segunda-feira, 21 de maio de 2007

A Greve Geral


Numa situação em que a reversão de direitos conquistados numa luta que tem mais de 100 anos e que, em Portugal muitos deles apenas se concretizaram depois do 25 de Abril, a Greve Geral de dia 30 de Maio representa a disposição dos trabalhadores de lutar por esses direitos e por cobro às situações de percaridade que cada vez mais dominam o mundo do trabalho.

Não nos poderemos queixar no futuro de apenas encontrar trabalhos temporários, remunerados abaixo do seu real valor, dando menos tempo para acompanhamento familiar, e de não sermos aumentados, não vermos reconhecido o nosso trabalho ou sermos mesmo despedidos por arbítrio dos patrões ou superiores hierarquícos, se nada fizermos para impedir essas situações.

A recuperação económica do país, de que tanto se fala, não pode ser à custa do fim dos poucos direitos do trabalhador, reforçando grandemente os poderes do patronato e os seus ganhos económicos.

É hoje por demais evidente que, mesmo na economia capitalista em que vivemos, não é possível relançar a economia sem relançar o consumo, e este não é possível de relançar percarizando as relações laborais. E este pensamento ainda assim está muito longe do que deveria ser uma verdadeira política de justiça social.

É muito fácil manter o descontentamento calado, se se fizer depender o acesso ao salário do comportamento obediente e conformado do trabalhador face às injustiças que todos os dias lhes são feitas, especialmente se este estiver manietado pela dependência da sua vida e bem estar ao sistema financeiro, aliás grande beneficiário das condições de pobreza e percaridade do nosso país e do nosso povo.

Em breve teremos uma população tão miserável e emporecida que nada mais terá a perder. Nada mostra melhor a realidade desta situação do que a recente invasão de uma dependência de uma entidade bancária por um cidadão que tentava impedir a venda da sua casa (sabe-se lá já quantas vezes teria pago ao Banco o real valor do imóvel). Mas até lá e impedindo que isso aconteça e que proliferem situações de desespero e salve-se quem puder é necessário lutar.

É necessário demonstrar, muito claramente, que os direitos conquistados com sangue e sofrimento, direitos esses que garantiram uma vida melhor a todos os cidadãos, direitos esses consagrados na Constituição de 1976, Direitos esses que impedem que poucos detanham a vasta maioria da riqueza do país, enquanto a maioria empobrece, se endivida, e vê cada vez mais afastadas as possibilidades de acesso à habitação, eduçação, saúde e cultura.

Não podemos deixar de cerrar fileiras todos os trabalhadores, quer sejam do sector do estado, dos transportes, banca e serviços, quer sejam efectivos ou com contratos percários, recibos verdes, avençados, estagiários, quer se encontrem na agricultura, na industria ou no sector terciário. Temos a obrigação de defender os direitos pelos quais lutaram os nossos avós, que garantiram os nossos pais, e que se não lutarmos hoje de novo não deixaremos aos nossos filhos e netos.

São fruto desses direitos o Ensino, que se tenta que deixe cada vez mais de ser gratuíto; A Saúde, com os encerramentos meramente economicistas de centros de cuidados médicos, materno-infantis, e com a vegonhosa criação das taxas moderadoras hoje extensíveis aos internados.

As leis do Código de trabalho, que o Partido Socialista, enquanto oposição, prometeu rever e, mal se viu no governo implementou e aprofundou nos seus aspectos mais odiosos e injustos, têm de ser tenazmente combatidas, evitando que afectem inclusive o direito de opinião e actividade sindical e política dos trabalhadores.

Só unidos poderemos rejeitar esta política, que em nada serve os interesses das nossas populações em gral e os trabalhadores em particular. Só com expressívos números poderemos fazer recuar esta ofensiva, que é não só contra os trabalhadores, mas contra todo o povo português.

Vamos fazer da Greve Geral uma enorme demonstração de empenho e luta. Vamos fazer uma imensa Greve Geral.

ver: viva-greve

2 comentários:

Miguel Augusto disse...

será que me podem esclarecer se os trabalhadores vinculados por avença (recibos verdes) têm direito à greve?? na autarquia onde trabalho não me souberam dar essa informação..

Carlos Moura disse...

Um trabalhador com vinculo de recibo verde não é considerado por conta de outrém, pelo que não estaria à partida abrangido pelo pré-aviso de Greve. Mas, por outro lado, sendo considerado uma empresa, e sendo trabalhador perante essa empresa, pode alegar esse facto para que a sua empresa não preste o serviço exigido, pela adesão à Greve,(neste caso de 100%) dos seus trabalhadores.