domingo, 31 de maio de 2009

O burro e a verdade



Não sou de ligar a opiniões de colunistas. Normalmente já sei ao que vêm e em raríssimos casos me dou ao trabalho de comentar este tipo de opinião. Porém no sábado ao ler o jornal do meu hábito, encontrei uma coluna de conhecida autora que perorava sobre as condições de trabalho na actualidade. Ou assim parecia...
Na realidade que tivesse lido esta coluna rapidamente percebia que o que incomodava a autora era a presença de mais de 85.000 pessoas na marcha da CDU. Ela que durante tanto tempo labutou denonadamente para cravar no PCP o epítoto de "neo-estalinista", seja lá o qu isso for, denegrindo propostas, apoucando acontecimentos, distorcendo posições, era agora confrontada com a adesão das pessoas a essas propostas? Ela que pelo trabalho procurou fazer crer que a política não tinha de ser feita com as massas, mas com grupelhos diletantes com propostas desgarradas, incoerentes, pseudo-modernas e pseudo-de-esquerda, mas com muita saída nas rádios e nos jornais, via agora surgirem 85.000 pessoas em apoio de projectos e políticas coerêntes, honestamente trabalhadas com afinco, com conhecimento de causa e de uma forma consistente e competente, mas que ela por certo abjura? Tal não encaixava no seu entendimento. E como não encaixava rapidamente concluiu que essas pessoas não estavam em apoio à CDU, nem sequer alguma vez lá tinham votado, estava quem sabe apenas "para ver as vistas".
Para colunista esta atitude revela uma incapacidade imensa, porque para opinar é necessário observar, analisar, dissecar a realidade, mesmo que não se concorde e se queira mudar. Porém como teria de reconhecer o falhanço do seu próprio propósito a autora perfere fazer como burro com anteparas nos olhos. Só que esse tem a desculpa que lhas puseram...e ela terá?

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Vou opinar

Neste momento está em discussão a questão do Projecto de requalificação do Terreiro do Paço, na Câmara Municipal de Lisboa. Como também tenho uma opinião convicta sobre a questão, vou aproveitar o blog para debitar parcialmente as respostas a uma entrevista que me foi feita por um conhecido semanário da nossa praça, e que nunca foi impressa. Espero não estar a cometer nenhuma indelicadeza para com a jornalista, não vá dar-se o caso de a publicar depois...mas são coisas da vida.



Qual é a sua opinião sobre o que é proposto?

O projecto que é apresentado é, na minha opinião, um projecto muito interessante que seria uma mais valia para uma Praça destas dimensões. Porém não uma Praça que transporta consigo toda uma história e filosofia de existência que não se compagina com soluções de visão "modernizadora".
Quando é construída, ainda o Barroco não entrou em decadência, esta Praça, para a qual se destina o Comércio e a Administração, é um simbolo do poder régio. Não é por acaso que sendo a principal entrada na Cidade, e á necessário lembrar que a via marítima era o acesso mais rápido para quem se deslocava no litoral, ou vindo do estrangeiro, se faz sob a imensa estátua de D. José, voltada a sul, e por isso sempre reflectindo a luz do Sol. O Rei, portanto como figura impressiva da praça.
Esta estátua não se encontra no exacto centro, mas o suficientemente descentrada para que de qualquer ângulo se crie a ilusão de enormidade e magnificiência. O proprio declive da Praça, mas baixo em todas as bordas, servia não só para a drenagem das águas mas para aumentar essa ilusão de enormidade. Só se está ao nível do pedestal, quando se está exactamente por baixo do Rei.
Assim quaisquer soluções que cortem com a disposição, o desenho próprio do barroco, ou a leitura da praça, tal como idealizada, não serão as soluções de melhor filosofia, não obstante a sua beleza plástica.
A ideia da utilização desta Praça é algo sempre complicado de gerir, porque é sempre uma adaptação das suas funções originais, o que não quer dizer que não se faça. Logo á partida esta situação debate-se no entanto com a insolarização. Qualquer solução para este problema além de ter que respeitar a arquitectura da Praça terá de ser uma solução cabal até para os equipamentos que lá se pretendam colocar. As soluções apontadas, uma espécie de toldos amoviveis, são discutiveis e poderiam ser estas ou qualquer outras, até porque ao longo da história outras soluções foram encontradas e inclusive a praça do comércio teve árvores até um passado relativamente recente. Donde é opção que poderia ser equacionada.
Ao nível de piso a questão é mais complexa, não só o losango nada tem a ver com o Barroco, como significa um corte absoluto com o padrão das ruas da cidade, desde os meados do século XIX. É verdade que Lisboa não tem de ser toda em calçada portuguesa, mas também é verdade que estamos numa zona histórica que tem um contínuo até à Praça do Restauradores e Av. da Liberdade. Além disso, pese embora seja questionável que os motivos da calçada que lá se introduziu liguem bem com o desenho da Praça, estes integram-se no que de melhor foi feito em termos de calçada portuguesa, tendo, pelo menos antes da intervenção, pequenos desenhos identificativos dos artesãos designados assinaturas, que têm de ser preservados.
Donde, sem retirar mérito à proposta feita, penso que esta deveria ter sido mais condicente com o peso histórico e de representação deste espaço.

