Fronte: Granma
“Morte (dirigindo-se à Vida fútil): Vês como falham os projectos fúteis que por vaidade disseste ter feito? Não têm base as grandezas inúteis, caem por si, só eu as aproveito.”
António Aleixo – Auto da Vida e da MorteQuando aqui há um ano atrás, já em recuperação, Fidel Castro escreveu um texto no órgão central do Partido Comunista Cubano,
“Granma”, criticando ferozmente ao ideia da produção de biocombustível a partir das culturas agrícolas, rapidamente um coro no Mundo Industrializado, incluindo muitos ambientalistas, se ergueu, reclamando desta tomada de posição, considerando-a atrasada, adversária de um desenvolvimento sustentável e ambientalmente sadio.
Rapidamente os adversários políticos, mas também inúmeras pessoas bem intencionadas, se posicionaram visando colocar Cuba, mas com ela também os comunistas, um pouco por todo o mundo, na posição de inimigos retrógrados do ambiente. Posições muitas vezes sustentadas em argumentos que tradicionalmente serviram para atirar sobre os países socialistas o ónus de defenderem um desenvolvimento produtivista, com índices de poluição muito elevados, e que mais uma vez serviram de arma de arremesso.
Em vez de atentarem nos avisos feitos sobre a ocupação dos solos, com culturas que não serviam para alimentar a população, em lugar de tomarem a devida nota sobre os riscos de provocar, através da especulação, a subida incomportável dos preços dos géneros de primeira necessidade, para a maioria da população, através do seu desvio para a produção de combustíveis, a grande maioria embarcou em rasgados elogios à postura dos países que se iniciaram nesse processo, saudando mesmo a Administração Norte-americana, pelo primeiro passo no sentindo do combate à produção de emissões de dióxido de carbono e da diminuição dos riscos de aquecimento global.
Durante algum tempo, quando a realidade do aumento de preços era mais que inegável, alguns tentaram atribuir essa aumento à melhoria da dieta dos Chineses e Indianos que, tendo passado a ingerir mais carne, provocariam pressão sobre o mercado das rações e das suas respectivas matérias primas.
Agora volvido mais de um ano, foi o próprio Banco Mundial (essa conhecida organização cripto-comunista) a responsabilizar a produção de biocombustíveis pelo aumento em 75% do preço dos produtos alimentares) (vide
“Biocombustíveis acusados de terem criado a crise alimentar” in Público 5/07/2008). Indicando inclusive os povos da China e da península hindustânica se encontram completamente inocentes do crime de provocar a fome a nível mundial. De facto representam apenas, e ainda segundo esta instituição que não é conhecida pelo apreço pelas opiniões dos comunistas, um aumento incipiente.
Perante estes dados caem os não só os argumentos mas também a máscara de muitos dos nossos “fazedores de opinião” e opinadores de serviço, que papagueariam contra os marxistas qualquer coisa, por mais exótica que fosse, apenas para negarem o valor da análise económica e até ambiental desta ferramenta de análise. Contudo depois de caírem falácias e aldrabices a validade da análise à luz das suas premissas subsiste.