domingo, 18 de março de 2012

O fascismo como reduto seguro do capital.









Durante quase todos os anos oitenta e durante boa parte dos anos 90 do século XX era usual, senão mesmo compulsório, dizer-se que a Democracia estava intimamente ligada com os valores de liberdade de escolha e igualarem-se estes à chamada livre escolha, leia-se iniciativa, e à existência do mercado, essa sacrossanta entidade cuja mão reguladora permitia que a riqueza fluísse qual cascata até toda a sociedade, uma vez acumulada nas mãos de uma pequena classe possidente.
A realidade muito rapidamente veio demonstrar que não só o mercado nada regula como a riqueza que se acumula no topo da pirâmide social não flui para lado nenhum, apenas gera maiores desigualdades e contradições dentro das sociedades.
Se dúvidas havia quanto à reprodução das desigualdades e das desvantagens sociais por via dos processos educativos e dos cuidados de saúde, com ênfase nos materno-infantis, os estudos levados a cabo no Reino Unido e cujos resultados se conhecem agora, dissiparam-nas completamente mostrando de forma meridiana que a ideia de que o capitalismo promove a mobilidade social dos indivíduos é completamente falsa, e que a vastíssima probabilidade é, que no modelo actual, quem nasce pobre e desfavorecido veja a sua situação agravar-se a ultrapassar a barreira da sua própria geração.
Historicamente, para objectar a que fossem postas em causa as premissas da dominação capitalista (e que foram retomadas no final do século passado com o desaparecimento do Bloco Socialista) o capital promoveu tanto ao nível de apoio económico como ao nível mediático, os fenómenos fascistas, nas suas várias matizes do conservadorismo social-católico, de Salazar ou Pétain, aos modelos de Mussolini ou mesmo o nazismo hitleriano.
Num momento em que a crise do sistema alastra, e em que a espoliação das populações atinge o seu paroxismo, a partir do qual qualquer nova tentativa de esbulho se irá deparar com fenómenos de resistência, mais ou menos organizada, que podem variar entre fenómenos revolucionários até à violência desesperada, com diferentes matizados entre si. O capital procura desviar as atenções, através de respostas “fáceis” e que não exigirão reflexões aturadas e devidamente respaldadas do pondo de vista teórico, promovendo a ascensão e preponderância da extrema-direita. Assim vem sendo na Grécia, onde o LAOS integrou, primeiro o governo, permitindo-lhe granjear respeitabilidade, votando contra novas medidas de austeridade depois, por forma a ganhar a simpatia de grandes camadas da população. O mesmo em França, onde a candidatura da Front National não se coíbe sequer de utilizar um discurso plagiado à esquerda. Ou mesmo a Itália onde a destruição das bases da esquerda e o desnorte ideológico abrem caminho ao apoio à direita de Fini e Bossi.
Assim é fácil verificar que dois factores concorrem para a ascensão destas forças: 1 – O desinvestimento na educação e na saúde; 2 – A promoção mediática e económica de pretensas respostas “fáceis” e imediatas.
Como ser empenhado na Democracia e Educação, enquanto fenómenos de libertação e promoção da dignidade humana, aqui estarei para juntar-me aos demais no seu combate.

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