Que intervenção seria desejável que fosse feita naquela praça?

Sou de opinião que não só só hoteis, esplanadas, turismo e eventos que dão vida aos espaços. As funções existentes, que os criaram e para as quais foram criados, são a essência dos espaços. A Praça do Comércio é Praça do Poder, para além de espaço cénico desse próprio poder. Donde a permanência de serviços da administração do estado, com os seus funcionários, e os serviços que apoiam esse funcionalismo, restaurantes, cafés, papelarias, livrarias, correios, etc. são essenciais para a manutenção da vida do espaço.
A sazonalidade dos hoteis, a incapacidade de manutenção de uma clientela fidelizada, provocada pela alta rotação do turismo, não me parecem à partida formas de garantir a apropriação deste espaço público pela população da cidade.
A recuperação do espaço, independentemente das opções estéticas e arquitectónicas, só pode dar-se pelo uso eficaz e efectivo desse espaço, logo qualquer intervenção desejável teria de passar pela manutenção do seu uso pristino.


O Terreiro do Paço sofreu várias intervenções ao longo do tempo. Esta intervenção agora anunciada justifica-se e faz falta?

Claro que faz falta. Esse ponto reúne, presumo, unanimidade. E desde que sejam adequados novos usos e novas existências, aos usos pré-existentes, respeitadas as intenções dos criadores, e fundo histórico desta Praça, é óbvio que há lugar a novas intervenções. A história é um fenómeno que se movimenta, não para e uma Cidade cujo território não acompanha os processos históricos está anquilosada e logo moribunda, só que isto não significa alterar radicalmente os espaços.


No seu entender, seria desejável que o arquitecto fosse escolhido por concurso público e o projecto sujeito a discussão pública?

quando se trata de renovação de um espaço público urbano, da dimensão e importância da Praça do Comércio, a questão da definição de um caderno de encargos para um concurso público é sempre um tema melindroso. O que não impede que tivesse sido realizado um concurso de ideias aberto a várias equipas. A imposição de uma só leitura e visão é sempre redutora, especialmente quando estão em apreciação questões que mexem com a memória histórica e arquitectónica da cidade.
Quanto à consulta pública é por demais óbvio que deveria ter sido equacionada, e já deveria ter sido posta em prática. As opções de cidade não podem ser feitas nos gabinetes e atliers, não estamos no despotismo esclarecido, daí que a participação dos cidadãos na discussão e decisão destas opções é fundamental.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Tanto para dizer

