Já houve quem fizesse o paralelo com Afonso XIII em 1931 mas, apesar do straperlo, não creio que Afonso tivesse grandes motivos de receio do sistema judicial a menos que se procedesse a um julgamento político - que podia ocorrer - que não era de grande probabilidade.
Já houve muitos reis em fuga diante da turba por várias razões, e por vezes até reis que hoje ninguém se lembra que o fizeram, nomeadamente da tão incensada monarquia britânica diante do levantamento jacobita. Porém a família Bourbon parece especialmente apetente para fugas atabalhoadas para evitar enfrentar a multidão.
Com o mar de escândalos financeiros que abalam a impoluta coroa espanhola, que só o era por impossibilidade de se fiscalizar as actividades criminais do rei - uma espécie de criminoso autorizado - a sua abdicação foi pior que o soneto, pois que ao deixar de ser intocável todo o podre veio ao de cima, e podia ter permanecido intocável toda a vida.
Assim deixou a uma personagem, aparentemente mais limpa, cargo e agora país. Mas há uma coisa que não pôde evitar, que o nome de Filipe aparecesse em origem, co-gestão e beneficiário de umas fundações de objecto duvidoso e que eram criadas e desapareciam ao sabor de lucrativas transacções.
É claro que não pode investigado o papel do presente rei em toda esta mixórdia, e se nunca abdicar, ou se não for sensatamente abolida a instituição que tal permite, a extensão do seu conhecimento e participação poderá só vir a ser conhecido muito depois de ser já pó, mas que se percebe que sabia disso nenhuma dúvida resta.
Com o seu momento Varennes, este Bórbon (só muda a grafia), pensou ter salvo a sua cabeça (no sentido figurado) e a coroa. Cabe aos povos de Espanha mostrar que assim não é, que se exigem respostas e que sejam todas as respostas. E que não possa hver gente acima da lei por mais que deus lhes tenha concedido graças.
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