofrido com o fim do ensino dedicado em nome de uma democratização que é uma farsa; Estas reformas são o constatar da incapacidade do Governo em gerir o dossier educação.

Assim é impossível não se ser solidário com esta luta e reconhecer que a Rua tem e terá sempre um papel determinante na construção da Democracia e... na sua manutenção.

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