in Jornal do STAL

Das coisas as que vão passando, no país e fora dele, tanto haveria para dizer. Li nm jornal elogios ao sistema britânico sobre os casos dos usos dos dinheiros públicos. Ambos fazendo referência a que foram descobertos raças à fiscalização pública das contas, mas esquecendo de dizer que ao fim de uns 400 anos o que é estranho é não serem fisalizadas à mais tempo no âmbito do domínio público. 400 anos é tempo mais do que suficiente para fortunas serem feitas e desfeitas, que tenham sido compradas ou edificadas casas, jardins ou a comida dos animaizinhos, que twnham sido trocadas milhares de lampadas, queimadores de gás ou simplesmente velas. Não, o que este caso mostrou é que a corrupção, contráriamente ao que nos queriam fazer crer, não é endémica aos países do sul, nem a ética protestante está imune a ela. O que nos mostrou é que onde quer que haja poder e privilégio aí está uma porta de entrada para a corrupção, quer para a manutenção, quer para o acesso a esse poder e priviléio, que vêm associado à posse, não de terra como no feudalismo mas de capital. A austeridade de modos associada à ética protestante apenas tornava essa corrupção menos visível. Donde não é o parlamentarismo e a democracia representativa, onde o representante aje como se fosse o poder e não apenas o fiel depositário de um poder de soberania popular (e no caso das monarquias nem isso).
quem faz a defesa desta situação apontando virtudes que o sistema não tem sabe que está a esquecer estes dados e sabe que não é inocentemente que o faz, mas com intuito de disfarçar a situação e de dizer que se seguirmos este modelo teremos controlo sobre os gastos de deputados e ministros. Agora! depois de 400 anos. O que sinifica que os outros Parlamentos inda vão ter muito e bom tempo de impunidade. Pergunto-me o que teria acontecido se o escrutínio popular tivesse chegado às contas no século XIX ou na primeira metade do 20? Quantos sólidos gigantes do parlamentarismo britânico não se teriam estatelado no chão.
A democracia no País Basco continua. Uma das listas concorrentes ao Parlamento Europeu foi afastada por ter principios independentistas. Estranha democracia esta m que só se podem ter ideias gratas ao governo do Estado. Foi com estas manipulações que colocaram no governo Basco quem quiseram, à revelia da vontade dos cidadãos e é assim também que pretendem impor a sua vontade. Asssim e aliando-se à direita mais revanchista e franquista corporizada pelo PP. Largo Caballero teria seguramente vergonha destes socialistas.
Por isso a luta na UE não é so por questões de dinheiros, nem mesmo só pelas directivas, ainda que estas tenham uma importância fundamental, é por uma ideia de liberdade e de capacidade de intervenção dos povos na política; É contra sistemas que geram e gerem a corrupção com vista à eternização do status quo; É por uma Europa em que as escolhas dos povos sejam efectivamente e nõ apenas formalmente respeitadas e que democracia signifique de facto a vontade do povo; É para que não se trapacem eleições aplicando interdições que tem tanto de injustas como de potencial de violência futura.
Asim são necessárias respostas realmente de esquerda que imponham limites aos serventuários do regime. As urnas não são a revolução, mas o caminho desta pode também passar por aí. Não as desprezemos.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Palavras não eram ditas!

Como sempre que uma crónica minha não é públicada no REGISTO, transponho-a para aqui, para poder compartilhá-la com o público. Não significa isto qualquer reparo aos responsáveis do jornal, apenas a explicação sobre a introdução de um texto que, em principio não teria este destino.
Este texto só pode ser inteiramente compreendido, se forem lidos os meus textos anteriores neste jornal, pelo que recomendo vivamente que o façam.

