quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

"A mentira como escudo"

"O PCP hipotecou completamente a hipótese de haver um partido verde, que viesse da sociedade civil e da social- -democracia, com aquela fraude que é o Partido Ecologista “Os Verdes”"
Luísa Schmidt in A Visão

Nunca, mas mesmo nunca, digitei uma linha para falar de uma pessoa em particular, pelo menos fora das funções que exerce. Hoje porém a indignação foi tão grande, que não me consegui conter. Deixar-se mover pelas suas opiniões políticas ao ponto de chamar fraude a quem consigo não concorda, passa todas as raias do aceitável.
Que do ambientalismo não consiga vislumbrar mais do que o seu tapa olhos permite, é um problema dela... Que não entenda que outros tenham visões e opiniões bem mais abrangentes, que relacionam o ambiente com a questão social, ao ponto de fazer uma acusação falaciosa  - cuja tentativa foi feita muitas vezes, mas nunca foi sequer consubstanciada e muito menos provada - é já a tentativa soez de difamar PCP, PEV, bem como os seus dirigentes.
A Senhora Luísa Schmidt não sabe o que é o PEV, nem a sua origem, nem a sua história, e desconhece a natureza do seu laço com o PCP, ou faz por desconhecer. A Senhora Luísa Schmidt não conhece a organização do PCP, nem tampouco se deu ao trabalho de conhecer, antes de afirmar, rasteiramente, aproveitando os preconceitos que muitos procuram alimentar contra os comunistas e tendo-se habituado a falar de cátedra sobre "tudo e mais um par de botas" e ser escutada, lançar os habituais anátemas quer sobre comunistas, quer sobre quem deles se aproxima.
Faço parte do movimento ambientalista há muitos anos, não presto vassalagem à Senhora, nem a ninguém dentro do movimento. Não faço parte dos que a consideram uma vaca sagrada, nem ela nem ninguém dentro deste movimento. Nunca fiz parte do Partido Ecologista "os Verdes", mas tenho neste muitos amigos neste partido e conheço bem a seriedade da sua actuação - de outras figuras não sei se poderei dizer o mesmo. Sou militante do PCP, como fui da JCP, e conheço bem o debate sopesado dentro deste partido em relação às questões do ambiente, sempre com a cautela necessária para verificar o que de facto eram questões ligadas à defesa do ambiente e recursos e a mera manipulação de sentimentos ou percepções a fim de facilitar a apropriação pelas classes possidentes.
Nunca os principios de um e outro partido se confundiram. Nunca as organizações destes se confundiram. E, em momento algum foram subservientes ou vassalas um do outro, o que, em bom rigor, é dizer mais do que muitas organizações ambientalistas em relação a determinados partidos.
Se os dois partidos encontraram, há muito, um entendimento eleitoral confortável numa coligação, foi porque este entendimento permitia convergências de acção que nunca puseram em causa a autonomia das respectivas organizações. Donde a Senhora Luísa Schmidt não sabe do que está a falar e melhor faria, na sua qualidade de investigadora, ir procurar primeiro antes de fazer afirmações gratuitas.


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