Imagem: Repressão do movimento cartista após a derrota da Carta no Parlamento Britânico

Diz um provérbio antigo: “Falai no mal, aprontai o pau”. Com efeito, palavras não eram ditas sobre o sistema parlamentar e eis que este aparece maculado, na sua expressão primordial que é o parlamento de Westminster.
O primado do parlamentar, leia-se político profissional, desgarrado das realidades sociais e laborais, pago principescamente, e com acesso a todas as regalias e privilégios que há muito se acordou relevarem do assento ocupado, conduziu, como conduziria inevitavelmente, à noção que do acto público se pode fazer uma carreira, em lugar de um serviço prestado às populações e, particularmente, aos eleitores. É certo que o caso britânico vem comparativamente agravado por um sistema que, ao ser uninominal, construiu ao longo do tempo lugares que se tornam pequenos feudos durante tempo indeterminado, porém serve de espelho onde outros parlamentares se deveriam mirar pela similitude de atitudes.
A situação tornou-se de tal maneira explosiva que há casa apedrejadas e pela primeira vez desde o tempo de Cromwell, dois membros da Câmara dos Lordes foram já suspensos.
A ideia que alguém que cumpre uma actividade cívica deva ser remunerado por ela pode não estar de todo errada, mas essa remuneração deve ser tão somente a necessária para que não perca socialmente com o seu préstimo cívico e não uma forma de fomentar e estimular uma carreira que em boa verdade não existe.
Uma pessoa que dedique a sua vida inteira ao serviço da comunidade deve ser valorizada por isso mesmo, pela sua dedicação às populações e não como alguém que ao fim de uns tempos de político 9 às 17, se reforma, que entretanto teve ajudas de instalação, de gastos e outras mordomias, mais ou menos legais. O corolário disso é, como se viu agora no Reino Unido, o pagamento de hipotecas, de jardins, de instalações eléctricas ou até de pequenos gastos pessoais, ou aqui no nosso país com viagens fantasmas e trocas de bilhetes, admitindo que se ficou por aqui.
Quem assim agiu não é, podemos admitir na maioria dos casos, uma pessoa fundamentalmente mal intencionada, nem eu consideraria mal intencionado alguém que gasta ao Estado 87 cêntimos em duas latas de comida para cão, é uma pessoa que está de tal maneira entranhada num sistema que não é da sua responsabilidade que é incapaz de ver o seu grau de injustiça e iniquidade social.
A Democracia Ateniense, com todos os defeitos que tinha, acabou porque o valor da transacção sobrepôs-se ao dever cívico. Os parlamentos anteriores às reformas burguesas estavam indissociavelmente ligados a quem tinha dinheiro para se dar ao luxo de prosseguir vidas públicas. Os actuais, por não terem sabido ou querido evitar a profissionalização da política, criaram uma casta de governantes que em nada ou muito pouco se identificam com os governados, que enveredam pela vida pública sem noção de serviço público e que, concomitantemente usam e abusam do Estado em proveito próprio e das suas clientelas. O Parlamentarismo está definitivamente doente, mais do provavelmente porque está há muito anquilosado. A verdade é que o Povo soberano já não se compagina inteiramente com a representação. Pode o Povo governar mais directamente? Pode, mas o quadro institucional tem de ser profundamente alterado.

domingo, 17 de maio de 2009

Quem falará amanhã?



Desde que o sistema que deriva o seu nome na acumulação de capitais impera não tem sido estranho que quem obtem os dividendos são normalmente aqueles que menos são incomodados com os custos quer sociais quer ambientais das questões. Li recentemente que as populações das Ilhas Carteret já se encontram em processo de tranferência da suas casas para as Bougainville ,a oitenta quilómetros, a fim de escapar com vida à inexorável tragédia do desaparecimento da sua terra devido ao aquecimento global e consequente aumento do nível do mar.
Isto poderia ser a consequência das suas actividades industriais e estílo de vida. Poderia, não fosse dár-se o caso desta população não ter industia, luz, televisão e portanto ter uma baixíssima pegada ecológica. Donde estão a pagar os custos da poluição que alguém causa sem receberem desses responsáveis qualquer reparação. Reparação essa que pode ser equiparada às que deveriam ter lugar com a destruição de áreas de países menos desenvolvidos, ou às que se deveriam a todos os trabalhadores pelos bens produzidos ou quando são pura e simplesmente descartados face a menosres custos de produção.
Todas estas três situações são de facto idênticas pelo que resultam da apropriação de capital, pelos chamados investidores, e a perda desse mesmo valor quer do ponto de vista social como ambiental. Dizem e numa primeira análise poderia parecer realidade, que quer trabalhadores, quer populações têm assim, graças ao investimento de capital, acesso a bens e serviços que de outra forma não poderiam custear ou sequer usufruir. Porém muito raramente quer trabalhadores quer populações usufruem destas situações e num outro quadro poderiam usufruir mesmo destas de uma forma bem mais justa, recebendo a sua situação cuidados especiais tendo em conta que perdem completamente não só terra, e meio de subsistência, mas também a sua herança cultural.
Não quer isto dizer que numa sociedade socialista esta situação não teria tido lugar, todos temos na memória os casos célebres do Mar de Azov ou de Tchernobil, já para não referir situações extremas na RDA. Mas isso deve-se em grande medida a uma leitura produtivista da realidade e a tentativas de obter ganhos palpáveis na corrida com o ocidente, esquecendo que o Socialismo, para o ser de facto, tem de responder às questões de incorporação de mais valia no produto final que, não se reflectindo no trabalho, reflecte-se na degradação do meio e portanto também directamente nas populações, no seu conforto e qualidade de vida e na própria saúde pública, de onde a externalidade assim criada virá reflectir-se de novo no sistema ecomíco.
A grande diferença é: Sendo o Estado recai sobre toda a população, porquanto a riqueza do Estado é a percentaem da riqueza produzida por cada um que é posta a uso colectivo; No caso da economia Capitalista embora possa acabar recaindo sobre o todo através dos impostos, na maior parte dos casos acaba recaindo sobre os afectados directamente, aqui chamados de Utilizadores. Neste caso a apropriação por parte do poluidor é muito real, pois é ele que é o proprietário dos meios de transformação e que na ânsia de realizar capital, que é o seu objectivo primordial, o tem de vender o mais rápido possível.
As necessárias mudanças a nível mundial, sob pena de prosseguirmos uma senda de destruição, terá de ser uma mudança a nível de estrutura económica ou seja a substituição do paradigma do Dinheiro (Capital) para o paradigma do conjunto Humano (Social), pese embora não esteja garantida a solução imediata, só assim se poderá garantir condições para a desejada solução

sábado, 9 de maio de 2009

Os apagados



Vi num folheto que me foi distribuido que, no certame Doc_Europa, iria passar um filme de origem eslovena, de nome Rubbed Out. Esta película retrata a situação de 18.000 cidadãos (200 a 300 mil segundo o Observatório de Helsinquia) que por serem jugoslavos, mas não eslovenos, foram apagados de todos os registos à altura da separação da Eslovénia da Federação Jugoslava.

Ésta situação, claramente atentatória dos direitos humanos, passou e passa completamente desapercebida numa Europa que tantas loas democráticas tece a este estado.

A verdade é que a desagregação da Jugoslávia nada teve a ver com os interesses e desejos dos povos que a compunham, mas de interesses exteriores que mesclavam o seu ódio ao socialismo, mesmo na sua versão titista, com os ressaibiamentos da segunda guerra, lembrando que a Jugoslávia foi o único país que se libertou a partir do interior.

Rios de tinta e de ondas hertzianas foram gastos a falar da guerra cívil, primeiro nesta mesma Eslovénia, depois na Croácia, e finalmente na Bósnia-Herzegóvina, quando afinal se tratava apenas de procurar manter a unidade Jugoslava. Horas foram entregues a fazer da população do Kosovo mártir, quando ao fim e ao cabo a maioria albanesa que aí habita é mesmo isso: Albanesa. Vindos não assim há tanto tempo da vizinha Albania para dentro das fronteiras da Jugoslávia. Mas estas situações, de gente apagada como se nunca houvera existido. Esta inconveniência para uma cúpula europeia, que se diz extremamente empenhada nos direitos humanos, mas convenientemente só os dos outros, ficou silênciada e desconhecida, passando agora para a curiosidade documental.

Bom será que os olhos se abram e as bocas não se calem pondo a nú a hipocrisia de governos, dirigentes, e meios de comunicação ao seu serviço, e que despertem as conciências dos povos para que de uma vez por todas se livrem destes empecilhos para a paz, a solidariedade, a fraternidade e aliberdade dos povos, contruindo um mundo diferente.

O anarquista Durruti disse que transportamos um mundo novo dentro do nosso coração e que este mundo cresce a cada momento que passa. Diferindo deste sobre a forma de lá chegar, tenho esperança que este mundo novo faça justiça a todos os apagados da História.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Toda a Humanidade



Amanhã é dia 8 de Maio, com ele 64 anos do fim da II Guerra Mundial. Esta foi um dos mais terríveis conflitos da História. Aqui degladiaram-se a destruição de todo o senso de humanidade e um conjunto de identidade minima de valores morais, representada por aliados tão diversos como o Reino Unido e suas colónias, a França, os Estados Unidos e a União Soviética.
O terror, porque de terror se tratou, Nazi-Fascista intentava um mundo de Senhores e Escravos, no sentido literal do termo, com profundas alterações sociais, mas de alterações baseadas nos genes, na lingua, ou na perfeição física (de ditames claros e baseados no ideário de um passado glorioso de hérois guerreiros - e isto é tão válido para a Alemanha de Hitler, como para a Itália de Mussolini ou o Japão). Esta visão profundamente redutora e segregacionaista havia mostrado todo o seu desdém pela humanidade na Guerra Cívil de Espanha, na Abissínia e Etiópia, na China e continuaria a demonstrá-la profusamente procurando eliminar Judeus, Ciganos, Eslavos, todos aqueles que não acatassem os seus ditames políticos e sociais, como os Comunistas, os refugiados republicanos Espanhois, os Dirigentes Sindicais, e todos os que não encaixassem na nova ordem como os Homossexuais e até os Loucos.
Foi contra esta selvajaria que se ergueram milhões de homens e mulheres, foi contra esta suma opressão que os cidadãos se prestaram a morrer, para que não fosse este o futuro da Humanidade.
O Capital porém desde cedo defendeu, protegeu, estimulou financeiramente estes regimes. Bancos e outros negócios, lucraram vastamente com o trabalho não remunerado e sem direitos. Não se pense que foram só empresas Alemãs. Companhias Americanissímas como a IBM, como a Ford, estveram envolvidas com o nazi-Fascismo desde início e algumas mantiveram as suas operações em solo alemão durante a Guerra.
Já antes o haviam feito em Espanha, em França, e nenhuma impressão lhes teria feito puderem continuar a usufruir de mão de obra escrava.
Várias dezenas de Milhões morreram vítimas destes regimes, muitas centenas mais sofreram terríveis privações e provações que haviam de marcar para sempre demografias e dinamicas de países inteiros.
Todos os que travaram o passo a este terror salvaram a Humanidade Inteira, cada um deles, cada um dos sobreviventes salvou e foi salvo por outro semelhante, ligando a humanidade com laços de fraternidade que um dis terão os seus frutos. Assim possa a humanidade encontrar os caminhos de uma existência mais justa e digna, solidária e fraterna, cooperante e de partilha de recursos. Só o fim da exploração é isso, só o Socialismo é toda a Humanidade.
Honremos os Mortos.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Perfídia? ou simples mentira?



Muito se tem falado pelos últimos dias da "agressão" ao candidato do PS. Digo "agressão" porque na realidade o senhor saiu apenas borrifado por um pouco de água, e se agredido se sentiu deverá ser apenas no seu amor próprio dados os vitupérios que ouviu. O Candidato do PS ao deslocar-se ao desfile da CGTP, sabia, ou deveria de saber, que quem diz o que quer, e ele justificou e apoiou por diversas vezes o código laboral, o cercear dos direitos sindicais, a obediência obrigatória aos ditames do Governo, esquecendo agora que ia de visita aos mesmos que ofendeu, ou não.

Quando os Nazis quiseram voltar a populaça contra os Comunistas, acusaram-nos de incendiar o Reichstag. Acabou por se provar ser uma mentira, mas quando se soube já os Comunistas estavam ilegalizados e o nazi-fascismo caminhava impante para a desgraça que se sucedeu.

Mas o feito não ficou por aqui, na América McCartista, na Espanha franquista, no Chile de Pinochet, na Africa do Sul do Apartheid, os Comunistas foram sempre acusados de tudo e de mais alguma coisa.

O regime de Sócrates parece ter aprendido muito bem a lição, e de todas as contestações procura insinuar, ou mesmo dizer que são os Comunistas. Da maneira como a contestação grassa de norte a sul, o PCP tem de ter um resultado verdadeiramente histórico nas eleições. Oxalá sim.

O pequeno artigo a seguir foi publicado no Registo, é apenas uma visão sobre o tema.

O Boato. Ainda miúdo ouvi uma máxima, que nunca mais esqueci, que me pareceu e parece ainda provida do maior senso. Dizia essa máxima que o Boato é a arma da reacção, é preciso esmagar o Boato. Com efeito de boato têm feito carreira algumas das mais notórias personalidades portuguesas, a maior parte delas tidas até por não de direita, mas sistematicamente utilizando o boato como forma de se promoverem, especialmente quando pelos seus actos se encontram particularmente mal vistas pelo povo.
Estive, como aliás estou sempre, nas festividades do primeiro de Maio. Estive no desfile da CGTP, porque nunca poderia ter estado com pessoas que assinaram e avalizaram o Novo Código Laboral, que não só penaliza fortemente os trabalhadores como tem erros de palmatória que, se quem assinou não viu só pode dever-se à subserviência e seguidismo em relação ao poder que vêm à várias décadas demonstrando. Estive mas confesso que não vi a entrada em cena do candidato do PS, nem as cenas imediatamente seguintes. Só já a caminho de casa vim a saber da sarrafusca e já só em casa vim a assistir à indignação do PS contra a CGTP e pasme-se, o PCP.
Quando ouvi isto ainda fui levado a ver Vital Moreira a ser duramente fustigado à cartonada por um bando de militantes comunistas de cartão em punho, com a respectiva cota paga. Mas fiquei desiludido quando tudo o que a televisão me deixou ver foi um Vital em fuga, seguido de uns populares de cara rabicunda, mas nem um só cartão para amostra.
Tiraram, o candidato e o PS, a conclusão que mais se ajeitava para apresentar ao mundo mais uma “vítima” do Comunismo. Um dizendo que era por ser ex-comunista, os outros porque pensaram remendar assim os buracos de uma tolerância que não têm. Se a tivessem saberiam, mais do que perfeitamente, que na Almirante Reis não estão só militantes Comunistas e que quem quer que tivesse arreado no Vital poderia ser bloquista, socialista, ou mesmo sem qualquer “ista”. Tudo porque é perfeitamente natural que quem se vê no desemprego, na precariedade, ou atirado para a sobre-exploração ou a pobreza, tenha mais do que indignação e ressentimento em relação a quem apostolou, defendeu, e apadrinhou as leis que a ela levaram.
A ida do candidato do PS ao Primeiro de Maio da CGTP não foi, portanto, à partida inocente, foi provocatória, de quem esperava este desfecho e sabia perfeitamente a quem tentar lançar as culpas procurando uma vitimização a que não tem direito. Ao boato assim construído responderam logo a UGT e todos os partidos de direita, pois que todos lucram com a coisa, respondeu mais timidamente o Bloco, não se vá dar o caso de mais tarde tentarem com ele também, contudo não será por muito se gritar chuva, que ela caia de um céu radioso. É preciso esmagar o boato!